No Coração da Fera romance Capítulo 9

Na manhã seguinte, quando Kaira acorda já passavam das 10h da manhã, ela fica um pouco na cama se perguntando como chegou até ali, afinal sua última lembrança da noite passada é ela sentada na frente da porta do quarto de seu marido. Ela levanta-se e vai até o banheiro fazer sua higiene pessoal e quando sai do quarto fica surpresa com todas as coisas em frente a sua porta, tem diversas araras de roupas, sapatos, acessórios e joias, ela começa a mexer nas roupas procurando o celular que sua amiga disse que mandaria.

– Sra. Keller, bom dia. – Diz Anabela se aproximando.

– Sra. Doertz, bom dia.

– A senhora não precisa se preocupar, eu vou arrumar todas essas coisas do seu closet.

– Não se incomode eu mesma faço. – Responde ela sem pensar.

– De maneira nenhuma, o Sr. Keller me mata se eu permitir.

– Para isso ele tem que sair do quarto, o que já ficou claro que ele não pretende fazer tão cedo. Ele não é capaz nem de abrir a boca para mandar eu parar de bater na porta dele.

– Sra. Keller, desça para tomar café.

– Você tem a chave do quarto do meu marido? Quero que ele me olhe nos olhos e me diga o porquê de tudo isso!

– Apenas o Sr. Schneider e a senhora Rose, tem.

– Senhora Rose?

– Ela cuida de Keller desde a infância, e hoje ela é a única que cuida dele, com o Sr. Schneider. Mas de qualquer forma, não adiantaria, o Sr. Keller passou mal durante a madrugada e o Sr. Schneider o levou para a casa do centro da cidade com a senhora Rose, pois é mais perto do hospital e do médico dele. – Diz ela sem encarar Kaira, que consegue entender como chegou até a sua cama.

– Ele sempre foi recluso assim? Quer dizer, da sociedade eu sei que sim, mas até na sua própria casa ele sempre foi assim?

– Eu sou nova aqui, todos os empregados são, chegamos a poucos dias a pedido do Sr. Schneider, ainda não conheci o senhor Keller, os cuidados dele são todos realizados pelo Sr. Schneider e a senhora Rose, não temos permissão de entrar no quarto. Mas o meu marido, ouviu alguns comentários na casa da cidade, que antes de morrer a antiga governanta informou que ele veio para cá, devido a uma mulher, a antiga senhora não permitia ninguém além dela e da governanta nessa casa, nem mesmo a Sra. Rose a conheceu, dizem por aí, que ele gastou uma fortuna com ela para provar o seu amor, então ele descobriu uma traição dela e desde então ele nunca mais saiu daquele quarto.

– Nossa, que droga. – Diz ela baixando o olhar. – Imagino que ele acha que a traição foi devido a sua aparência e não pelo mau-caráter dela. Quem é o seu marido?

– Jasper Doertz.

– O motorista? Então ele deve conhecer o meu marido, afinal ele deve levar ele de um lado ao outro.

– Não senhora, ele não o conhece, é o Sr. Schneider que cuida de tudo, pelo que entendemos eles são amigos há muitos anos.

– Entendi, tudo bem. Desça e me prepare um café, por favor. – Diz ela afastando a governanta, para poder encontrar o celular.

– Claro, com licença. – Logo que a governanta vira no corredor, ela começa a procurar desesperada pelo celular e não encontra nada.

– Mas que droga. – Resmunga ela enquanto caminha pelos corredores daquela casa, observando cada detalhe. – Sra. Doertz, eu quero que troquem todas essas cortinas escuras por claras e todas as manhãs as janelas devem ser abertas, todas elas. – Diz ela entrando na sala de jantar.

– Claro, vamos aguardar o Sr. Schne..

– Acho que você não entendeu ainda, eu não preciso da aprovação dele para nada, uma vez que eu sou casada com o Sr. Keller, eu sou a dona da casa, por favor se retire e vá cuidar do que pedi. – Ela senta-se para tomar café, enquanto observa a governanta se retirar com os cantos dos olhos.

Enquanto Kaira toma café tranquilamente, Anabela não vê alternativa a não ser obedecer, então ela reúne a equipe de funcionários e dá ordens para as mudanças.

– Todas as cortinas devem ser trocadas por cortinas num tom claro e as janelas devem ser abertas, todas as manhãs vocês vão abri-las e no final da tarde fechá-las. Alguma dúvida? – Os empregados que estão todos em fila, meneiam as cabeças em negativa. – Então se retirem e vão trabalhar.

– Meu amor, está tudo bem? – Questiona Jasper ao notar a tensão da esposa, logo que entra na sala.

– Mais ou menos, a senhora Keller é um pouco difícil de lidar. Eu preciso subir, tenho que arrumar o closet dela. – Jasper a segura pela mão e a puxa para um beijo.

– Você está doido? – Questiona ela se afastando.

– O que tem demais, os seguranças me falaram que o Sr. Schneider saiu ainda de madrugada. É verdade que ele levou o Sr. Keller?

– Mas a senhora está em casa, então se comporte. Acredito que sim, pois a senhora Rose também não está, o Sr. Keller não deve estar se sentindo bem.

