No Alemão romance Capítulo 44

Natália - Narrando

Tava me arrumando para ir pro baile, enquanto Muralha estava tomando banho.

Paro na frente do espelho e fico alisando minha barriga, eu não sei como vai ser, mas eu já amo esse serzinho mais que tudo em toda minha vida.

Tô na frente do espelho quando muralha sai do banheiro de toalha com os cabelos molhados.

- Tu tá de quanto tempo? - pergunta

- umas semanas, não sei, vou marcar uma consulta.

- dboa, quando for pra descobrir o sexo tu me avisa

- Oxê, Gabi quer fazer chá revelação

- Que porra é isso ?

- nós dois só vamos saber no dia do chá, o sexo do bebê

- deixa de ideia porra

- Gabi pô

- Vou arrancar aqueles cachos da cabeça dela, num instante ela para

eu fico rindo enquanto ele vai trocar de roupa, faço uma make e deixo meus cabelos soltos.

- tô pronta - falo pra Muralha que tá mexendo no celular

- Elisa tá namorando mesmo ? - pergunta me mostrando o celular, onde tinha uma foto dela com Ana

- Tá sim

- pensei que era só um bagulho casual

- era pra ser, mas como tu mesmo falou, ela gamou

- deu Caraí - ele nega com a cabeça

Ele fica mexendo no celular enquanto eu posto a foto do meu look de hoje né, a mãe aqui é blogueira

- Vamos - Muralha avisa saindo do quarto

Pego minha bolsinha, boto o celular dentro e pego a chave de casa, dinheiro pra quê? muralha não vai deixar eu gastar mesmo, não sei pra quê tenho essa merda

Ah, sim instabilidade financeira, meninas NUNCA se permitam depender de homem, muralha paga minhas coisas porque ele quer, pois eu tenho o dinheiro o suficiente pra pagar, eu trabalho pra isso, então NUNCA dependam de homem, depender de homem só pra ter orgasmo e olhe lá, você tem suas belíssimas mãos, qualquer coisa.

Entro no carro junto com Elisa que eu nem sei porque vai com a gente, acho que Ana não vai hoje

- Ana não vai ? - pergunto

- Nem tá no morro, ela foi pra casa da tia na zona sul

- Ah, de boa tá de coleira né ? nem vai paquerar

- Oxê tô de boa, sou fiel até a morte pô

- gosto assim

- é de família - Muralha fala e eu só encaro ele

Querendo ou não eu tenho que concordar, desde o dia que ele me pediu em namoro e assumiu compromisso comigo mesmo, ele não pegou ninguém mais, não pelo que eu saiba

- Concordo, concordo - falo arrancando um sorriso do mesmo

Chegamos no baile, tava um barulho danado, entramos no baile e não conseguiria ficar lá embaixo, o apertado tava me sufocando.

- Vai subir ? - Muralha me perguntou

- Vou sim, tá me sufocando muita gente

- Vou dar ordem de não deixar ninguém subir - Muralha diz

- precisa não, é só não ter muita gente

- então, só vai ter nós

Subimos e vi Matarindo e Gabi dando uns pegas bom

- olha a putaria carai - Elisa fala

- Só fala porque tá sem Ana - Muralha diz

- Te fode - Eli

- Vocês incomodam que só o carai - Matarindo fala

- A gente tenta né pô - Muralha fala e olha pra Gabi - Tu ainda sai de casa gorda desse jeito ? o bom é que agora é só te botar no chão e sair chutando, bola da porra

Eu começo a rir junto com Elisa

- se fuder já foi ? - fala pra Muralha e olha pra mim - fica de boa que tu é a próxima

- Olha que ridícula

- já marcou uma consulta ? - Gabi pergunta

- Ainda não, amanhã eu marco com a mesma que a tua

- o mesmo, é um homem

- então vai não - Muralha diz

- Ele é de boa pô, é gay se não me engano - Matarindo fala

- é homem do mesmo jeito

- deixa do teu fogo - Gabi fala e completa - ele é o melhor, vai deixar tua cria nas mãos de qualquer um ?

- Só fala coisa pra entrar na minha mente pô - fala e vai pro bar

- Aí como eu queria beber - falo

- eu também, faz tempo que não sei o sabor de uma caipirinha - Gabi fala

- Nem me fala, vou ficar tão triste esses meses - digo

- Faz muralha parar de beber pô

- Matarindo parou ?

