Minha Esposa Muda romance Capítulo 1712

Assim, tornou-se uma cidade isolada no meio do oceano, mal pode ser chamada de cidade, quanto mais de país, e foi nomeada de Ilha sem Retorno.

Esse lugar era bastante desorganizado, a maioria dos habitantes tinha um passado questionável, mas a presença de muitos ricos fugitivos que se estabeleceram ali fez com que a ilha se desenvolvesse razoavelmente bem.

Pablo soube da existência da ilha através de Bianca. A cidade tinha apenas uma década de história, e os ricos que lá residiam se comportavam como imperadores locais, estabelecendo seu próprio sistema jurídico, desfrutando de uma vida livre e despreocupada.

Ele não pôde deixar de pensar no plano de Thales, que inicialmente era justamente esse o objetivo.

Durante todo o dia, ele passeou pela cidade com Bianca. Os preços eram exorbitantes, e até mesmo Bianca não pôde deixar de reclamar. Um pacote de macarrão instantâneo que custava cinco reais no Brasil, ali era vendido por cinquenta.

A única coisa barata era o marisco; os outros produtos, como frutas e vegetais, atingiam preços absurdos, com batatas e cenouras custando mais de trinta reais o quilo.

Pablo comentou, "Com preços tão altos, ninguém se revolta contra eles?"

Bianca respondeu, "Revoltar-se contra o quê? Os preços são altos porque os custos são elevados. Você não viu? Estamos cercados por água, para chegar ao continente mais próximo, é preciso passar pela alfândega, e o transporte não é fácil. Esta ilha não é muito regularizada, e nem no ar nem no mar, as rotas são fáceis de obter.

Exceto por frutos do mar, a maioria das coisas é importada. Mesmo que se revoltem, outra leva de pessoas viria, e os preços continuariam, talvez até mais altos."

Pablo coçou o queixo, "Faz sentido."

Foi então que ele percebeu que na noite anterior ele e Bianca quase a deixaram sem dinheiro.

Nesse lugar, o dinheiro reina, quem tem mais é o chefe, de maneira simples e direta.

Bianca perguntou, "Quanto tempo vocês pretendem ficar aqui?"

Pablo olhou para o horizonte com um ar melancólico, "Não sei."

Principalmente porque estavam sem dinheiro, não podiam ir a lugar nenhum, e estavam pior que refugiados. Mesmo na ilha, ele não passava de um mendigo.

Bianca disse, "Aqui, é possível solicitar uma nova identidade sem documentos, apenas por um milhão."

"Esse um milhão que você mencionou, não é em dólares, né?"

Bianca assentiu.

Pablo deu um sorriso irônico, "Impressionante."

Bianca riu, "Por isso há tantos ricos aqui, mas geralmente não há necessidade, a menos que sejam fugitivos internacionais; usar a identidade original não é um problema."

Pablo acenou com a mão, incapaz de desembolsar sequer cem reais, quanto mais um milhão.

"Eu vou ficar aqui no máximo mais duas semanas. Se ele não voltar, vou embora."

Bianca percebeu que ele estava sem dinheiro, embora não soubesse o que tinha acontecido, então decidiu alertá-lo.

Não é que ela não quisesse ficar mais, mas o dinheiro que tinha só duraria duas semanas, se insistisse em ficar, acabaria dividindo o pouco que tinha com Pablo.

Eles chegaram no quinto dia. Flavia desembarcou do barco e, olhando em volta, comentou admirada: "A paisagem aqui parece boa, muito propícia para turismo."

Thales caminhava ao seu lado e respondeu: "Ninguém se atreve a vir aqui como turista."

"Não contamos como turistas?"

"Se você acha que sim, então sim."

Flavia não queria discutir com ele. "Onde está Pablo?"

"Não sei ao certo, mas ele está em algum lugar nesta ilha. Vamos procurar com calma."

Flavia só podia esperar que ele não se tivesse afastado ainda mais, senão por quanto tempo ela teria que procurar?

Ela tentou ligar para Pablo, mas o telefone estava desligado.