Virando-se com a caixa de remédios nas mãos, Inês falou, hesitante.
— Você... você foi até o fornecedor?
Kléber aproximou-se e parou diante dela.
— Aquele lugar fica no interior. Quando o sujeito soube que estávamos procurando por ele, achou que era a polícia, ficou tão assustado que pulou a janela e saiu correndo. Saí atrás dele às pressas, mas logo atrás da casa tinha um barranco baixo. Acabei caindo e bati o braço num galho.
Kléber abaixou o rosto, demonstrando autocrítica, e falou num tom de desculpa.
— Me desculpe, Inês, a culpa foi toda minha, fui precipitado demais. Se eu tivesse pedido para o Bruno levar mais gente, ele não teria conseguido escapar.
O olhar de Inês percorreu a faixa no braço dele e pousou no rosto de Kléber.
Então, ela o tinha julgado mal?
— Mas, amor, também não precisa ficar tão preocupada assim!
Kléber pousou as mãos nos ombros de Inês, tentando tranquilizá-la, e lhe sorriu.
— Esses dias todos, fiquei investigando esse assunto. Já descobri tudo sobre aquele fornecedor. Ele tem um filho que estuda numa escola primária aqui na cidade, e a esposa dele mora no centro. Já pedi pro Bruno ir na segunda-feira cedo, com mais gente, esperar na escola. Com certeza vamos encontrar a esposa dele. A partir daí, vamos conseguir chegar até o fornecedor.
— Então... — O coração de Inês acelerou sem que ela percebesse. — Esses dias, você não veio me procurar por causa disso?
— Não queria te preocupar, nem atrapalhar sua preparação para a competição — Kléber levantou a mão, afagou os cabelos dela e piscou. — Mas... não pense que eu não estive por aqui!
Inês ficou surpresa.
— Você esteve?
— Claro que sim! Se não... — Kléber apertou de leve a ponta do nariz dela. — Como é que eu ia saber qual é a sua música para o concurso?
— Mas... — Inês estava confusa. — Eu não te vi nenhuma vez!
— Você estava tão concentrada praticando, que achei melhor não te atrapalhar — Kléber semicerrava os olhos, com uma expressão encantada. — Eu adorei a sua versão de "Gaivota", ficou realmente... linda e emocionante!
Agora fazia sentido; era por isso que ele sabia qual era a música da apresentação, e que ela tinha mudado o tom da canção.
Dobrou outro dedo.
— Outros dormem juntos. Nós também! Em todos os sentidos, seja no papel ou na prática, temos tudo que um casal tem. A única diferença é que não fizemos uma festa de casamento. Fora isso, há alguma diferença?
— Eu... eu quis dizer...
Inês abaixou o olhar, hesitou por um momento, mas finalmente criou coragem para encará-lo de novo.
— Você... gosta mesmo de mim?
Com os lábios comprimidos, ela apertou involuntariamente a alça da caixa de remédios.
Era uma dúvida que pesava em seu coração há muito tempo.
Inês não queria mais guardar aquele sentimento para si; ela queria ouvir a resposta de Kléber, uma resposta clara, sem precisar adivinhar.
Kléber percebeu o nervosismo dela, e o brilho de incerteza em seus olhos.
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