Gil nada diz. Apenas observa o encontro de Nicolau e Camila. Com um suspiro, entra no carro e vai embora.
Já os dois parecem se entender sem palavras.
Camila percebe o olhar relaxado e, ao mesmo tempo, cristalino de Nicolau.
Mila e Nicolau...Talvez não sejam nada por agora, mas chegar a esse nível de entendimento pelo olhar pode muito bem levar a algum sentimento concreto.
Quanto a Alexandre...Provavelmente, só resta suspirar.
"O que houve?" Nicolau olha para o rosto de Camila e franze a testa.
Aquele rosto que por muito tempo se fez de forte agora está ali, transparente para ela.
"Vontade de chorar." Ela não se lembra de quando começou a ser impulsiva na frente dele.
Quando descobre, já havia se acostumado.
Ele nada diz. Apenas dirige para fora do parque industrial do Grupo Gonçalves.
Ela não sabe para onde estão indo, mas, de qualquer forma, sabe que ele não vai fazer nenhum mal a ela.
A Camila de agora já não está se sentindo tão segura.
Ela não consegue decifrar quem estaria ajudando Vicky e manipulando toda a situação pelas suas costas.
Enquanto isso, Lourenço já desconfia totalmente dela.
Ele já não poderia acreditar em si mesma.
Após certo tempo, o carro para. Nicolau desce e abre a porta para ela.
"Vá descer", diz, estendendo-lhe a mão.
Ela não sabe mesmo onde está. Seja em seu coração, ou diante de seus olhos, há só o vazio imponderável.
Ela estende a mão por sobre a palma dele.
Sem esperar, ele dá um leve puxão e a traz para fora do carro.
Em um piscar de olhos, ela já está em seu abraço.
"Nicolau..."Ela só enxerga o perfil do rosto dele, e seu corpo permanece desnorteado.
Só quando ele para e a coloca no chão é que ela percebe que eles tinham vindo para a praia.
O mar azul sem fim se descortina à sua frente, e a brisa oceânica refrigera o seu rosto.
É fim de outono, e o ar já está mais frio, logo chegará o inverno.
A vida passa, inconsciente, por mais uma estação.
"Olhe." Nicolau aponta para o oceano infinito: "Quando achar que não tem para onde ir, venha ver o mar."
"Por que vir ver o mar?"
"Porque o mar é tão imenso que lhe permite ir a qualquer lugar."
"Mas eu não sei nadar." Os lábios dela estão retorcidos de mágoa.
Por que tudo parece estar contra ela?
Por que, quando ela parecia ter achado o seu lugar, de repente foi tida como a maior golpista?
Por que ela pode chegar a essa situação de desamparo?
"Não sabe nadar? E como eu faço para ensinar você?"
De repente, Nicolau se abaixa, tira os sapatos, o paletó e os joga no chão.
"Venha aqui, vou ensiná-la."
"Nicolau..."Antes que ela pudesse completar o seu apelo, ele já havia caminhado em direção às ondas. Em um piscar de olhos, metade do seu corpo está encharcado pela água do mar.
"Nicolau!" Ela está embasbacada. Nesse tempo e com essas roupas, ele ainda inventa de entrar no mar para ensiná-la a nadar?
"O que foi? A ideia não é ensinar você a nadar? É só chegar que eu ensino."
Ele lhe dá um leve sorriso, de uma beleza indescritível sob o pôr do sol.
A expressão dela não é das melhores, e ela reage sem muita animação.
Garoto bobo! É muito estúpido mesmo!
De repente, ela se agacha abraçando os joelhos. As lágrimas começam a escorrer de seus olhos.
Finalmente ela libera o choro represado.
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