Quando finalmente chegou o momento de assinar o acordo de divórcio, Inês ainda sentiu um estranho turbilhão de emoções que não conseguiu identificar com clareza.
Nem ela mesma sabia ao certo o que era aquilo.
O olhar de Kléber permaneceu fixo na ponta da caneta dela, e seu rosto bonito não demonstrava muita expressão.
Ele observou enquanto ela finalmente movia os dedos, preparando-se para assinar o próprio nome no documento.
De repente, Kléber estendeu a mão direita, mas, ao chegar na metade do caminho, retraiu-a rapidamente, como se tivesse sido queimado.
Inês, concentrada nos papéis à sua frente, não percebeu esse pequeno gesto.
Depois de assinar as duas vias, Inês pegou uma delas e guardou em sua mochila, colocando a outra de volta na pasta de documentos.
— Então... estou indo.
Kléber permaneceu em silêncio.
Ela abriu a porta do carro, desceu com a mochila nos ombros e colocou a pasta com o acordo de divórcio sobre o banco do carona.
Levantou os olhos e fitou Kléber no banco do motorista. Seus lábios tremeram, mas, no fim, ela se virou sem dizer nada.
Fechou a porta e caminhou em direção à entrada do centro de reabilitação.
— Inês!
Ouviu de repente a voz de Kléber atrás de si.
Inês virou o rosto e viu que ele já havia saído do carro, embora ela não soubesse quando.
O inverno na Capital deixava a paisagem dos arredores ainda mais desolada.
O sobretudo preto de Kléber destacava-se sob o céu pálido de inverno, fazendo-o parecer ainda mais magro.
Um nó apertou a garganta de Inês, e seus olhos arderam involuntariamente.
Ela se esforçou para controlar as emoções e esboçou um sorriso.
— Você... ainda precisa de alguma coisa?
Kléber permaneceu junto à porta do carro, observando de longe os cabelos e as roupas dela esvoaçando ao vento.
Por fim, não resistiu: correu em sua direção e a envolveu num abraço apertado.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Meu Único Amor Sempre Foi Você