***Alguns dias depois
Eduarda Amorim
Estou no meu quarto me arrumando para ir a faculdade. Preciso ir assistir uma palestra. É importante para meu currículo, além de depois ter que fazer um relatório sobre o tema.
A faculdade é a distância, mais às vezes preciso ir até lá, seja para fazer um trabalho, ou assistir uma aula, ou como hoje para assistir uma palestra.
Ela está marcada para as duas da tarde, então meu senhor, não sentirá tanta falta de mim.
Ele gosta de treinar comigo de manhã e almoçar comigo quando está em casa, mais geralmente de tarde eu fico no horário de lazer. Tenho aproveitado para estudar nesses horários.
O único problema será ele não poder me observar, mais como está atolado de trabalho, acho que não vai nem sentir minha falta .
Nós temos passado momentos muitos bons, desde o almoço na casa de seus pais. Desde aquele dia, eles já vieram aqui no casarão duas vezes, e eu saí com Eleonora uma vez pra tomar chá numa delicatessen finíssima que tem aqui no bairro. Eu adoro ela!
Sinto que posso conversar sobre tudo com ela, e ela nunca me fará me sentir uma boba. É uma senhora muito culta e com um coração enorme. Eles vão passar uma temporada em São Paulo, então eles não tem viagens programadas.
Neste meio tempo, descobri que meu Senhor é muito ligado a eles. Ligado de fazer confidencias com o pai e tudo.
Eu achei tão fofo!
Essa relação é linda, pra quem nunca teve isso como eu, não entendo quando seus filhos não se dão bem com seus pais.
Sei que cada caso é um caso.
Mas era para Arthur ser rebelde, porque definitivamente, eles se metem na vida dele... Mais não é... Ele tem uma paciência de Jó, em se tratando de seus pais, e eu acho tão bonito.
Termino de fazer o rabo de cavalo. Dessa vez me arrumei sozinha, Açucena ainda está com as duas funções no casarão, então não tinha tempo de me ajudar. E meu senhor, está atolado de trabalho, então tive que me virar sozinha.
Eu achei tão estranho!
A mais de seis meses não faço as coisas sozinha. Foi horrível escolher uma roupa dentre as minhas opções. Nunca levei tanto tempo para escolher uma camisa.
A calça jeans até que foi fácil, mais a camisa. Senhor, que falta Açucena me faz...
Como vou fazer as coisas sozinha, depois que sair daqui?
Madame tem razão quando diz que, temos tendências a nos acostumar com as coisas. Eu me adaptei a minha vida ao lado do Arthur, e quando tiver que ir embora, eu vou sentir falta demais dessas pequenas coisas.
Sento na cama para calçar as botas, quando a porta do meu quarto abre, e ele entra daquele jeito que sempre faz.
Com as mãos dentro dos bolsos da calça. Hoje ele está vestido casualmente. Ele só põe o terno quando vai para o hospital. Está bem sério, óbvio que é porque eu vou sair.
Eu fico tão triste quando ele fica assim. Eu não queria trazer constrangimentos para ele. E está na cara que ele está engolindo a faculdade, sem nenhum líquido, para ajudar a descer na goela.
Eu acho fofo da parte dele querer me proporcionar isso, mesmo não sendo do agrado dele. Mais fico incomodada porque eu queria que ele ficasse feliz como eu estou. E para um dominador, isso é praticamente impossível.
-Está pronta?
-Sim meu Senhor, só falta as botas.
-Deixa eu te ajudar.
Ele senta do meu lado na cama. Pega uma perna minha e põe em cima de seu colo, calçando a bota curta e fechando o fecho. Põe no chão e depois pega a outra perna, e faz o mesmo.
Olha para mim, suspira e diz:
-Quai são as regras?
-Não perder Ítalo de vista, não falar com homens a não ser que seja algum docente, manter o celular ligado.
-Pode fazer amizade com Mônica, não encontrei nada que a torne perigosa.
