Nossa Vida a "Três": Muito Apertado! romance Capítulo 246

Antônio deixou de lado a brincadeira de antes e agora me olhava em silêncio. Seu olhar ardente aos poucos deu lugar a uma expressão tensa, como se estivesse nervoso ou apreensivo.

Sua garganta se moveu involuntariamente, como se ele estivesse lutando para engolir alguma coisa, aparentemente esperando pela minha resposta.

Meus pensamentos se desviaram, levados por suas palavras, e me vi lembrando do passado.

Naquela época, eu o achava insuportável. Ele era um rapaz de estrutura grande e sua cabeça parecia pesada demais, fazendo com que meus ombros doessem com seu peso.

Ele não sabia como controlar sua força como faz agora, nem medir suas ações, muito menos olhar para mim com aquela intensidade que parecia queimar por dentro.

Eu tinha acabado de sair de um relacionamento. Como eu poderia sair de uma situação complicada e me lançar em uma situação ainda pior?

Eu não achava que poderia ser como Otávio, que parecia não se importar com quem estava ao seu redor.

Além disso, se eu fosse começar algo com alguém, seria com meu rival de infância?

Será que eu estava procurando mais problemas?

Embora ele parecesse ter mudado muito...

Minha hesitação era evidente em meus olhos, tingidos de tristeza.

De repente, ele disse: "Você ainda gosta do Otávio?"

"Não!" - Respondi rapidamente, como se tivesse ouvido algo nojento: "Mas... é que..."

"Esqueça, eu não quero ouvir isso!" - Ele interrompeu com autoridade: "Elvira! Eu já me diverti muito em minha vida, mas desta vez é sério. Eu realmente gosto de você e quero ficar com você!"

Um choque percorreu meu corpo, e eu recuei instintivamente até esbarrar na porta do carro, sem ter para onde fugir...

Sempre me considerei alguém experiente, por já ter sido casada, mas nunca imaginei que um dia seria tão abertamente declarada por um rapaz mais novo.

"Quando você ainda era casada, eu não queria ultrapassar os limites. Tinha medo de você fugir ou de prejudicar sua reputação..." - A voz de Antônio falhou, e seus olhos se encheram de lágrimas.

As palavras de Antônio eram convincentes, mas algo dentro de mim sentia uma desconexão com o homem que eu lembrava.

Sentindo-me dividida, meu coração começou a aquecer. O amor que Antônio mencionava era exatamente o tipo de amor pelo qual eu sempre lutei.

Mas já tinha tentado algo assim antes, e o final não foi nada além de decepção e dor.

"Eu não sei se gosto de você."

Se eu não conseguisse entender meus próprios sentimentos e começasse algo com ele, qual seria a diferença de Otávio me aceitar com relutância? Eu não queria ser a pessoa que se machucou, machucando-o em troca.

De repente, Antônio se inclinou para frente, segurando meu rosto entre suas mãos. Seus olhos brilhavam com uma intensidade quase hipnótica, como se carregassem uma emoção diferente, tentando me seduzir: "Me beije, não acredito que você não sinta nada por mim."

Meu coração palpitava incontrolavelmente. Não ousava encará-lo. Minha mente estava tão agitada que minha boca estava seca.

Vi seus lábios se aproximarem cada vez mais de mim, quando de repente um forte feixe de luz de um carro veio em nossa direção, ferindo meus olhos...