Minha Esposa Muda romance Capítulo 1067

Thales ajoelhou-se diante dela, com um sorriso no canto da boca que, contudo, não denotava alegria.

"Helena, você é a primeira pessoa com quem me vejo incapaz de encontrar uma maneira de punir, porque sinto que qualquer punição seria pouco para você."

Helena mal havia recuperado o fôlego e, ao ouvir essas palavras, olhou para Thales com intensidade.

Lágrimas caíam incessantemente de seus olhos turvos, e o frio penetrante envolvia-a de todos os lados, infiltrando-se em cada poro de sua pele, fazendo-a tremer de frio.

"Você me odeia tanto assim?" Helena falou com a voz rouca, observando o rosto familiar à sua frente, como se não o reconhecesse mais.

Thales observou seu rosto envelhecido por um momento e então disse apenas uma palavra: "Sim."

Helena tentou forçar um sorriso, incapaz de chorar ou rir.

Aos um ano de idade, ele sorriu para ela com apenas dois dentes de leite à mostra e a chamou de mãe.

Aos quatro anos, por ela ter chegado tarde em casa, ele saiu à noite à sua procura. Ao encontrá-la, jogou-se em seus braços, prometendo que, quando crescesse, ganharia muito dinheiro para sustentá-la.

Naquele momento, ela sentiu pena pela primeira vez, mas ainda assim afagou sua cabeça dizendo: "Então você precisa estudar muito e se comportar bem, para que seu pai goste de você e nos leve de volta para casa, para podermos ter uma vida boa."

Naquela época, ele era ingênuo, mas ao ver o olhar esperançoso de sua mãe, assentiu firmemente.

Ele não decepcionou, pulando a pré-escola e indo direto para o primeiro ano do ensino fundamental, mostrando-lhe um boletim com notas máximas pela primeira vez, momento em que ela quase esqueceu que o havia roubado.

Ela o tratava como se fosse seu próprio filho, cheia de orgulho.

Depois de entrar para a família Duarte, ela se tornou ainda mais rigorosa com ele. No início, ele admitia seus erros e refletia sobre eles, mas com o tempo começou a retrucar e, eventualmente, a se calar.

Ela vivia preocupada com a possibilidade de sua posição ser ameaçada e depositava todas as suas esperanças nele.

Ninguém a ajudaria; Thales havia avisado a todos, e ela quase não conseguia encontrar trabalho, nem mesmo como faxineira.

Seu nome foi adicionado a uma lista negra, impossibilitando-a de alugar uma casa, reservar um hotel ou até mesmo deixar São Siena.

Sua única opção em São Siena era mendigar ou coletar lixo, vivendo sob viadutos, evitando lugares movimentados por medo de ser reconhecida.

Sem a coragem para se suicidar, só lhe restava viver em agonia.

---

Thales estava à espera de ladrões há mais de um mês, e na noite do décimo quinto dia do primeiro mês lunar.

Ele saiu de casa à noite, e por volta das nove horas, uma sombra pulou o muro do quintal.