Não vi Bruno entrar na escola e não tive qualquer sinal dele até a hora do recreio. Estava sentada no fim do corredor comendo uma coxinha e tomando uma coca quando ele chegou e se sentou ao meu lado.
_Eu contei para o meu pai. - Abri os olhos surpresa com a declaração dele e parei de mastigar, eu queria era cuspir tudo na cara dele.
Não precisava ser muito inteligente para saber o que ele tinha contado, e tudo? Isso quer dizer que tio Cláudio agora deve estar me julgando! Não quero nunca mais voltar para a casa dele! Caramba! Com que cara eu vou olhar para o meu tio agora? Não quero pensar o que vai acontecer!
_Fica tranquila Ana, meu pai disse que vai ajudar, mas temos que prometer que vamos falar com eles caso role algo a mais... Meu pai disse que não quer ser avô agora. - Bruno ri como se fosse piada!
Engulo com muita dificuldade o que estava na minha boca e tenho a leve impressão que não mastiguei direito! Dou alguns soquinhos no meu peito e bebo e da coca para ajudar a descer e me arrependo no minuto seguinte. A Coca-Cola parece ter rasgado meu esôfago.
_Não quero ter que olhar para o seu pai nunca mais! Estou morrendo de morrendo de vergonha!
_Vergonha!? Por que?
_Por que!? Qual é Bruno!? Você sabe que essa coisa entre gente é errado, somos quase irmãos!
_Não somos irmãos Ana, não tem nada de errado eu me apaixonar por você? A preocupação dos meus pais é só com você!
_Eu! Não sei porque...
_Talvez porque sua mãe simplesmente te deixa ser criada por outra família. Ela mal paga o colégio pra você? Não sei nem quando foi a última vez que ela te deu qualquer coisa! Você não tem ninguém para te aconselhar e não quer contar a minha mãe, logo está sem instrução nenhuma!
A declaração dele fez todo sentido, eu sei de tudo isso, então porque está doendo tanto? É como se tivesse levado um tapa na cara. Acho que Bruno percebeu, porque me abraçou assim que me olhou de novo.
_Desculpa... Eu não deveria falar assim você... Não pensei no que estava dizendo.
_Você não disse nenhuma mentira não é!? Isso. Faço um gesto apontando de mim para ele e depois voltando o dedo na minha direção. _Tem que acabar! Eu não posso me apaixonar por você! Eu te amo como meu irmão, não se beija um irmão, tá errado!
_Eu não sou seu irmão Ana! Qual é o seu problema? Se não me beijasse com certeza beijaria outro cara e minha se preocuparia do mesmo jeito!
_Não... Ela não se preocuparia! Respondo começando a ficar irritada.
_Por que não!? O tom de voz do Bruno mudou e ele está falando mais alto.
_PORQUE VOCÊ É FILHO DELA! Grito.
_E DAI? Meu amigo responde no mesmo tom e altura.
_SOMOS QUASE IRMÃOS SEU IDIOTA!!!!!! Acho que exagerei.
_NÃO SOMOS IRMÃOS PORRA!!! TEMOS PAIS E MÃES DIFERENTES! QUAL A PARTE DISSO VOCÊ NÃO ENTENDI?
Fico calada olhando para ela os olhos do Bruno, ele nunca gritou comigo, nunca falou desse jeito. A respiração acelerada dele denuncia o grau do seu nervosismo. Ouvimos o sinal, mas nenhum dos dois se move. Olho para os lábios dele e penso o quanto é bom beija-lo. Eu não deveria estar pensando nisso! Meu rosto cora e Bruno sorri de lado.
_Foda-se! Ele diz e puxa para um beijo.
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