Nossa Vida a "Três": Muito Apertado! romance Capítulo 83

Sófia mordia os lábios vermelhos, seus olhos também estavam úmidos, repletos de uma sombra de tristeza.

Quando a vi parada bem atrás de mim e de Otávio, fiquei atônita.

Ele não sabia quanto tempo ela havia ficado ali, ou quanto tempo havia observado. Talvez ela nem tivesse se afastado, observando por horas a fio.

Em outras palavras, havia uma grande possibilidade de que ela tivesse testemunhado todo o constrangimento que Otávio havia me causado!

Seus olhos estavam avermelhados e sua mente parecia tão perturbada que ela abandonou todas as máscaras, agindo quase que por puro instinto.

Aproveitando-se de um momento em que abaixei a cabeça, ela correu para o chão, pegou uma tesoura e cortou meu cabelo, gritando: "Devolva-me meu irmão! Devolva-me meu irmão!"

Ela gritava histericamente.

Naquele momento, o tempo parecia ter parado. Ninguém falava, ninguém se movia, apenas meu cabelo caía suavemente no chão.

Cada fio parecia pesar uma tonelada em meu coração.

Será que a Família Barcelos tinha se viciado em me humilhar?

Não sei de onde veio a força, mas, em um impulso, peguei a máquina de tosa para cães que estava no chão, agarrei Sófia pelos cabelos, puxando-a para o chão, e passei a máquina bem perto de seu couro cabeludo.

"Você gosta de cortar o cabelo, não é?"

"Então eu prefiro deixar careca!"

Vendo o couro cabeludo branco e macio de Sófia aparecer, eu ri, mas senti que ainda não era o bastante.

Só depois do segundo corte ela reagiu, começando a chorar desesperadamente.

Eu já estava fraca, e a diferença de força entre homens e mulheres era notável, ainda mais depois de ter sido tratada daquela forma por Otávio.

Quando ele me empurrou, não tive como reagir.

Com um som estrondoso, fui lançada contra a parede!

A dor em minhas costas era insuportável, como se todos os meus órgãos internos estivessem deslocados.

Otávio era parcial, sempre ao lado de Sófia. Eu já estava acostumada e, quando os via abraçados, dizia a mim mesma que não estava triste...

Observei a cena ridícula com frieza e ri.

Otávio envolveu Sófia em seus braços, me olhou feio e disse: "Você ainda se atreve a machucá-la!".

Meus olhos estavam ardendo, mas eu não tinha vontade de discutir.

"Então eu vou voltar e acertar as contas com você!".

Ele deu um suspiro de alívio, virou-se para me proteger e voltou a ser aquele jovem irreverente.

Ele ordenou: "Rápido".

Liberato deu um passo à frente, falando com Otávio: "Solte-a!"

Ele abriu o mandado de prisão, mostrando-o a Otávio: "Você não pode levá-la!"

"Posso soltá-la, mas ninguém leva alguém da Família Barcelos na minha frente." - Otávio não gostava de ser ameaçado, ainda mais quando há anos ninguém ousava falar assim com ele.

Ele sorriu com desdém, visivelmente desdenhoso.

Sófia se agarrou com força às roupas de Otávio, com medo de ser deixada para trás.

Otávio acariciou gentilmente seu ombro para tranquilizá-la.

Levantou levemente os olhos, sem demonstrar nenhum sinal de pânico, e olhou para Antônio: "O que o Sr. Barros está fazendo?"

Seu olhar penetrante me assustou, e eu, que estava atrás de Antônio, não pude deixar de ser afetado por ele, fazendo com que meu corpo involuntariamente amolecesse e recuasse até que eu estivesse encostado na parede.

Antônio deu um passo sutil, posicionando-se ainda mais firmemente na minha frente: "Estamos apenas cumprindo a lei, Otávio. Você ouviu o que o chefe da delegacia de homicídios disse. Somos todos cidadãos que respeitam as regras, você não iria querer atrapalhar o trabalho deles, não é?"