Na manhã seguinte, quando Kaira acorda já passavam das 10h da manhã, ela fica um pouco na cama se perguntando como chegou até ali, afinal sua última lembrança da noite passada é ela sentada na frente da porta do quarto de seu marido. Ela levanta-se e vai até o banheiro fazer sua higiene pessoal e quando sai do quarto fica surpresa com todas as coisas em frente a sua porta, tem diversas araras de roupas, sapatos, acessórios e joias, ela começa a mexer nas roupas procurando o celular que sua amiga disse que mandaria.
– Sra. Keller, bom dia. – Diz Anabela se aproximando.
– Sra. Doertz, bom dia.
– A senhora não precisa se preocupar, eu vou arrumar todas essas coisas do seu closet.
– Não se incomode eu mesma faço. – Responde ela sem pensar.
– De maneira nenhuma, o Sr. Keller me mata se eu permitir.
– Para isso ele tem que sair do quarto, o que já ficou claro que ele não pretende fazer tão cedo. Ele não é capaz nem de abrir a boca para mandar eu parar de bater na porta dele.
– Sra. Keller, desça para tomar café.
– Você tem a chave do quarto do meu marido? Quero que ele me olhe nos olhos e me diga o porquê de tudo isso!
– Apenas o Sr. Schneider e a senhora Rose, tem.
– Senhora Rose?
– Ela cuida de Keller desde a infância, e hoje ela é a única que cuida dele, com o Sr. Schneider. Mas de qualquer forma, não adiantaria, o Sr. Keller passou mal durante a madrugada e o Sr. Schneider o levou para a casa do centro da cidade com a senhora Rose, pois é mais perto do hospital e do médico dele. – Diz ela sem encarar Kaira, que consegue entender como chegou até a sua cama.
– Ele sempre foi recluso assim? Quer dizer, da sociedade eu sei que sim, mas até na sua própria casa ele sempre foi assim?
– Eu sou nova aqui, todos os empregados são, chegamos a poucos dias a pedido do Sr. Schneider, ainda não conheci o senhor Keller, os cuidados dele são todos realizados pelo Sr. Schneider e a senhora Rose, não temos permissão de entrar no quarto. Mas o meu marido, ouviu alguns comentários na casa da cidade, que antes de morrer a antiga governanta informou que ele veio para cá, devido a uma mulher, a antiga senhora não permitia ninguém além dela e da governanta nessa casa, nem mesmo a Sra. Rose a conheceu, dizem por aí, que ele gastou uma fortuna com ela para provar o seu amor, então ele descobriu uma traição dela e desde então ele nunca mais saiu daquele quarto.
– Nossa, que droga. – Diz ela baixando o olhar. – Imagino que ele acha que a traição foi devido a sua aparência e não pelo mau-caráter dela. Quem é o seu marido?
– Jasper Doertz.
– O motorista? Então ele deve conhecer o meu marido, afinal ele deve levar ele de um lado ao outro.
– Não senhora, ele não o conhece, é o Sr. Schneider que cuida de tudo, pelo que entendemos eles são amigos há muitos anos.
– Entendi, tudo bem. Desça e me prepare um café, por favor. – Diz ela afastando a governanta, para poder encontrar o celular.
– Claro, com licença. – Logo que a governanta vira no corredor, ela começa a procurar desesperada pelo celular e não encontra nada.
– Mas que droga. – Resmunga ela enquanto caminha pelos corredores daquela casa, observando cada detalhe. – Sra. Doertz, eu quero que troquem todas essas cortinas escuras por claras e todas as manhãs as janelas devem ser abertas, todas elas. – Diz ela entrando na sala de jantar.
– Claro, vamos aguardar o Sr. Schne..
– Acho que você não entendeu ainda, eu não preciso da aprovação dele para nada, uma vez que eu sou casada com o Sr. Keller, eu sou a dona da casa, por favor se retire e vá cuidar do que pedi. – Ela senta-se para tomar café, enquanto observa a governanta se retirar com os cantos dos olhos.
Enquanto Kaira toma café tranquilamente, Anabela não vê alternativa a não ser obedecer, então ela reúne a equipe de funcionários e dá ordens para as mudanças.
– Todas as cortinas devem ser trocadas por cortinas num tom claro e as janelas devem ser abertas, todas as manhãs vocês vão abri-las e no final da tarde fechá-las. Alguma dúvida? – Os empregados que estão todos em fila, meneiam as cabeças em negativa. – Então se retirem e vão trabalhar.
– Meu amor, está tudo bem? – Questiona Jasper ao notar a tensão da esposa, logo que entra na sala.
– Mais ou menos, a senhora Keller é um pouco difícil de lidar. Eu preciso subir, tenho que arrumar o closet dela. – Jasper a segura pela mão e a puxa para um beijo.
– Você está doido? – Questiona ela se afastando.
– O que tem demais, os seguranças me falaram que o Sr. Schneider saiu ainda de madrugada. É verdade que ele levou o Sr. Keller?
– Mas a senhora está em casa, então se comporte. Acredito que sim, pois a senhora Rose também não está, o Sr. Keller não deve estar se sentindo bem.
– Quando será que vamos poder conhecê-lo?
– Eu não sei, mas sinceramente, não faço questão, se ele for tão problemático quanto ao homem que ele permitiu que gerencie as coisas dele, nossas vidas serão infernais. – Diz ela rindo subindo as escadas.
Na casa da família Zimmermann, eles recebem a visita de Adolph.
– Sr. Zimmermann, bom dia. Eu sou Adolph Karps, sou advogado e trabalho para a família Keller.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: No Coração da Fera