O Amor Perdido romance Capítulo 106

Um homem estava parado no corredor, do lado de fora da porta do quarto. Ele segurava o relatório médico de Rosalie em uma das mãos, enquanto a outra foi colocada graciosamente no bolso do terno. Em silêncio, ele observou Dorothy deitada na cama.

Ele sorriu enquanto via os dedos dela entrelaçados com os de Juelz.

Ele também viu quando Dorothy encontrou o olhar de Juelz, seus olhos cheios de amor e o rosto corado.

Credence observou os dois em silêncio, com sua expressão fria.

Ele estivera ocupado procurando por todos os tipos de evidências, que pudessem provar a inocência de Dorothy e que Rosalie a incriminara. Mas, ali estava ela, deitada na cama junto com outro homem e eles sussurravam um para o outro.

E daí se ele tivesse ordenado que Benjamin levasse os papéis do divórcio?

Se ela realmente o amava tanto, como pode em tão pouco tempo se afeiçoar a Juelz?

Ou talvez o amor deles não tivesse sido nada especial.

Ele mudou seu olhar frio das mãos de Dorothy e Juelz, para o abdômen saliente, o qual não dava mais para esconder. Suas pupilas se contraíram, mas ele permaneceu inexpressivo.

Quando Credence entrou no quarto, uma corrente de ar frio veio junto. Ele parou diante de Dorothy, olhando-a com frieza e perguntou: “Você tem alguma objeção ou algo acrescentar sobre o divórcio?”

"Objeção? Algo a acrescentar?"

Dorothy ficou atordoada, por um momento. Ainda tentando recobrar os sentidos, percebeu que sua mão direita ainda segurava a mão de Juelz. Ela entrou em desespero e logo puxou sua mão de volta, como se estivesse segurando uma batata quente.

Ela não entendia o motivo para o pânico, nem o por que da sensação de culpa. Mas, enquanto Credence estivesse ao seu lado e a encarasse, seu coração batia descontrolado e o desconforto se apossava de sue corpo, ela não sabia o que fazer.

Suas feições eram tranquilas como as águas de um lago. Ele estreitou os olhos e desviou seu olhar, que antes retesava sobre o abdômen protuberante, para Juelz, o qual se levantou repentinamente para encará-lo. Um sorriso frio contorceu-se em seus lábios: “Desde que ela se casou comigo, tudo o que ela comeu, bebeu e importou, está avaliado em um consumo mensal de não menos do que duzentos mil dólares. Ah, e isso não inclui as joias para cada ocasião diferente. Mesmo com o seu bônus de cerca de um milhão de dólares por ano, no Grupo Sherman, você acha que pode cuidar dela?”

Credence encarou Juelz, que sustentava sua cabeça erguida e os olhos semicerrados. Seus movimentos eram lentos e havia um leve desdém naquele olhar, fazendo-o parecer ainda mais arrogante.

Dorothy ficou estarrecida com aquelas palavras, ao ponto de suas pálpebras não conseguirem parar de tremer. Ela só havia ficado em casa e feito suas refeições rotineiras. Como ela poderia ter gasto cerca de duzentos mil dólares?

Contudo, o que a mais deixou chocada foi que o homem à sua frente lhe parecia um estranho. Ela sabia que Credence era intrinsecamente implacável, sabia que ele era superior, nobre e cruel. Porém, ela nunca tinha visto aquele lado tenebroso dele.

"Credence, se eu posso ou não cuidar de Dory, não é da sua conta.”

O corpo de Juelz enrijeceu-se, mas ele não sustentou sua audácia. Ele não tinha tanto dinheiro como Credence. Isso era algo que sempre o assombraria.

No entanto, Dorothy pode enxergar a indiferença por trás da máscara de Credence. Quando ela voltou a si, ela já tinha se levantado da cama e estava de pé diante de Credence. Ela o fitou, enquanto inconscientemente protegia Juelz atrás de si.

“Credence, já estamos divorciados. Agora, somos apenas estranhos um para o outro. Não tenho mais nada a declarar sobre o divórcio. Daqui para frente, por favor, não interfira mais nos meus assuntos particulares, entendeu?”

Ela estava apavorada. Temia que Credence resolvesse bater em Juelz outra vez, para descontar sua raiva, e que o hospitalizasse de novo.

