Para cada ano a escola inventava um festival diferente. Esse ano era o festival do sorvete. Parecia até ironia do destino porque eu me sentia gelada por dentro.
Mesmo depois de toda a conversa com Bruno. Mesmo depois da tia Lilian conversar comigo, mesmo depois de tudo eu ainda me sentia culpada e aliviada de formas diferentes.
A única coisa que não tinha voltado ao normal era nossa vida sexual. Eu e Bruno não tínhamos mais aquele fogo, não que eu não o amasse, porque acho que o sentimento só cresceu com o tempo e todas as dificuldades.
Passamos a ter menos momentos em que rolava sexo mas, cada momento era especial. Muito especial. Pelo menos eram para mim. Eram nesses momentos que eu me sentia viva e uma parte de mim se aquecia de uma forma diferente.
Bruno e Wallace pareciam ter construído uma espécie de amizade. Conversavam bastante, os dois até fizeram a festa do meu irmão juntos.
Eu não tive oportunidade de agradecer ao Damon o que fez por mim. Todos os dias eu tentava uma forma de ficar sozinha com ele e agradecer. Nunca conseguia!
Com o fim do ano letivo as provas e o festival o clima na escola era de pura correria. Todos estavam sem tempo e apertados com algum trabalho. Minha esperança era ter algum trabalho que fizesse com Damon.
Até aconteceu de fazermos alguns trabalhos juntos, porém, como eram muitos trabalhos resolvemos dividir e cada um fazer sozinho o trabalho que escolheu. Se não fosse isso não teríamos conseguido.
Enquanto isso meu namorado parecia se afundar nos estudos muito mais do que eu. As provas para a faculdade começaram e ele fez pelo menos umas cinco provas para universidades diferentes.
O sonho nerd do meu namorado estava a cinco anos de se concretizar, os nossis sonhos seguiriam juntos depois que ele terminasse a faculdade, nos casariamos. Esses eram os planos, nossos planos para o futuro.
Eu estava feliz...
Como a psicóloga que tia Lilian me fez ir uma vez na semana havia dito com o tempo eu superaria essa história do bebê e minha vida voltaria ao normal. Apesar de odiar ter que ir ao psicólogo, tenho que admitir, foi bom frequentar um.
Lembro de ter brigado com Bruno por ter contado aos pais, depois briguei com tia Lilian por ter contado ao meu pai por último dei um ataque de rebeldia com meus tios e meu pai por quererem que fosse me tratar.
Como fui ignorante! É claro que depois de um tempo eu acabei pedindo desculpas aos adultos que se preocupavam comigo. Devia estar feliz e agradecida porque nenhum deles me julgou, todos disseram que não era minha culpa e tentaram me ajudar e me consolar
Exceto minha mãe que resolveu ignorar o assunto, não só o assunto, ela estava me ignorando. Tinha pelo menos uns quatro meses que eu não via ou falava com ela.
Uma colega da minha turma ficou grávida do namorado e os pais dela a apoiaram desde o início. É claro que como ela mesma disse deve ter sido difícil para os pais. Porque a vida dela e os planos e sonhos dos pais para a vida dela simplesmente tiveram que mudar.
Eu queria ter isso... Queria ter minha uma mãe por perto. Tudo bem que tia Lilian e o tio Cláudio foram como pais de verdade, eu estava muito mais tempo com eles do que com minha mãe. Mesmo assim os dias em que estive com ela no decorrer dos anos, foram suficientes para marcar a minha vida.
Enquanto terminava de destacar outra folha cheia de pequenos tíquetes para a venda de sorvetes eu olhava para a figura tensa do Wallace ao meu lado. Ele anda muito estranho. Até a forma como me olha está estranha.
_O que você tem? - perguntei a ele. Damon me olhou por um breve período de tempo e sorriu sem graça. Ele está me escondendo alguma coisa. - Pode me contar! - sorri. - Tem a ver com mulher? - tentei.
_Tem... - ele suspira - Descobri que estou apaixonado por uma garota... - ele responde sem me olhar.
_E porque está agindo como se fosse uma coisa ruim? Você não está sendo correspondido? - Talvez a garota pelo qual ele está tão apaixonado não corresponda, isso seria triste.
_ Eu não sei, as vezes parece que ela corresponde em outras ela parece que... - Damon suspira. - ela é meio confusa.
_Fala o que sente para a garota. Não adianta ficar aí sofrendo. Você tem que tentar. - sorrio tentando demonstrar ânimo.
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