O Amor Perdido romance Capítulo 87

Quando Dorothy acordou, ela estava sozinha e deitada no chão frio de uma enfermaria de hospital.

Ela não sabia o que era aquele perfume adocicado. Naquele momento, Dorothy sentia-se entorpecida e uma sensação extremamente desconfortável pelo corpo. Os desejos reprimidos nas partes mais profundas de seu ser, pareciam atiçados e junto a isso uma vontade animalesca de machucar alguém.

Havia uma coceira na garganta de Dorothy. Ela tossiu algumas vezes e se levantou lentamente com os cotovelos apoiados no chão.

Ela olhou ao redor e notou que a enfermaria era muito familiar. O perfume de lírio, o favorito de Rosalie, estava em cima da mesa, e exalava uma fragrância sedutora.

Que estranho! Por que Rosaline a levou para esta enfermaria?

Dorothy balançou a cabeça, que latejava de dor e abriu os olhos meio atordoada. Ela estava prestes a sair, mas antes que suas mãos alcançassem a maçaneta, alguém abriu a porta pelo lado de fora.

Linda e Caleb entraram. Sob o olhar atônito de Dorothy, os dois se entreolharam e ajoelharam-se diante de Dorothy. Então começaram a derramar rios de lágrimas, até sair muco de seus narizes.

Caleb não aparentava tanta falsidade, só precisou beliscar as próprias pernas para forçar algumas lágrimas, “Dory, sinto muito. Eu fui muito duro com você durante todos esses anos. Sempre me preocupei de você conviver com más influências, fui muito rígido. Você pode me perdoar? Eu imploro, por favor, não deixe Credence assumir o controle do Grupo Fisher! Estou ficando velho e ainda preciso cuidar das finanças da família Fisher. Não posso perder o que foi construído por anos, não posso perder!”

Comparada com Caleb, Linda tinha uma expressão ainda mais dramática. Ela se abaixou e abraçou as pernas de Dorothy, enquanto chorava implorando: “Dory, eu estava enganada, sempre fui muito severa com você, tinha medo de que você desonrasse a família Fisher. Sei que fui muito impaciente e a repreendi sem necessidade, mas era para o seu próprio bem. Vamos deixar isso no passado?”

“Credence já cancelou todos os contratos de colaboração com a família Fisher. Com sua influência, nenhuma outra empresa está disposta a fazer negócios ou investir em nós. A família Fisher logo irá a falência... Dory, nossa filha amada, estamos implorando, você precisa nos ajudar a melhorar a nossa imagem com Credence. O futuro da família Fisher depende de você!”

Mas, a droga estimulava os sentidos de Dorothy, contudo sua consciência ia desaparecendo pouco a pouco. Linda e Caleb podiam estar implorando, mas para Dorothy, os rostos deles se transformaram na trivial expressão de crueldade.

Sua memória a relembrou de como Linda e Caleb eram há dez anos. Ela reviveu como eles a forçaram servir de acompanhante para executivos opulentos e tarados, tudo por dinheiro.

Naquele momento, Dorothy não conseguia distinguir a realidade da ilusão. Ela encarava seus pais adotivos, os quais estavam ajoelhados no chão e de repente, irrompeu em fúria: “Não, não me obrigue a fazer isso. Eu não vou acompanhar esses porcos imundos. Por que você está me pedindo isso? Por que você não fala para Rosalie acompanhá-los? É só porque sou sua filha adotiva?”

“Você me criou, mas nunca me viu como um ser humano de verdade. Eu te odeio. Eu odeio todos vocês!”

Dorothy os fitava com os olhos vermelhos de sangue. Ela cerrou os dentes e praguejou. Ao apertar os dentes, ela pôs tanta força que teve a impressão de que sua gengiva sangrava.

Ninguém sabia como ela tinha ficado devastada e deprimida, depois do episódio no quarto privado, ocorrido há dez anos, ela tinha apenas dezesseis anos. Naquela ocasião, ela teve de enfrentar um grupo de homens corpulentos, que a esperavam sair do banheiro, com olhos famintos.

Quando Dorothy gritou, a droga já tomara conta de seu corpo, mas aquelas eram as palavras que ela sempre quis dizer. Finalmente ela desabafou tudo, com lágrimas de tristeza e humilhação escorrendo pelo rosto.

“Por que vocês fizeram isso? O que eu fiz de errado? Vocês me trataram como um cachorro! Eu vou acabar com vocês, quero matar todos vocês! Vou destruir cada um desta família!”

