Minha Esposa Muda romance Capítulo 623

A ilha, cujo tamanho era desconhecido, revelava-se cada vez mais densa à medida que Flavia avançava para o seu interior.

Embora fosse meio-dia, a floresta estava sombria, efeito da chuva da noite anterior, com gotas d'água caindo das árvores e orvalho pendurado no mato, deixando o chão enlameado.

Flavia tropeçava pela mata, caindo várias vezes, sujando seu roupão de banho com lama.

Ela estava descalça, com cortes nos tornozelos e os pés feridos por pedras pontiagudas.

"Thales..."

Sua voz, embargada de choro, era quase inaudível, como um miado abafado, quando tentava gritar.

Após várias quedas, Flavia levantou-se, ignorando a dor, e com lágrimas nos olhos, continuou caminhando para o interior da floresta.

Eventualmente, ela não conseguia mais distinguir as direções.

Ela se encontrava perdida entre as árvores gigantes, cercada pelo som constante de pássaros e insetos, uma rede de medo e confusão envolvendo-a completamente.

Ao ver uma laje de pedra verde à distância, correu para ela, buscando abrigo na única proteção que a selva oferecia.

Envolvida por trepadeiras e árvores robustas, a atmosfera era de umidade e antiguidade.

Flavia se encolheu sobre a pedra.

Parecia impossível encontrar Thales novamente.

E ela estava perdida.

Quando Thales retornou, Flavia já não estava lá.

Ele franziu a testa, preocupado, retornando ao iate, que estava vazio, exceto pelo roupão de banho dela jogado de lado.

Thales desceu do iate, apressando-se floresta adentro.

Seu rosto empalideceu de terror ao encarar uma serpente, com a espessura de um pulso, cuja cabeça erguida parecia um tronco no escuro.

No frio do vento, ela se viu encarando a serpente, até ouvindo o sibilar da língua dela.

Engolindo em seco, Flavia levantou-se num salto, saltando da pedra e correndo de volta para a mata.

Ela estava perdida, sem conseguir distinguir as direções, e sem ideia de para onde estava indo.

O som atrás dela, seja da serpente ou do vento nas gramas, alimenou seu pânico enquanto corria.

Os espinhos rasgavam seu roupão de banho, deixando-o em farrapos pendurados em seu corpo.

Tropessando em algo, ela caiu, sentindo uma dor aguda ao pressionar a mão contra os espinhos.

Essa queda esgotou todas as suas forças, deixando-a caída, chorando copiosamente.