Minha Esposa Muda romance Capítulo 1038

Lídia puxou o canto da boca, sem saber como continuar a conversa.

Thales, segurando a urna funerária, levantou-se e subiu as escadas até o quarto.

Colocou a urna sobre o criado-mudo ao lado da cama e passou os dedos pela caixa, como se estivesse acariciando o rosto de Flavia.

Havia vento lá fora, fazendo as cortinas ondularem, e no quarto vazio, até o vento carregava um ar de desolação.

Nos dois dias seguintes, Thales permaneceu recluso, recusando a visita de qualquer pessoa.

Não houve funeral, nada foi feito, e a mansão permaneceu como sempre, como se Flavia ainda estivesse viva.

Lídia pensou que ele tivesse se entregado ao desespero, mas no terceiro dia, ele desceu as escadas, vestido impecavelmente, sem demonstrar nenhum sinal de anormalidade.

"Senhor Duarte, o senhor acordou?" Lídia o recebeu ansiosamente.

Thales, no entanto, olhou para o sofá, mas só viu o vazio dele e a televisão silenciosa.

"Ligue a televisão."

"Ah?" Lídia hesitou por um momento e, em seguida, apressou-se em ligar a televisão, sintonizando no canal infantil. A voz familiar emanou do aparelho, trazendo um pouco de vida à fria mansão.

De certa forma, parecia que realmente havia alguém sentado ali assistindo à televisão.

Thales então virou-se e foi para a sala de jantar, onde comeu e tomou seu remédio como de costume. No entanto, o lugar de Flavia permanecia com um conjunto de talheres limpos.

Lídia, vendo-o agir assim, sentiu-se bastante perturbada.

Mas, tendo em mente o exemplo anterior do Dr. Soares, ela não ousou fugir ou mencionar a resignação.

Depois do café da manhã, Thales saiu como de costume.

Sua aparição na empresa deixou Lucas chocado; ele realmente tinha vindo trabalhar?

Assim que chegou, mergulhou no trabalho, dedicando-se mais intensamente do que um workaholic, até as onze da noite.

Vendo a luz ainda acesa no escritório de Thales, Lucas não resistiu e bateu à porta, encontrando-o ainda ocupado.

Nas muitas noites anteriores, Flavia ficava ali, assistindo televisão à espera de seu retorno.

Não importava quão longe ele fosse ou quanto tempo ela esperasse, pelo menos havia o momento do reencontro.

Ela só esperava porque sabia que ele voltaria.

Mas o que ele estava esperando?

Lídia trouxe um cobertor e o cobriu cuidadosamente.

No momento em que tocou nele, Thales abruptamente abriu os olhos, olhando para Lídia com um olhar um tanto vago, como se ainda estivesse emergindo de um sonho.

Lídia recuou como se tivesse levado um choque.

Ouvindo o som da chuva lá fora, Thales recuperou o foco, fechou os olhos e disse suavemente: "Por que, quando fecho os olhos, sonho com ela? Será que isso significa algo?"

No impulso, Lídia respondeu rapidamente: "Senhor Duarte, o senhor deve estar com saudades dela."