Ele fala e sorri, eu sorrio também. Ele está se esforçando, e eu admiro isso nele .
-Obrigada meu senhor!
Ele franze a testa e diz.
-Pelo o que?
-Por ser tão generoso comigo e me deixar estudar. Eu sei que está sendo difícil seder o controle.
Ele suspira e diz.
-Você não faz idéia...-Ele se levanta, pega a minha mão. -Vamos, Beto já está te esperando.
Pego minha bolsa e vou andando atrás dele até a frente do casarão, onde Beto e Ítalo já estão me esperando.
-Vai ter pessoas de fora da faculdade nesta palestra Ítalo. Controle redobrado.
-Sim Senhor!
-Se Barreto não tivesse ocupado, eu mandaria ele também.
-Pode ficar tranquilo Senhor... Vou ficar por perto. -diz Beto.
Ele confirma com a cabeça, me dá um beijo e diz:
-Se cuide!
-Sim meu Senhor!
Entro no carro, ele fecha a porta e acena para mim. Eu faço o mesmo.
Beto da partida no carro e ele continua no lado de fora observando o carro partir. E eu fico com o meu coração apertadinho. Não gosto de me afastar dele, mais sei que é preciso. Precisamos viver nossas próprias vidas, não dá pra viver o tempo todo grudado.
Eu suspiro e me concentro na leitura do livro do palestrante. É o melhor que eu faço!
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Me sento ao lado de Mônica no auditório. Nos encontramos na frente da faculdade. Ítalo está de pé no corredor, a um metro de distância de mim.
-Obrigada por sentar aqui comigo, sei que não é um lugar privilegiado.
Ítalo que escolheu o lugar, então vocês já imaginam como é...
Última fileira, a primeira cadeira do corredor. É um lugar em que ele consegue ficar de olho em mim, de fácil acesso e ele não atrapalha a visão de ninguém ao ficar em pé.
-Que nada, estou sentindo que essa palestra vai ser chata. O bom do lugar e que dá pra tirar um cochilo.
Eu sorrio.
Temos nós falado sempre pelo whatsapp e já fizemos um trabalho juntas, então acabamos estreitando laços. Ela já me chamou várias vezes para ir no cinema ou sair com ela. Mais eu sempre tinha uma desculpa para dar. Óbvio que meu Senhor, não permitiria isso, nem se eu pedisse.
Parece ser uma menina legal! Uma ótima companhia para estreitar laços e ser feliz.
-Linda sua pulseira de oberloques. - ela diz mexendo nos pingentes.
-Eu ganhei de uma amiga.
-Ela também te deu esse coração? Porque são idênticos!
-Não... Foram presentes de pessoas diferentes, mais eu amei a coincidência. Ficou parecendo que é um par.
-Verdade... Ela é muito linda! Sua amiga tem um ótimo bom gosto!
-Tambem acho!
O apresentador começa a falar no microfone, anunciando o palestrante e eu pego o livro nas mãos.
-Vai autografar? -ela me pergunta.
-Não... Acho que Ítalo não vai gostar muito, se eu entrar em fila de autógrafos.
Ela dá uma gargalhada. E ele continua passivo, como se não tivesse ouvido nada da nossas conversas. Ela cochicha no meu ouvido e diz:
-Ele nunca ri...
-Nunca... Mais é um bom amigo...
-Vocês conversam?
-Quando estou sozinha com ele sim. Porque está interessada nele? Acho que ele não tem namorada...
-Ele é bonitão...
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Meu Senhor
LIVROMUITO BOM, BEM ESCRITO, ROTEIRO MUITO ENVOLVENTE, PARABENS, MAL POSSO ESPERAR PELA HISTÓRIA DE PAULO E SABRINA, APESAR DE ARTHUR SER O PROTAGONISTA DESTE PRIMEIRO LIVRO, MEU CRUSH FOI PAULO, ACHEI ELE UM FOFO....