– Quando será que vamos poder conhecê-lo?

– Eu não sei, mas sinceramente, não faço questão, se ele for tão problemático quanto ao homem que ele permitiu que gerencie as coisas dele, nossas vidas serão infernais. – Diz ela rindo subindo as escadas.

Na casa da família Zimmermann, eles recebem a visita de Adolph.

– Sr. Zimmermann, bom dia. Eu sou Adolph Karps, sou advogado e trabalho para a família Keller.

– Bem-vindo a minha casa, minha filha não está dando problemas, está?

– Claro que não, por enquanto o Sr. Keller não reclamou, estou aqui apenas para pegar a documentação dela.

– Claro, querida você pode buscar? – Diz ele olhando para Magdalena.

– Claro, volto já. – Diz ela saindo da sala de estar.

– Então Sr. Karps, quando o Sr. Keller vai nos chamar até a sua casa? Somos a família da esposa dele.

– Ele não gosta muito de visitas, então não sei informar ao senhor quando isso acontecerá.

– Bom dia papai. – Diz Norabel entrando na sala, recebendo os olhares do homem desconhecido.

– Minha princesa, bom dia. Filha, esse é o Sr. Adolph Karps, um dos advogados da família Keller, Sr. Karps, essa é minha filha mais nova, Norabel. – Ela dá um sorriso tímido ao homem.

– Muito prazer Srta. Zimmermann. – Diz ele estendendo a mão a ela, que aperta, a todo instante deixando transparecer sua timidez.

– Prazer. – Diz ela baixinho, quase se escondendo atrás do seu pai, Norabel parece uma menina doce e ingênua.

– Aqui está, Sr. Karps os documentos de Kaira. – Diz Magdalena ao retornar a sala. – Nos acompanhe no café da manhã?

– Eu adoraria, mas infelizmente não posso, vou encontrar o outro advogado da família Keller, e ele é tão mal-humorado como o próprio Sr. Keller, não quero problemas com ele. – Diverte-se ele. – Obrigado por isso. Foi um prazer conhecer vocês.

– O prazer foi nosso. – Diz Caio o acompanhando até a porta.

Assim que saiu da casa dos Zimmermann, Adolph vai direto para o hotel encontrar Levi, ele vai até à cobertura e bate na porta.

– Então, como foi? – Questiona Levi assim que abre a porta.

– Achei que você iria para a casa aqui do centro da cidade. Estou com os documentos dela, mas o contrato está no meu escritório. – Ele alcança os documentos para Levi que olha a assinatura dela.

– Sua falta de inteligência me assusta, o que farei apenas com os documentos?

– Para de encher meu saco Levi, você não vai fazer porra nenhuma, porque você não é especialista! Eu só passei aqui para te ver. Por que está aqui?

– Olha como você fala comigo, eu não ligo que somos amigos, eu estou com tanta raiva acumulada em um dia ao lado daquela mulher, que não me importo em descarregar em você. Eu estive na casa do centro durante a madrugada, mas preferi vir ficar aqui, não gosto daquele lugar.

– As casas dos Keller são assustadoras. E como foi com ela?

– Ela me confunde, ela disse que é virgem, o que não faz sentido, será possível que ela enganou o idiota do Christoph até nisso?

– É uma possibilidade, ele sempre foi muito ingênuo e inseguro devido à sua aparência.

– Ela lembrou-se que eu estava nessa suíte com ela, na noite anterior. Eu vou levar ela numa consulta, pois ela está gritando aos quatro ventos que eu a estuprei, eu não toquei nela, eu juro que pensei em fazer, mas me arrependi e para ajudar ela estava drogada, eu jamais faria isso. Para o bem dela que ela seja virgem, pois se for mais uma mentira dela, ela sairá em um caixão daquele consultório.

– Por que está fazendo isso?

– Eu tenho que saber com que tipo de mulher estou lidando, você também leu aquela carta. As informações não batem!

– Levi, Levi, que merda tudo isso, eu sei que não batem, mas porra é melhor deixar para lá. Como ela está lidando com a ideia de estar sobre o mesmo teto que ele?

– Foi o que mais me deixou confuso, ela pede o tempo todo para falar com ele, como se não se importasse que ele a reconheça, durante a madrugada, ela ficou implorando na porta do quarto, até adormecer. Ela é muito ardilosa.

– Levi, acho um jogo bem perigoso esse que você está fazendo, pegue suas coisas e volte para a França, esqueça isso de vez.

– Eu nunca esquecerei isso, nunca. Então apenas siga as minhas ordens e pare de me dizer o que fazer.

– Você que sabe! Eu conheci a outra filha da família Zimmermann, uma beldade, casaria facilmente com aquela mulher, ela tem uma inocência no olhar que quase fez eu perder o controle do meu corpo.

– Pelo amor de Deus Adolph, corta essa, você não pode ver uma mulher que sempre fala o mesmo. – Adolph gargalha com aquela frase, pois é verdade.

– Você me conhece melhor do que ninguém. – Diverte-se ele.

– Eu vou voltar para a casa de campo, me mantenha informado. – Diz ele saindo do quarto.

– Deus, me dê paciência para aguentar o meu amigo. – Resmunga ele saindo da suíte também.

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