É uma cidade estranha.
Ele não sabe como foi aceitar um projeto tão insignificante para a sua pessoa.
Mas basta ver a apresentação enviada pela outra parte e notar a minúscula figura no canto da foto que seu interesse logo foi despertado.
Projetos pequenos não valem uma visita dele.
Aquela pequena silhueta decerto apareceu por acidente quando estavam filmando, mas ele não vê mais nada além dela.
É uma menina pequenina parada na frente de um monte de balões; aparecia apenas metade do rosto, e ele mal podia ver a fisionomia e os traços.
Mas seu coração deu um salto ao ver a foto, como se tivesse sido rasgado pelas pontas.
É o tipo de sentimento que, de tão puro, comove e mexe com gente.
E então ele chega, contrariando todas as expetativas.
"Sr. Lourenço, o terreno que planejamos está logo à frente. Fica perto do centro da cidade. Tem certamente a localização privilegiada mais valiosa de toda a Cidade Nan."
Sabendo que o parceiro comercial chegaria, Presidente Alves foi para aeroporto logo cedo para recebê-lo pessoalmente.
É uma maneira de se mostrar presente e agir com cautela.
O homem observa à sua frente o movimentado centro da cidade, lotado de pessoas indo e vindo em um ritmo efervescente.
Nada que se compare, porém, ao centro da Cidade B.
Ele já reconheceu o local da foto, mas não viu, claro, a menina, o que o deixou aliviado e desapontado ao mesmo tempo.
Ele nem quer dar um olhar extra, se sente que estava perder o tempo.
Não sabe que bicho o mordeu, mas a verdade é que ele veio.
Quando está prestes a se virar para ir embora, algo invade seu campo de visão, e distraído, ele então ergue os olhos.
À distância, um homem alto segura uma garotinha, que chora e se debate.
Do outro lado, uma mulher baixinha e magra recebe dinheiro de outro homenzarrão.
É essa garotinha! Ele bate o olho e a reconhece: é mesma a menina da foto.
Dinheiro?
A sua expressão se fecha, e ele se lança na perseguição com passos largos e decididos.
"Sr. Lourenço?" Rui não sabe o que fazer; só o que consegue, ao vê-lo correr tanto, tenta acompanhá-lo: "Senhor, espere por mim!"
Ao longe, Joana acaba de receber o dinheiro. Vendo Dalila chorar tão desconsolada, ela sente um aperto no coração.
Mas sua mãe está muito doente, e ela precisa de dinheiro para a cirurgia. Não dá para ser sentimental, ela não tem escolha.
"Dalila, me desculpe, me desculpe mesmo..."
"Vamos embora." O grande homem forte que lhe entregou o dinheiro a empurra, quase jogando-a no chão.
Os dois homens caminham em direção ao carro não muito longe dali.
A mão do sequestrador cobre a boca de Dalila que, sem conseguir gritar, se debate com pernas e mãos dançando no ar enquanto as lágrimas escorrem pelo rosto. Ela está muito assustada.
"Uma menina tão doce como esta deve dar para vender por um bom preço."
Os grandalhões, todos contentes, abrem as portas de carro e já se preparam para entrar.
De repente, o homem que segurava Dalila solta um grito dilacerante. Seu corpo enrijece e ele rola direto para o chão.
Em um piscar de olhos, a menina cai nos braços de Lourenço, que a ampara.
Visivelmente assustada, ela abraça o pescoço de Lourenço e começa a chorar: "Papai, papai..."
Papai!
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