- Não, mas vale a pena tentar, Muralha tá todo besta por tu

- não vou brincar com a sorte - rio

A gente fica conversando alguma besteira enquanto Elisa tá com os meninos jogando dominó, ela é dupla de formiga, eu e Gabi senta ao lado deles e fica do observando, eu já joguei muito isso quando era mais nova, dava de 10x0 nos pirralha da rua pô

Muralha rouba demais pô, troca tanta peça puta que pariu, bota gato que só a porra também, uma vez bandido sempre bandido, mas Elisa não fica muito atrás não, cada vacilo é um roubo diferente, misericórdia.

- porra muralha, troca peça não caralho

- Vai tomar no cu, tu tá pegando 5 peça aí e formiga 7 pô.

- Mentira

--mostra quantas peças tu tem

- uma porra

Eu e Gabi fica rindo, tudo ladrão puta que pariu, no final Elisa e Formiga perde 20 conto pros meninos.

- Agora é nossa vez - Gabi fala botando 20 reais em cima da mesa

- ganhamos já - Muralha fala

- Tá duvidando da nossa capacidade ? - Gabi pergunta

- Não é isso amor, é que a gente é muito bom no que faz - Matarindo fala

- Vocês só sabem rouba - falo

- Sem roubo então - Muralha fala

- De boa, vamos

Ele mexeu e começamos a jogar

- Você vê que estamos na merda, quando vem pro baile pra jogar dominó - Elisa fala

- A barriga não deixa mais dançar - Gabi

- foi triste - Elisa fala e olha pra mim - por que tu não tá dançando ?

- tava sufocada lá embaixo - falo organizando minhas peças

A gente começa a jogar e os meninos metem logo uma cruzada.

- Eu disse - Muralha falou

- Acabou ainda não neném - falo pra ele

Eu sempre fui muito competitiva, nunca arrumava briga com ninguém não pô, só quando eu perdia, aí eu ficava muito puta pô, podia me dizer que não ia valer nada mas se tivesse ganhador pra mim tava de bom tamanho pra ser competitiva até o talo.

bati um lailou e a gente já tava mais um pouquinho perto deles né

Tava 5x5, era a última pra acabar, essa valia dois porque na outra deu contagem de ponto, que até agora acho que muralha roubou, mas de boa.

- Bati caralho - falo levantando

- foi sorte - Matarindo diz

- chora mais que eu deixo - Gabi fala

A gente fica conversando e fico dançando de lá de cima mesmo, tomando refrigerante, aff, queria uma cachaça

- eu daria tudo por uma cachaça pô - disse

- Vai ficar sem - Muralha diz tomando a cerveja dele

- Só um golinho, vai fazer mal nãp - digo

- um gole, nada mais - Muralha me entrega a cerveja

Dou um gole e pronto, matou minha vontade, não deve fazer mal só um gole né? tem gente que descobre depois de uns 3 meses e, bebi e não dá em nada.

- tu é doida - Gabi fala

- Só foi pra matar a vontade - digo

- né não, Natália é bebum pô - Eli

- Poxa, sou nada, só era acostumada com uma cachacinha

- Bebum, cachaceira - Elisa

Teve umas brigas, mas por causa de mulher, nada demais, Muralha descia dava um tiro pra cima e depois tudo voltava ao normal, não teve muito aperreio não, era umas 3:30 quando Gabi foi embora junto com Matarindo, eu desci pra dançar um pouquinho com Elisa me vigiando sentada no bar tomando umas doses

- Vem dançar Elisa - falo a ela

- danço não Nath

- Poxa véi

volto a dançar, só paro quando não aguento mais.

- Uma água por favor - peço ao barmen

- pra já

Ele me entrega a garrafinha e eu tomo, enquanto Elisa vira uma dose de tequila, ela não tava bêbada não, mas também não tava sóbria, ela ainda tava ficando um pouco altinha, mas nada que um café não resolva

- chegou quantas em tu ? - pergunto a ela

- umas peguetes, mas desenrolei o papo que tô comprometida e pá

- orgulho pra porra

- orgulho não pô, tô fazendo meu dever, tem que ter orgulho não.

