Nosso Passado Capítulo Dois - 1

Parte 1...
Mathias estava focado no documento aberto em sua tela do notebook. Há dois dias estava ocupado com a burocracia da empresa, o que era uma chatice e que o mantinha ocupado até demais para o gosto dele, que preferia ficar no campo.
Sua secretária bateu na porta e abriu um pouco.
— Entre, Priscila.
Ela entrou trazendo uma bandeja pequena com café e colocou a xícara na mesa ao lado do notebook.
— Tem duas chamadas de sua prima, Camila - informou.
— Na certa quer me pedir outro empréstimo - tirou os óculos.
— Ela disse que tem algo importante para lhe falar. Pediu que ligasse para ela assim que possível.
Camila era sua prima em segundo grau e tinha uma língua maior do que o corpo. Adorava três coisas. Dinheiro, fofoca e homem. Não se dava bem com nenhum deles.
Ele mesmo já a ajudara com um empréstimo que ela levou quase três anos para pagar de volta. Mas não era de ligar para ele no trabalho. Ficou curioso.
— Obrigado, Priscila. Vou ligar para ela.
— Ok. Volto daqui a pouco para pegar a xícara e trazer a pasta que pediu - fechou a porta.
Ele pegou o telefone da mesa e ligou para a prima esperando que fosse algo rápido. Não tinha muita paciência. Só não esperava ouvir o que ela tinha a lhe dizer.
— Tem certeza de que era mesmo ela? - seu coração levou um baque.
— Mas é claro. Se eu falei com ela, Mathias.
O coração dele deu uma batida fora do compasso.
— Não soube que a avó dela morreu?
E como ele saberia? Ele ainda tinha procurado pela avó dela um tempo depois, mantendo a esperança de que lhe dissesse onde estava a neta, mas acabou desistindo quando ela lhe disse que havia perdido contato com Anelise. Nunca mais a procurou.
— Ela deve ter ficado com a casa - Camila disse.
— E... Como está ela?
— A mesma coisa - ela disse rápido — O cabelo está mais longo, o corpo mais esguio, mas me parece a mesma garota que roubou vocês no passado - soltou de modo crítico.
— Ela não roubou nada - a corrigiu — Você sabe muito bem que retiramos a acusação - não gostou dela ter dito isso.
— Foi um modo de falar - respondeu sem jeito.
— Então mude o modo - disse frio.
— Você vai atrás dela? - questionou curiosa.
sei se isso lhe diz respeito, Camila - a cortou — Era só isso o que queria
— Sim - respondeu sem graça.
— Então já me disse e eu estou muito ocupado. Até mais.
Desligou rápido. Levantou e foi até a janela observar o movimento lá embaixo na praça. A cabeça puxando o passado.
da empresa ocupava todo o quarto andar do prédio. Lá embaixo o movimento de pessoas atravessando a praça era grande e os carros passavam apertados entre os que estavam
a cabeça no vidro pensando. Ele tinha ido até a casa de Lourdes algumas vezes, logo que Anelise sumira. Tinha certeza de que a avó saberia onde ela estava, mas era sempre
ver que estava ressentida e
última vez em que a viu foi quando passou em frente da casa há uns quatro anos e estava movimentada com homens entrando e saindo carregando material
a pensar que ela tinha vendido a casa, mas na verdade fez uma reforma grande e renovou todo o imóvel. Como ela fez isso com salário de aposentada ele não
Anelise havia voltado, mas após alguns meses passando por lá, viu que
deixando pra lá e desistiu de procurar por ela. Era muito difícil encontrar uma pessoa em uma cidade tão grande e se ela tivesse mudado para outro estado seria mais complicado, ainda mais se a pessoa não queria ser
algo estranho dentro do peito. Tipo um aviso de que as coisas iriam mudar. Não sabia se para melhor. E essa sensação costumava deixá-lo um pouco receoso do
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se passara quarenta e oito horas desde que tocara o chão da cidade e até o momento nenhum dos Mazzaros dera o ar da graça na casa