Minha Esposa Muda romance Capítulo 1005

Flavia ainda estava de costas para ele.

O silêncio tomava conta do ambiente, e ela esperou por um longo tempo, até que o mundo inteiro parecesse se aquietar, foi então que ela, silenciosamente, retirou sua mão.

Ao tocar a cicatriz saliente em seu pulso, ela fechou os olhos com força, sentindo as bordas da cicatriz e, pouco a pouco, começou a rasgá-la.

A crosta já havia se fundido à carne, e cada pedaço arrancado trazia uma dor aguda, mais intensa do que quando fora cortada.

Exceto pelos dedos, ela não ousava mover-se, mordendo os dentes com força, resistindo apenas com o fôlego preso em seu peito.

Mal havia aberto uma fenda, já pôde sentir o toque de um líquido viscoso, sensação que a fez suspirar aliviada.

A dor e a pressão em seu peito se igualaram, ela não sentia mais a dor, apenas uma urgência, um alívio urgente e bem-vindo.

O peso que ela carregava há dias finalmente havia sido aliviado.

Ela realmente poderia ter matado Thales e depois se suicidado, ele nem mesmo resistiria.

Mas, ao se questionar sinceramente, ela sabia que não seria capaz.

Se não tivesse segurado Marcelo naquele momento, Thales já estaria morto, e se não fosse por aquele gesto, Marcelo não teria se jogado do precipício.

Nos últimos dias, ela se perguntou repetidamente se faria o mesmo se pudesse voltar no tempo.

Ela nunca encontrou uma resposta.

A destruição da família Lopes não tinha relação com Thales, ao contrário, as mortes na família Duarte estavam ligadas a ele, o que, de certa forma, significava que ele havia vingado-a, ainda que de maneira questionável.

Foi ela, junto com Marcelo, que o levou até a montanha, e Marcelo se jogou do penhasco desapontado com ela.

Tudo isso não tinha relação com Thales; o erro estava nela, uma falha que persistia, independente de suas ações.

E fugir dele dessa maneira era apenas uma forma de vingar-se por tudo que ele havia feito nos últimos anos.

Conquistar o mundo, mas viver em constante dor, era a destruição mais completa para alguém orgulhoso.

Afinal, na família Lopes, ela era elogiada por ser fofa e rechonchuda.

Talvez fosse porque Gabriela Duarte era muito gorda naquela época; Gabriela era uma criança gorda, e ao lado dela, Flavia parecia magra.

Embora ele a achasse parecida com um macaco magro, Flavia ainda lembrava do olhar dele, que a examinava de cima a baixo várias vezes.

Depois, ele a procurou secretamente, perguntando se ela realmente era a noiva que seu avô havia escolhido para ele.

Naquela época, ela não sabia falar, apenas o encarava, piscando, sem entender o que significava ser uma noiva.

Quando soube que ela era muda, ele lamentou, acariciando sua cabeça e disse seriamente, "Isso é triste, assim como eu."

Ela não entendeu; ele tinha tudo, como poderia ser considerado triste?

Só depois de ouvir Reinaldo e Dona Duarte repreendendo-o por suas notas ruins, enquanto Gabriela, mesmo ficando entre os últimos da classe, brincava com brinquedos no sofá, que ela começou a entender o que ele queria dizer com 'ser triste'.