Meu Senhor romance Capítulo 62

Arthur Albuquerque

Estou terminando de arrumar minha gravata no espelho de meu quarto.

Ainda estou puto, o castigo que dei a ela de manhã, não aplacou minha ira. Como eu imaginei, ela sentiu ciúmes. Numa relação bdsm 24/07, não pode haver insegurança. E o ciúme nada mais é do que insegurança.

Eu nunca vou trocar ela por outra submissa que esteja jogando, mesmo porque, não trairia meus irmãos. E eu só jogo com Bernardo e Paulo, porque confiamos um no outro de olhos fechados.

Há uma irmandade que nunca foi quebrada, há respeito e lealdade. Como ela pode imaginar, que eu me seduziria pela Sabrina?

Fomos criados neste mundo e sabemos que o nosso modo de vida, não é aceito por muitas pessoas. Por isso é importante termos uma rede de amigos.

Não frequento clubes de bdsm porqur acho impessoal, e porque não deixaria qualquer um encostar na minha menina. Sou possessivo demais para isso. Mais os jogos são importantes para mim! Por isso fizemos regras.

Os jogos são para entretenimento, da platéia e para nós, é a nossa forma de variar, de explorar nossa sexualidade, sem abrir mão de nossa individualidade como dominadores.  Eles nos fazem ampliar nossos horizontes... como diz o Paulo, é puramente didático. E se gozamos, tem muito mas a ver com reações  do corpo do que cumplicidade e parceria. Isso temos com nossa submissa.

Pelo menos conosco as coisas são assim. Mas não somos exemplos para ninguém, como também não é regra para todos.

Eu sou o primeiro dominador dela, então não pensem que eu não estou levando isso em conta, porque estou. O que ela fez, se fosse outra submissa, eu teria pedido a coleira. Eu preciso fazer ela entender, que o que ela fez foi grave! Mesmo tendo sido de forma inconsciente!

Nem ela havia notado que o que sentiu foi ciúmes.

Sei que Duda tem uma história diferente da minha.

Sei que ela não teve muitas pessoas para chamar de amigos ou quem pudesse confiar.

Sei que talvez por não ter tido isto na vida, ela tenha imaginado que eu poderia trair ela e meus amigos num jogo.

Sei que isso tem muito mais a ver com a sua história de vida do que outra coisa.

E sei que para fazer com que ela confie em mim e que acredite que não vou traí-la na primeira oportunidade, eu vou ter que ralar.

Mais saber disso, num jogo, foi doloroso para mim! Me fez perceber que ela tem mais muros  erguidos do que eu imaginava.

Eu estou envolvido, mais saber que ela não está a ponto de confiar em mim de olhos fechados, me deixa muito contrariado e chateado. Muito!

Eu sei que ela me quer... Mas lá no fundo ela ainda tem dúvidas, porque se não tivesse não teria agido daquela forma.  Ela não se entregou por inteiro, e eu quero ela por inteiro, se pretendo levar essa relação para outros níveis. Eu nunca quis essa entrega antes, nunca exigi isso de outra submissa . Mais dessa vez eu quero!

É... Eu confesso!  Estou pensando em levar essa relação, para outros níveis. Na verdade a cada dia que passa, eu tenho mais certeza disso. O que rola entre nós é único, e o tempo que passamos juntos é incrível. Então não pretendo mais lutar, mais para isso acontecer eu preciso ter certeza de que ela é toda minha, não apenas uma parte.

Olho para a tv e vejo ela terminando de se arrumar. Ela seguiu todas as tarefas que lhe dei, como se fossem cronometrada. Passou o dia triste e cabisbaixa. Ficou aos cuidados de Açucena.

Num final de semana, em pleno sábado, ficamos juntos o tempo todo.

Eu tenho o hábito de me afastar de minhas meninas quando elas me aborrecem. Isso costuma doer mais do que uma surra de chicote.

Como sempre estou presente, cuidando o tempo todo, com o tempo elas ficam dependentes desses cuidados. E quando me afasto, é dolorido! Sempre era apenas para elas... Dessa vez também foi pra mim. Passei a maior parte do tempo,   ansioso para que este dia acabasse.

Aí você pode me perguntar? Desta vez não sentiu pena em castigar ela? Muita...

Porque sei que foi tudo inconsciente. Foi impulsivo, foi algo que ela não teve como disfarçar.

Mas eu preciso ensinar a ela que não existe espaço em nosso relacionamento, para isso. E não existe outra forma de ensinar a ela no nosso modo de vida.

Hoje escolhi para ela vestir, um vestido verde bandeira, com decote profundo e alças presas no pescoço. Gosto de roupas negras, mais descobri que Duda combina muito mas com peças coloridas, do que escuras. Até isso ela mudou na minha vida!

O vestido deixa as costas nuas e a saia dele é até o joelho rodada. Scarpin pretos e meia calça. Separei um sobretudo preto para por em cima do vestido, pois a noites de São Paulo estão frias. Pedi para Açucena deixar seus cabelos soltos.

Vamos jantar com Paulo e Sabrina, e depois vamos vir para cá.

Vamos ver como ela se sai hoje... Ou me decepciona de vez, ou me deixa feliz, e isso só vai depender dela.

Saio do quarto e vou em direção ao quarto dela.

Abro a porta e vejo Açucena escovando seu cabelo.

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