Virando o rosto para o lado, Kléber ajudou Inês a tirar o vestido manchado de sangue e, em seguida, puxou o cobertor para cobri-la.
Jogou o vestido de Inês e seu próprio paletó no lixo, e limpou as mãos.
Com cuidado, ele apagou o abajur, e seu olhar repousou no rosto adormecido da jovem, ficando por um momento imóvel.
Na luz tênue, os traços da moça pareciam ainda mais suaves e belos.
Os lábios rosados, ligeiramente entreabertos.
Aquela expressão, como se pedisse um beijo.
Kléber abaixou a cabeça e depositou um beijo suave em sua testa.
— Boa noite.
Ele ajeitou o cobertor ao redor dela com atenção e se levantou, pronto para sair.
— Pai, não vai embora!
Inês virou-se e agarrou o braço dele.
Por causa do movimento, boa parte de seu ombro e costas ficou à mostra, e o decote revelava um pouco mais do que devia.
O olhar de Kléber escureceu; ele puxou o cobertor para cobri-la novamente.
— Solte.
— Não vou... — a jovem, ao invés de soltar, apertou ainda mais o braço dele — Quero que o papai durma comigo.
Papai?
Kléber: ...
— Eu não sou seu pai.
— Papai, não vai embora... — abraçando o braço dele, Inês pediu com a doçura de uma criança — A mamãe não está aqui, eu... eu estou sozinha e com... com medo...
— Menina difícil...
Kléber resmungou, franzindo a testa, mas acabou sentando-se à beira da cama.
Naquela noite, Inês teve um sonho.
Sonhou que voltava à infância, quando seu pai a fazia adormecer.
Ela abraçava a cintura do pai e, de jeito nenhum, queria soltá-lo, insistindo para que ele dormisse com ela.
O pai, vencido pela insistência, deitou-se ao seu lado e a abraçou.
O peito do pai era amplo, quente e seguro...
Sem pesadelos, sem insônia, ela dormiu profundamente até o amanhecer.
Desde que o pai teve problemas e a Família Barbosa caiu em desgraça, aquela foi a noite mais tranquila que Inês dormira.
No início da manhã, ela abriu os olhos e viu uma mão.
Era a mão de um homem, e ela estava deitada sobre o braço dele.
Aquela mão, de pele clara e ossos bem definidos.
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