Terminada a refeição, grandão e pequenina estão todos sujos, e caminham juntos em harmonia e ternura.
"Já chamaram a polícia. Falta só pegarem a mulher para descobrirem a identidade da menina."
Rui recebe a ligação ao saírem do restaurante de macarrão, e então dá a notícia ao Lourenço.
Mas, ao olhar para a garotinha que segura sua mão enorme, Lourenço se sente amargurado.
Eles vão ter que entregar a menina depois que a identidade dela for descoberta?
Por que essa preocupação, essa tristeza que ele não consegue explicar?
"Senhor, ela é filha de outras pessoas." Ao cruzar de repente com o olhar dele, Rui fica inquieto.
Estaria Lourenço tentando pegar a menina para si? Não é possível.
Rui acha que Lourenço vai ficar aborrecido com o que ele disse, mas ele apenas responde, sem ânimo: "Sim."
É um "sim" tão insípido que deixa Rui constrangido.
Dois anos depois, o aparecimento desta menina deu ao seu chefe o único lampejo de felicidade.
Pena que é uma felicidade que logo desaparecerá.
"Sr. Lourenço, e se..."
"Dalila!" De repente, surge uma voz que vem de trás.
A mulher chega feito louca, bate a cabeça de lado em Lourenço e está pronta para agarrar a menina que caminha com ele.
Rui estica a mão para apartá-la, mas é bloqueado pelo homem que a acompanha.
Lourenço fecha a cara, preparado para deter a pessoa que invadiu seu espaço.
No instante seguinte, ao ver quem está ao seu lado, ele fica completamente atordoado, incapaz de qualquer reação.
Dois anos!
Ela perdeu peso, mas ainda tem a mesma expressão.
Ela usa maquiagem no rosto; é a mesma maquiagem que usava para ficar com uma aparência mais sóbria quando estava noiva dele.
Usa também um par de óculos grandes e feios, que tomam quase metade de seu rosto.
Então é por isso que os homens que ele mandou não conseguiam encontrá-la: ela se converteu em uma garota feia! Que diferença brutal para as fotos que entregou a eles!
"Dalila, como você está? Está doendo? Conte para a mamãe, onde está doendo?"
De tão ansiosa, as lágrimas estão a ponto de cair; a sensação de se recuperar da perda quase provoca um colapso de pranto.
Duas horas procurando; ela sente que vai desmaiar.
Ela já se sentiu angustiada com notícias de crianças desaparecidas, mas não é a mesma coisa que sentir na pele; não deseja a ninguém tamanho desespero.
Sua Dalila! Sua Dalila voltou mesmo.
"Mamãe." Esperta, a menina chama por ela, e as lágrimas represadas por um tempo enfim desabam.
"Mamãe...Papai, papai." Dalila age como a criança ansiosa por compartilhar com a mãe uma coisa boa que descobriu.
Camila assume uma postura defensiva contra o homem ao seu lado, e então se lembra de que tem que pegar Dalila: "Alexandre!"
Alexandre nada diz, pois desde o atrito com Rui já sabia com quem estava lidando.
É Lourenço.
Dois anos depois, esse homem acabou encontrando o espaço deles.
Mas por que papai?
Ele contorce o rosto. Por que Dalila chamou esse homem de pai?
Depois de recuar alguns passos carregando a filha, enfim Camila contempla com clareza o homem à sua frente.
Ele emagreceu,
mas ainda tem a mesma natureza do Lourenço altivo, arrogante e vaidoso.
Em seus olhos, porém, há uma solidão que não existia dois anos atrás.
Assim como uma criança abandonada, parece muito durão por fora, mas não consegue esconder a solidão que o assola por dentro.
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