Dorothy gritou histericamente. Em meio ao caos, alguém lhe deu uma garrafa. No meio de sua confusão mental, não teve tempo para pensar. Sem hesitar ela quebrou a garrafa na cabeça de Linda.

"Vão para o inferno, todos vocês!"

Naquele instante, a adrenalina de expurgar suas frustrações fez a raiva de Dorothy crescer. Ela não queria nada além esmagar mais pessoas usando aquela garrafa quebrada.

"Ah!"

Com destreza Dorothy acertou a cabeça de Linda. O sangue começou a jorrar e o rosto de Linda ficou coberto de sangue escarlate.

A dor era tanta que ela se esqueceu de dar continuidade ao seu ato. Mas, de repente, ela uivou lamuriosa: “Ela me atacou! Ela vai me matar! Socorro...”

O rumo que a situação tomou assustou Caleb, “Dory, como você pôde machucar sua mãe? Onde está o médico? Alguém, por favor me ajude!”

Caleb tremia de medo quando viu o estado animalesco de Dorothy. Ele agarrou o braço de Linda e a puxou para longe. Ele tentou dar um passo à frente, enquanto tentava tirar sua esposa do quarto.

Dorothy piscou confusa, à medida que ainda apertava o frasco de remédio, agora tingido de sangue. Ela os seguiu lentamente e não parava de murmurar: “Pai, mãe, por que vocês mentiram para mim? Por que vocês me deixaram com aqueles homens asquerosos? Eu vou acabar com vocês, eu vou matar todos vocês!”

A cena foi integralmente gravada por uma câmera, a qual estava na enfermaria do outro lado.

Dorothy deu apenas dois passos e Rosalie entrou no quarto, ela vestia um jaleco de hospital, suas pernas tremiam. Ela viu o ódio no rosto de Dorothy e se desculpou com lágrimas por todo seu rosto pálido, “Dorothy, sinto muito! Sinto muito! Nós fomos injustos com você, durante todos estes anos. Mas, agora você passou dos limites, já os repreendeu. Mamãe e papai cuidaram de você, já é hora de perdoá-los, não acha?”

Apesar de Rosalie estar se desculpando, da perspectiva deturpada pela droga, Dorothy via Rosalie zombando dela, por não conseguir conquistar Credence e seu amor.

Dorothy explodiu furiosa. De repente, ela estendeu a mão e agarrou o pescoço de Rosalie. Ela a arrastou até o parapeito da janela, trincando os dentes. Dorothy queria despedaçá-la, “Rosalie, sua meretriz, como se atreve a seduzir o seu cunhado? Por que você não morre de uma vez? Só quando você estiver morta é que Credence finalmente vai me amar!”

“Desculpa, Dorothy. É tudo culpa minha. Eu não vou fazer isso de novo. Prometo nunca mais ver Credence. Por favor, está doendo... está me machucando. Por que você não me solta?”

Rosalie instintivamente lutou contra Dorothy, implorando para que ela a soltasse.

"Você finalmente aprendeu a implorar? Pena que agora é tarde demais!"

Dorothy não escutou os apelos de Rosalie. Muito menos a soltou, mas no fim empurrou Rosalie ainda mais para fora da janela...

“Não! Dorothy, você não pode fazer isso comigo! Se você me empurrar eu vou cair lá embaixo! Eu vou morrer de verdade!”

Rosalie parecia ter acabado de recobrar a consciência e entendeu as intenções de Dorothy. O medo se apossou de seu corpo que tremia, seu rosto pálido estava cheio de horror.

"Rosalie Fisher, você vai morrer!"

Dorothy não sabia de onde aquela força vinha. Com facilidade ela conseguiu jogar Rosalie pela janela. Rosalie caiu da janela, como um saco de batatas.

Com um baque surdo, Rosalie caiu inconsciente no chão.

“Olha, alguém está caindo da janela do terceiro andar. Alguém empurrou uma pessoa pela janela! Depressa, liguem para a polícia!”

Do lado de fora do hospital, todos estavam em pânico e no meio do caos um Maybach preto chegou no estacionamento. Credence saiu do carro, ele viu muitas pessoas envolta da entrada do hospital. Ao escutar o alvoroço, ele sentiu um amargor crescer em seu coração. Então, ele ergueu a cabeça, com medo do que veria.

E ele testemunhou com seus próprios olhos, Dorothy empurrar Rosalie pela janela!

Por um segundo, o coração de Credence parecia ter parado de bater.

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