Assim que ela terminou de falar, o silêncio envolveu a enorme enfermaria.

Credence olhou para a mulher de rosto esquálido, e que ainda estava disposta a proteger Juelz. Ele esboçou um breve sorriso.

Ele riu baixinho, “Parece que fiz algo de estúpido desta vez.”

Alguns segundos depois, ele se virou e saiu sem olhar para trás.

Ele tinha aparecido de modo repentino e se fora com a mesma rapidez. Dorothy ficou pasma. Quando ela recobrou a consciência, percebeu que as lágrimas escorriam por seu rosto, sem que ela soubesse.

A cena de Credence indo embora ficou marcada em sua mente, por muito tempo.

O que ele quis dizer com ter feito algo de estúpido? Por que diabos ele veio procurá-la?

......

No final do corredor, Jonathan desviou o olhar da enfermaria em que Dorothy estava e viu Credence se aproximar. Ele lançou um olhar de soslaio e viu a expressão carrancuda, então hesitou. Mas, no fim, seu amor por uma boa fofoca vence e ele recuou alguns passos antes de perguntar com ar destemido: “Credence, sua cara está péssima. O que você viu quando entrou no quarto? Dorothy está realmente apaixonada por outro alguém?”

“Na minha opinião, isso parece ser impossível!”

“Você é um homem esbelto, tanto seu corpo como sua aparência, além disso é dono de uma grande fortuna. Se fosse qualquer outra mulher, elas saberiam muito bem quem iriam escolher, entre você e Juelz.”

"Dorothy não deve estar raciocinando direito, por isso decidiu abandonar você para ficar com Juelz...”

Apesar de Credence estar próximo de Jonathan, ele parecia não ter escutado uma única palavra. Uma aura fria irradiou de seu corpo. Ele levou a mão para a testa e pressionou o ponto entre suas sobrancelhas, sem dizer nada.

Após alguns instantes em silencio, Credence finalmente ensaiou um movimento. Ele acendeu um cigarro, revelando um sorriso soturno e cortante.

Depois de dar algumas tragadas, ele riu com sarcasmo. “Ela acha que pode me deixar só porque tem Juelz ao seu lado? Quanta ingenuidade!”

Enquanto ele não a deixasse ir, ela estaria presa em suas mãos.

O ar frio que ele exalava, fez Jonathan se acalmar, e ele não ousou dizer mais nada.

......

No canto de um corredor, no jardim do hospital, Rosalie acidentalmente viu Credence entrar no prédio. Ela foi se aproximando de maneira sorrateira e o seguiu à distância, sem hesitar.

Depois de presenciar tudo, ela sentiu o ciúme dominá-la.

Mesmo Dorothy tendo admitido que estava em um relacionamento com Juelz, Credence deixou Rosalie em segundo plano, além de estar relutante em deixar a esposa seguir. Ele não conseguia esquecê-la. Era uma situação deveras irritante que quase levou Rosalie a loucura.

Então, ela achou um lugar mais afastado e ligou para o pai.

Em certos assuntos, os conselhos de Caleb eram mais úteis do que os de sua mãe, Linda.

Do outro lado da linha, Caleb suspirou impotente, depois de escutar o que a filha tinha a lhe dizer, “Rosie, você fez tudo o que podia, mas não pode fazer Credene esquecer de Dorothy. O que mais você quer fazer? Se não fosse pelo fato de que você sempre quis se casar com ele, eu não teria me envolvido nestas armações. Agora que sua influência em Talco City está no auge, ninguém se dá ao luxo de querer ofendê-lo.”

“Vivo meus dias morrendo de medo. Se Credence não tivesse suspendido as sanções contra a nossa família, eu até poderia pensar que ele havia descoberto os nossos planos.”

“Rosie, escute meu conselho. O que lhe pertence eventualmente será seu. Mas, se não está em seu destino, você não vai conseguir conquistar, não importa o que você faça.”

“Já chega, pai. Nenhuma fortuna vem isenta de riscos. Você está disposto a deixar que Dorothy usufrua daquilo que deveria ser meu? Bom, eu não vou permitir! Eu não vou permitir que isso aconteça, nem por cima do meu cadáver!”

Rosalie desligou. Olhou na direção do quarto em que Dorothy estava, seu rosto contorcia-se em uma expressão horrível.

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