- Uau - bato palmas pra mesma

- Vamos - muralha fala chegando em nós

A gente segue ele até o baile e assim que chegamos em casa, escuto os tiros, porra invasão, logo escuto o radinho de Muralha

- Tão invadindo chefe - B14

- Quem é porra ?

- Sabemos ainda não, patrão

- deixa subir não

- suave

Entro em casa junto com ele, que vai pegar suas armas, ele sempre esquece a porra do colete.

- bota o colete - entrego a ele, que logo coloca - toma cuidado, não quero tirar bala hoje

- Vou tentar, te amo - ele me dá um beijo e sai junto com Elisa, que sai com uma fuzil atravessada mas costas

- também te amo, cuidado - grito

me tranco no quartinho do porão, com uma arma na mão, nem sabia usar essa porra mas tava firme e forte apontando ela pra porta, só eu e Muralha tinha a chave dessa porta.

eu rezei e fiquei por quase duas horas lá, eram tiros e mais tiros tava só um pouquinho nervosa, tinha dado vontade de comer galinha cabidela, mas não era hora pra desejo e logo passou.

A porta é aberta e lá está muralha, procuro algum sinal de ferida nele e nada.

- graças a deus

- levei tiro não

- Matarindo ? Elisa ?

- todos estão bem, Matarindo tá com uns arranhões, mas nada que Gabi não consiga cuidar

- Elisa ?

- Levou um tiro, mas a bala atravessou, só foi fazer o curativo

- Tiro onde ?

- no ombro

- por que ela não veio p casa ? eu fazia

- ela não queria te preocupar

- é meu trabalho, remendar vocês.

- pode ir dormir agora, tu deve tá cansada

- tô morta

me levanto e a gente vai pro quarto, ele vai tomar um banho e eu só boto uma camisa dele e desmaio na cama de sono.

MURALHA - Narrando

Sai voado de casa, tudo nos conformes, dou minha leve rezada, tem que tá sempre no fortalecer né não.

- É a maré - escuto assim que chego na barreira

- VÃO SUBIR NÃO PORRA - falo

Eles não tava 100% não, nem tinha como ele treinar os moleques pra substituir todos que tinham morrido não, nem sabia se tinha outro sub, tinha nem noção pô

- A gente só quer Natália - falou um dos vapores da maré

- Formiga leva esse pro forno, quero ele vivo, tenho perguntas

Voltei a meter bala em geral

- FORMIGA LEVOU UM TIRO - B14

- ONDE ? - pergunto

- Tava de colete, esquece

- Susto da porra - Matarindo fala aparecendo do meu lado todo cheio de barro

- tava na outra entrada, estavam tentando entrar por trás

- Bando de filho da puta, toma cuidado aí - falo a ele

- tu também, vai ser pai vi carai

Ele corre pelo beco e eu continuo metendo bala, ninguém sobe aqui hoje não.

- ELISA LEVOU UM TIRO - senti meu chão cair

-ONDE CARALHO ?

- NO OMBRO

- LEVA ELA PRO POSTO AGORA, QUE DEPOIS COLO LÁ

Os pirralha levaram ela, a pior sensação que eu podia ter sentido, acabei de sentir, não podia perder ela, nem iria aguentar conviver com isso.

É balas e mais balas quando eles recebem a ordem de recua, não conseguiram subir nem umas duas ruas, a gente tava armado até os dentes, tudo equipado e treinados, brinco em serviço não, a gente perdeu dois vapores mas eles perderam muito mais, mandei os pirralha avisar a família.

Eu sempre pago o funeral e ainda dou um dinheiro pra família, pra tomar um rumo, não é muito mas dá pra pensar.

- manda organizar o enterro ? - Formiga fala todo arranhado

- Mais tarde a gente conversa sobre isso, vai dormir - falo montando na minha moto e puxando pro posto

- Elisa, tá bem ? - pergunto entrando no posto

- A bala atravessou pô, vou dormir aqui por conta dos remédios, mas logo to em casa

- qualquer coisa me liga que eu mando Natália

- Tá certo, precisa estressa ela com isso não, ela tá grávida

- eu não consigo mentir p ela, parece q ela sempre sabe a verdade pô

- meu deus, só paga de doido

- Ta certo

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Sei que num instante dormi, tava acabado de sono e todo dolorido.

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