O Amor Perdido romance Capítulo 78

“Não exagere!”

Ele fitou com rispidez Juelz, que estava no chão se contorcendo de dor. Seu rosto permanecia inexpressivo. Agora, Credence segurava um cigarro entre os dedos longos. No meio da fumaça branca, ele desabotoou o casaco. Seus gestos eram elegantes e hipnóticos, pareciam ser capazes de capturar a alma de quem o observasse.

O olhar cortante de Credence pousou em Dorothy, aqueles olhos afiados eram o suficiente para assustar qualquer um.

Outros três homens tão altos e musculosos quanto Credence, o seguiram para dentro do quarto. Dorothy conhecia todos eles. O primeiro era Jonathan, o diretor do hospital da cidade e o segundo era Marvin, um soldado das forças especiais. Ambos eram amigos de longa data de Credence, eles seriam de arriscar a vida um pelo outro, desde a juventude.

O último era o assistente pessoal de Credence, cujo nome parecia ser Benjamin.

Houve um tempo em que Dorothy ficou obcecada em querer tratar a gastrite de Credence com uma terapia a base de dietas, há anos ele sofria com fortes dores abdominais. No entanto, ela sempre temeu que Credence recusasse comer, se soubesse que ela havia preparado. Assim, Dorothy instruía Benjamin a levar a sopa para Credence, como se fosse “embalada para viagem.”

De repente, a suíte estava repleta de gente. Dorothy ficou perdida no meio da confusão.

Assustada ela gritou: “Credence, o que você vai fazer?”

“Eu vou matá-lo!”

Credence lançou um olhar feroz para Marvin, como um sinal. Ao ver que Dorothy estava parada na frente Juelz, tentando defendê-lo. Credence deu uma tragada profunda e exalou a fumaça de sua garganta, a qual estava repleta de raiva!

Um arrepio percorreu o corpo de Jonathan ao ver o olhar miserável de Juelz. Ele tinha receio de que Credence, em sua fúria cega, realmente matasse Juelz. Então, ele se aproximou de Dorothy e sussurrou: “Credence está fora de si. Não discuta mais com ele. Do contrário, Juelz é quem vai pagar o preço!”

Assim que ele terminou de falar, Credence lhe lançou um olhar sombrio. Jonathan estava tão apavorado, que começou a suar frio.

Foi apavorante! Se Juelz não fosse seu amigo, Jonathan nem se importaria com ele.

Dorothy não sabia se deveria dar ouvidos a Jonathan. Ela estava paralisada e com uma expressão fechada. No entanto, antes que ela pudesse pensar no que faria a seguir, sentiu uma rajada fria.

Marvin abaixou-se repentinamente. Ele servia no exército há quase 20 anos. Ele esticou seus longos braços e puxou Juelz, sem muito esforço. Juelz virou-se e acertou um soco em Credence. Contudo, ele não era páreo contra a agilidade física de Credence. Logo, ele foi derrubado, mais uma vez, no chão sem esforço. Foi então que Marvin o arrastou para fora do quarto.

O gerente geral do hotel, seguido por um grupo de seguranças correu para o andar da suíte, assim que souberam do incidente.

Benjamin avançou para bloquear a passagem do gerente, que liderava os guardas. Ele retirou do bolso seu cartão de visitas e o entregou ao gerente. Eles se distanciaram do grupo para poderem conversar.

Dorothy pôde ouvir Juelz gemendo de novo. Ignorando o homem parado a sua frente, ela gritou e correu para fora da suíte em direção ao corredor, até alcançar Marvin.

Seu rosto solene era um pouco mais amigável do que o de Credence. Porém, Dorothy não esperava que ele fosse mais assustador, quando lutava. Cada soco acertou precisamente os órgãos internos de Juelz, sem deixar vestígios de sangue.

"Eu não bato em mulheres. Saia do meu caminho."

Para Marvin, a força exercida por Dorothy era insignificante, sendo um pouco mais forte que um mosquito, não iria conseguir feri-lo. Todavia, lembrando que ela era a esposa de Credence, ele continuou a se esquivar para não a machucar acidentalmente.

Ao ver Juelz rolando no chão e protegendo a cabeça com as mãos, Dorothy não teve alternativa a não ser ir até o homem calado, que fumava. Ela esbravejou com o rosto esquálido: “Credence! O que você quer? O que você quer?”

“Estou lhe avisando, Credence, não me obrigue! Se você espancar Juelz até a morte, eu juro que me atiro pela janela... Prefiro morrer do que voltar para Talco City com você!”

Credence a encarou de maneira inexpressiva. Ele franziu a testa refletindo um pouco. Então, seus dedos finos que seguravam o cigarro fizeram um gesto para Marvin.

