O Delegado (Duologia os Delegados vol1) romance Capítulo 21

Diogo

Nós ficamos estudando os passos do Roberto. Ver que ele não era o que eu tinha pensado me arrasou profundamente, nunca imaginei que a coisa estava daquele jeito.

Os dias passaram com uma rapidez impressionante. E o Roberto cada vez se descuidava mais, dando o ar de sua graça com roupas de grife, o carro esportivo caro. Ou ele era muito besta ou se achava muito esperto. Tivemos que pedir para o juiz uma quebra de sigilo para ficarmos sabendo das ligações para um tal de Falcão. Esperamos ele se encontrar com fornecedores de drogas e montamos uma emboscada, estava tudo preparado para pegá-lo.

— Tudo pronto, Diogo? — Davi me perguntou, com o colete à prova de balas.

— Sim, tudo. Seja o que Deus quiser — comentei, fazendo o sinal da cruz, para que nada de errado acontecesse.

Roberto deu muita bandeira das coisas que estava fazendo. Cheguei a pegá-lo andando com uma moto de mais de cinquenta mil reais várias vezes, e ele me via e só me cumprimentava, achava que eu não iria questionar, mas sabíamos que Roberto era peixe pequeno.

Nem liguei para Antonella, para ela não ficar preocupada com a nossa situação, sabíamos que corríamos risco de sermos mortos, afinal nem sabíamos onde estávamos entrando, ou melhor, sabíamos, sim, mas éramos preparados para enfrentar tudo, e essa era a ocasião.

Seguimos Roberto por toda parte quando descobrimos para quem ele estava ligando. A operação seria uma das mais difíceis, mas estávamos prontos para aquilo. Observei que cada homem nosso estava se separando e indo para os pontos estratégicos, prontos para darmos o bote. Com o meu sinal, nos preparamos e invadimos o local. Foi dado o alerta, e logo ouvimos tiros para todos os lados, e seguimos atirando. E, como em um acordo, Davi e eu nos separamos, sempre evitando, é claro, de sermos atingidos.

Nós estávamos em Santos, onde eram feitos o embarque e o desembarque de navios. Roberto se achava muito esperto se colocando em risco para não ser descoberto. Descobrimos que seria uma grande carga. O que será que o Roberto estava escondendo tanto?

Enquanto todos estavam correndo para pegarmos todos os bandidos, vi o Roberto indo em direção a um dos navios, e fui me escondendo para que nem ele nem os amiguinhos dele reparassem que os estava seguindo.

— Caralho, como nos encontraram, eu não sei — ele gritou, correndo. — Vamos logo, precisamos sair daqui.

— Senhor, não pegamos todas as caixas — um dos cúmplices dele falou, e eu ali esperando a melhor hora para atacar.

— Tenta chamar o máximo de homens lá fora com o rádio e peça para entrarem logo no navio. Nós vamos levar o que temos aqui dentro para fora do Brasil.

— Sim, senhor! — o cara se afastou, e Roberto andou de um lado para o outro, nervoso, e pegou o celular: — Sou eu, pode sair com o navio. OK, então, estou mais tranquilo — olhei para ver se tinha mais alguém chegando e entrei da sala onde ele se encontrava, agora sentado.

— Olá, Roberto, como está? — perguntei, percebendo que ele ficou rígido.

— Como me encontrou aqui, Diogo? — ele perguntou, sem responder ao meu cumprimento.

— Engraçado você me fazer essa pergunta — comentei, com a arma em punho.

— Então foi você, seu filho da puta, que me colocou para trabalhar de manhã? — perguntou, puto.

— Eu poderia falar que fui um dos responsáveis. Agora responde uma pergunta, Roberto: por que entrar nessa vida?

— Eu sou inocente, Diogo — ele só podia estar de brincadeira com a minha cara.

— Sei que você não é nada inocente — ironizei.

— É claro que sim, Diogo, me ajuda, vai, não quero ser preso.

— Com certeza você vai ser, e sinto pena da sua mãe, porque ela é quem vai sofrer por isso — comentei, com pesar.

— É claro que sim. Você sempre gostou da minha mãe, né? — ele respondeu, com amargura.

— Sim, gosto dela, minha tia; a sua mãe é um doce.

— Então, você sempre foi o preferido dela em tudo.

— Olha a mentira que você mesmo está dizendo, Roberto. Sua mãe te criou sozinha, sem seu pai. Ela sempre fez tudo por você, sempre te amou.

— Ela mentiu para mim, sempre fez isso, não queria que eu conhecesse meu pai.

— Não fala besteira, Roberto. Do que você está falando? — perguntei, confuso e sem entender nada do que ele estava falando.

— Não se preocupe com a minha mãe. Logo, logo ela vai ver que o filhinho adotado dela vai morrer — ele me falou, e eu franzi o cenho, sem entender o que ele estava querendo dizer.

Roberto sacou a arma e ficamos nos olhando. Eu não conseguia reconhecer a pessoa que estava ali na minha frente. Com certeza não era o mesmo Roberto que eu conhecia, ele parecia louco.

— Roberto, abaixa esse revólver agora — pedi. Não queria ter que atirar nele.

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