Novo Começo, Nova Vida romance Capítulo 1951

Otávio, um homem tão desprezível, nunca mereceu ser pai dela. Neste mundo, provavelmente não se encontraria outro pai como Otávio: rejeitava a própria filha de sangue, mas insistia em se apegar a uma que acolhera por acaso.

Ainda bem que Otávio já tinha morrido, pois, do contrário, toda vez que visse aquela cena de “amor paternal e filial” entre eles, provavelmente não conseguiria conter o impulso de cometer um homicídio.

Afinal, naquele momento, ela já não possuía mais nada; até mesmo a capacidade mais básica de uma mulher tinha perdido. Estava sobrevivendo como um cão, então nada mais lhe importava. Só desejava que aqueles a quem odiava vivessem também nessa miséria, arrastando-se pelo mundo como ela.

Paola observava o sangue escorrer em gotas grossas do dedo de Cecília e cair sobre a foto. Sentiu-se alarmada e, instintivamente, empurrou Cecília com ambas as mãos.

Na verdade, ela não usou muita força; foi apenas um reflexo de aflição. Mas, para sua surpresa, Cecília acabou caindo no chão, com o quadril atingindo os cacos de vidro espalhados.

“Ah!” Cecília gritou de dor.

Naquele momento, Leandro, Frederico e Rosangela chegaram à porta do quarto de Paola. Os três pretendiam subir para ver os quartos e, sabendo que Cecília estava no quarto de Paola, decidiram aproveitar para visitar o ambiente.

Rosangela e Frederico comentaram com Leandro que não voltavam ao Parque dos Nobres havia vinte anos e desejavam visitar o lugar.

No entanto, ao chegarem à porta, testemunharam a cena: Paola empurrava Cecília, que caía no chão e se sentava bem em cima dos cacos de vidro.

“Ah!”

“Ai, ai, ai!”

“Ai meu Deus!”

“Ai, tá doendo muito, muito, tá insuportável!”

“Não aguento mais de dor!”

“Talita, por que você me empurrou agora há pouco?!”

Depois de recolher as fotos, viu que estavam cobertas de sangue. Rapidamente foi até o criado-mudo, pegou um lenço de papel e começou a limpar cuidadosamente as manchas de sangue nas fotos.

Mas, por mais que tentasse, as manchas não saíam completamente. Sentiu-se frustrada e, finalmente, virou-se para Cecília e gritou:

“Carina, por que você quebrou o porta-retratos?”

“Você fez isso de propósito?”

“Você sabia o quanto essa foto é valiosa para mim?”

“Olhe só, agora a imagem está toda borrada, nem dá para ver o rosto direito.”

“Como você pôde fazer isso?”