Meu Senhor romance Capítulo 79

Eduarda Amorim

Chegamos do clube ainda agora, como sempre foi muito agradável. Enquanto eles passaram a manhã jogando tênis, nos ficamos fofocando.

E foi assim que descobri que Sabrina não está muito bem com Paulo. Na verdade, o problema todo é que ela se apaixonou. Sabrina não foi forjada na desilusão como eu, quando se apaixona, fica de quatro. É dramática, teimosa e demora para desapegar. Tudo que uma submissa não deveria ser, se ela quer manter seu coração intacto.

Acha que se não renovar o contrato com o Paulo, vai ser mais fácil de lidar com seu coração depois. Fora que ele começou a implicar com o emprego dela, e com a amizade dela com Andrey.

Este emprego funciona como um escudo para ela. Garante que ela está investindo em seu futuro, sem depender de ninguém. E eu não a culpo, pois por ela ser assim, ela constrói castelos de areia aonde não devia. Mesmo Paulo sendo um fofo, não um fofo baunilha... Mais um fofo até aonde o bdsm permite ser. O Internato é a única família que ela conheceu na vida.

Bom, nenhum dominador permite que sua submissa tenha amizades masculinas, mesmo o Paulo não sendo muito possessivo, está na cara que ele não permitiria. Inclusive, Andrey sempre repetia isso nas aulas. As submissas devem falar com outros homens, apenas se seu dominador permitir.

Então porque ele está rondando Sabrina?

Eu sou desconfiada, então eu acho que aí tem coisa... Não tiro a razão do Paulo.

Mais Sabrina não entende isso, já que ela está com medo.  Acho que a relação que ela teve com Arthur a mudou drasticamente. Meio que a traumatizou para as outras relações.

Tem medo de se machucar de uma forma séria e não conseguir seguir a vida, mesmo que está pessoa seja Paulo. O cara que é, dos três, o único que assumi que quer uma relação sólida e permanente. Agora quem disse que Sabrina enxerga isso?

Ela acha que a renovação de contrato é só um modo de dizer que ele está satisfeito com seus serviços, mais isso não quer dizer que esteja envolvido.

Eu já enxergo diferente. Gosto do contrato! Me garante que eu terei mais um tempo com o Arthur... Estou confortável assim... Por isso fico cabreira por estarmos no meio do contrato, e ele não ter tocado no assunto ainda.

Eu posso ter me apaixonado por ele, posso sonhar com isso... Sonhos alimentados pela minha sogra, diga-se de passagem... Mais tenho meus pés no chão.

Arthur não acredita em relacionamentos baseados no bdsm. Mesmo com o exemplo dos pais, ele nunca acreditou nisso, por ser raro...

Então querer algo fora do contrato, mesmo acreditando no que minha sogra diz, ou mesmo vendo nosso envolvimento todos os dias, não acredito que ele vá querer... Simples assim!

Também percebi que Camila estava tristonha, mais ela não quis dizer porque. Não estava fazendo aquelas brincadeiras dela e do Bernardo. Estava na dela. Sorrindo quando tinha que sorrir, falando quando tinha que falar e só...

Minhas amigas não estavam felizes, e isso me entristeceu um pouco.

Almoçamos lá no clube e depois viemos embora. Agora eu estava saindo de um banho refrescante, pois o dia hoje estava bem quente. Meu Senhor foi trabalhar um pouco no escritório.

Ontem a noite foi perfeita, e acordar com ele hoje dentro de mim, foi melhor ainda.

Como imaginei a intensidade foi nas alturas, e mais uma vez, desmaiei de cansaço e êxtase.

Era repetitivo falar isso, mais sempre que estava com ele era perfeito, mesmo quando não gozava ou porque ele não permitia, ou porque ele não se empenhava em me fazer gozar. Só em estar com ele, já era bom!

Termino de me secar e ponho o roupão. Estou na minha hora de lazer, então eu resolvi fazer minha torta de chocolate, que ele tanto ama. A primeira vez que fiz, ele ficou animado. Desde então, ela tem participação obrigatória nos finais de semana.

Vou em direção a cozinha e encontro Açucena lá, lavando a louça.

-O que estava fazendo? -Pergunto a ela, já que não almoçamos em casa.

-Uma lasanha para o jantar, acabei de montar. A senhora deseja algo?

-Não, vou fazer minha torta de chocolate e vim papear um pouco.

Ela sorri, abrindo o armário e já botando os ingredientes na bancada.

-Como foi no clube?- ela me pergunta.

-Foi bom...

Ela enruga a testa e diz:

-A senhora não parece muito animada em falar sobre o clube...

-É porque eu fiquei um pouco triste. Camila e Sabrina não estão bem...

-E se intristeceu por causa disso?

-Esta feliz com sua relação?

-Sim Açucena, muito... Estou apaixonada, mais não quero que ninguém saiba...

Ela olha para a batedeira e entende.

-Ele também está senhora, só não percebeu ainda...

-É o que a mãe dele diz... Mais estou nervosa, estamos no meio do contrato e até agora ele não tocou no assunto de renovar ou propor outra coisa. Estou com medo de ele desistir...

-Talvez ele não tenha tocado no assunto porque a senhora, também não tocou...

-E nem vou... Eu curto o momento Açucena... Não vou por dúvidas entre nós tocando neste assunto. E ele deve falar primeiro. Ele vive repetindo que eu não devo me preocupar com nada, se tocar nesse assunto ele pode não gostar.

Ela concorda com a cabeça.

Desligo a batedeira e acrescento outros ingredientes na massa ligando novamente.

Ela liga o forno para esquentar.

-Eu acho que ele vai tocar quando se achar preparado para esta conversa. Vocês ainda tem tempo.

Ela fala sorrindo. Eu retribuo o sorriso e digo.

-Enquanto isso vou ser feliz com o que tenho, e a vida foi bem generosa comigo, apesar de todo meu passado. Eu sou muito agradecida pela oportunidade de viver isso que vivo com ele, pois   é perfeito!  E depois de tudo, se ele não me quiser mais, eu penso no que vou fazer, mais não vou ficar sofrendo antes do tempo.

Ela sorri e concorda.

Despejo a massa na forma e dou para ela  por no forno para mim. Meu senhor vai ficar animado com a torta.

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