Marvin entendeu o que ele queria dizer e imediatamente parou o que estava fazendo. Ele pegou Juelz e entrou no elevador, pronto para levá-lo ao hospital mais próximo, para cuidar de seus ferimentos.

Depois de receber tantos socos e chutes, Juelz teria que ficar internado por pelo menos um mês, até conseguir se recuperar totalmente.

Homem tolo. Com tantas mulheres bonitas em Talco City, por que ele tinha que justamente se envolver com a mulher de Credence? Não poderia escolher outra mulher? Ele subestimava a si mesmo!

No quarto, Jonathan notou que os outros tinham saído, exceto ele. Então, virou-se para Credence e lhe lançou um olhar sugestivo. Imediatamente ele arrumou suas coisas e saiu.

Na sala de estar de 20 metros quadrados, só restavam Dorothy e Credence.

A sala de estar era pequena e estreita. Isso impedia que ela ficasse mais longe dele. Sempre que inalava o ar, podia sentir o cheiro de menta que ele exalava.

Dorothy não queria ver aquele homem nem pintado de ouro. Ela queria expulsá-lo do quarto, mas quando esboçou um movimento sentiu suas costas congelarem. Uma brisa ártica atingiu seu corpo e Credence a seguia até o quarto.

Naquele momento, ela só pensava que não podia deixá-lo entrar no quarto. Ele estava cego de raiva e poderia acabar descontando nela.

"Credence Scott, me deixe em paz!"

Dorothy apertou o passo e correu na direção do quarto. Ela estava muito assustada, em um movimento ágil tentou fechar a porta. Mas, o homem foi mais rápido, ele conseguiu entrepor seus sapatos de couro até o espaço do batente, bloqueando-o. Não importava o quanto ela tentasse, não conseguiria fechar a porta.

"Pare, Credence, pare!"

“Não chegue perto de mim! Credence, se você não me ama, por que não me deixa de uma vez? Não seria ótimo? Apenas pare de me dar falsas esperanças, ok? Eu não aguento mais, realmente não aguento mais.”

“Eu não quero... não quero ficar imaginando o que você e Rosalie estão fazendo, todos os dias e noites em que estão juntos. Se isso continuar, eu vou enlouquecer!”

Dorothy não conseguiu impedir que ele entrasse no quarto. Seu rosto estava pálido, enquanto ela recuava passo a passo. Depois de alguns passos, ela se viu mais uma vez contra a parede.

"Você é minha esposa. Vamos para casa!"

Ele caminhou até o lado dela e seu olhar frio pousou naqueles olhos lacrimosos. Apesar dos olhos envoltos de mistério, havia algo, sentimento complicados que a deixavam ansiosa.

Então, ele abriu os braços esguios e a segurou com força. Seu abraço esmagador quase quebrou os ossos de Dorothy.

Ela não conseguia recuperar o fôlego e precisou respirar pela boca, enquanto seu rosto estava contra o peitoral quente dele.

Seu coração, ferido por ele inúmeras vezes, mais uma vez bateu forte por causa da gentileza daquele momento.

Contudo, ele apenas admitiu que ela era sua esposa e não disse nada sobre amá-la!

Ela não deveria perdoá-lo. Ela não deveria perdoá-lo tão facilmente!

O corpo de Dorothy tremia. O homem que a segurava presumiu que ela estivesse com frio, por causa da baixa temperatura do lugar. Ele se desfez da metade restante do cigarro, tirou seu terno preto e o colocou em cima dela.

Ele estava exausto, mas tranquilo. Naquele momento, ele olhou para a mulher a sua frente, ela não esboça qualquer emoção. Desamparado, ele disse: “Você não está feliz por eu estar aqui?”

Havia alguma coisa para se alegrar?

Havia alguma coisa para se sentir feliz?

Dorothy fungou e sabia que ele costumava manter um lenço no bolso. Consequentemente, ela enfiou a mão em um dos bolsos a procura do lenço. Foi então que um documento caiu do bolso do terno.

Até Credence ficou espantado por um momento, não esperava que aquilo pudesse acontecer.

Sua expressão mudou de repente. Ele estava prestes a se curvar e pegá-lo. No entanto, Dorothy foi mais rápida do que ele.

Seu movimento foi surpreendente e ao mesmo tempo assustador.

Ela já estava agachada no chão. Com o documento em mãos, ela foi folheando-o aos poucos. Viu claramente as palavras “acordo de divórcio” ...

Seu coração deu um salto, como se tivesse sido dilacerado por uma fera. Aquilo foi muito doloroso, Dorothy fechou os olhos, e lágrimas escorreram por sua face.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: O Amor Perdido