Parte 2...
Ela recebia uma pequena pensão do governo pelos anos de trabalho na fábrica de sapatos, mas depois que Anelise se casou com Haroldo, começou a receber uma mesada que ele lhe enviava.
No início ela se negou, porém Haroldo era ótimo para convencer os outros e ela aceitou. Isso fez com que vivesse mais tranquila, sabendo que a avó não tinha mais problemas com dinheiro.
Anelise não sabia bem quanto tempo ela ficaria na cidade, mas esperava que fosse pouco. Só o suficiente para finalizar seu plano e nem um dia a mais.
O quarto que tinha sido da avó ficaria para ela agora e o dela iria montar um pequeno escritório para poder trabalhar e falar com a família. Apesar de estar longe, não deixaria de ficar ligada no que acontecia por lá.
Não era nada fácil estar ali após todos os anos e passou um bom tempo chorando, deitada na cama da avó, abraçada ao seu travesseiro. Chorou tanto que ficou sem lágrimas.
Respirou fundo. Ela sabia de quem era a culpa por não ter cuidado da avó como seria o certo. Perdeu dez anos dela.
Ela usaria o tempo para trabalhar em seu plano e também estando longe da empresa, poderia trabalhar como queria e adiantar o que fosse possível para quando voltasse para casa.
Teria mais tempo com seus pequenos quando voltasse, o que era muito bom porque vinha trabalhando demais e seu tempo com as crianças estava apertado, o que ela não gostava, porque queria estar presente nas vidas dele.
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Terminou de beber o café e lavou a xícara de porcelana com o desenho de uma vaquinha, bem o jeito da avó, que adorava canecas e acabou fazendo uma coleção.
Em um armário ao lado da geladeira ela guardava todas as canecas que havia comprado. Poucos mais de sessenta, cada uma diferente da outra. Ela levaria quando retornasse. Talvez até desse continuidade a esse hobby, como um jeito de ficar perto da avó.
As poucas coisas que havia comprado já estavam acabando. Teria que sair e comprar mais, o que seria bom porque iria aproveitar para ser vista, além de ter a chance de agir como antes, já que há anos ela tinha empregados que faziam as compras e dois cozinheiros particulares que preparavam refeições perfeitas.
Precisaria ter muita coragem e controle para continuar. Dessa vez iria mais longe para fazer as compras. Pegaria um ônibus até a praça onde se localizava a empresa Mazzaro e passearia por lá. Havia um supermercado antigo bem perto.
Ela poderia comprar suprimentos lá e torcer para para que alguém da família a visse. Já estava em contato com a empresa que pretendia fazer a compra e rebater a proposta da família Mazzaro, mas eles não sabiam que era ela. Queria ser vista como a de antes.
Hoje era o contrário. Era uma mulher forte de vinte e seis anos que aprendera com o sofrimento e agarrara todas as chances de mudança. Era mãe de duas crianças perfeitas, viúva de um homem incrível e poderoso que a ensinara a lutar e era muito rica.
Muitas vezes mais rica do que a família Mazzaro.
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Ela saiu do supermercado carregando as sacolas de compra. Já tinha atravessado a praça devagar, olhando as novas lojas em volta. Havia um centro odontológico que antes não estava lá quando ainda morava na cidade. O piso da praça também não era mais o mesmo, havia sido todo trocado.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Nosso Passado
O poder do perdão é algo muito poderoso é realmente libertador......
Essa coisa de que ela tem q ficar persuadido ele como se ela fosse mãe e ele filho, tá um porre. Homem pode ser machista, liberal, idiota ou o q quiser, mas infantil e inconsequente não dá, pq o azar é dele, mulher não tem q ficar adulando infantilidade....