Nossa Vida a "Três": Muito Apertado! romance Capítulo 324

Otávio mal tinha se deitado, e eu, achando que ele já estava profundamente adormecido, não me preocupei em me afastar para falar ao telefone.

Para minha surpresa, aquele sujeito fingiu dormir e escutou toda a conversa entre mim e Hortencia com atenção.

Assim que desliguei o telefone, senti o braço de Otávio esticar-se até minha cintura e, após um breve momento de resistência, encontrei-me deitada em seus braços.

Ele parecia ainda dormindo, com os olhos fechados e uma preguiça espalhada pelo corpo, o que fez meu coração apertar de uma forma silenciosa e difícil de explicar.

A casa de sempre, o mesmo quarto, o mesmo homem, os mesmos gestos.

Até o movimento quase instintivo dele, ao deslizar a mão sob minha camisola, era o mesmo.

Sua mão queimava minha pele como fogo.

Seu hálito quente soprava em meu pescoço quando ele disse: "Posso ajudar com a empresa, mas não quero ouvir o nome de Antônio saindo da sua boca novamente."

Por alguns segundos, fiquei tensa, cobri sua mão com a minha, tentando me afastar de seu abraço.

A proposta casual dele me soava como esmola.

Ele me oferecia favores com sua riqueza e poder tão desdenhosos: "Não preciso disso, Otávio."

O reencontro com Dalmo sempre me pareceu uma daquelas ironias do destino.

Na época, quando vendi as ações, Otávio me ajudou a negociá-las por um valor acima do preço de mercado. Agora, se surgir uma oportunidade de comprá-las de volta em segredo, com a habilidade de Dalmo, não deverá haver nenhum problema.

Afinal, minha mãe também assumiu o Grupo Gattas sem conhecimento algum, e eu confiava completamente na capacidade de Dalmo.

Se no fim Otávio realmente decidisse não ajudar Antônio, talvez eu pudesse encontrar uma solução com minhas próprias forças.

Se eu ainda fosse aquela diretora influente do Grupo Gattas, talvez a Família Barros me concedesse algum crédito.

Um arrepio percorreu minha espinha.

Conversar com Otávio era sempre como dançar com uma serpente venenosa.

Ele era perigosamente sagaz, mas sempre tentava se esconder. Eu fingia firmeza, mas temia um ataque repentino.

A distância entre nós era de menos de um metro, mas parecia um abismo, uma separação impossível de transpor.

Eu estava prestes a me levantar quando a porta do quarto foi aberta de repente. Sófia entrou correndo, parando ao me ver ali.

"Elvira..."

Sua voz saiu quase num sussurro: "Otávio, como você pôde fazer isso? Fingiu me enviar para a casa do Sr. Hugo e, quando volto, encontro outra mulher aqui!"