Antonella
Logo que eu acordei pela manhã, reparei que o Diogo não estava na nossa cama. Achei estranho, porque ele estava de folga hoje e não precisaria acordar tão cedo. O que será que ele estava aprontando tanto?, pensei. Ele andava de muito segredinho com o Davi, tentei várias vezes questioná-los para saber o que estavam me escondendo, mas nunca falavam sobre o assunto misterioso deles.
Resolvi sair da cama e procurar por ele, mas, quando me levantei, senti uma leve tontura tomar conta de mim. Me segurei na cabeceira da cama para não cair. Devagar, sentei na beira da cama e coloquei a cabeça entre meus joelhos para ver se a tontura melhorava um pouco, estava bem forte. Respirei fundo e uma náusea veio com tudo.
Levantei correndo e fui direto para o banheiro, e joguei tudo para fora. Quando terminei, levantei do chão e escovei os dentes. Eu não sabia o que estava acontecendo comigo, achei estranho, porque nunca tinha sentido nada parecido.
Ouvi o barulho da campainha tocando e coloquei um roupão. Segui para a porta e, quando olhei no olho mágico e vi a Raquel, logo abri.
— Bom diaaaa… — Raquel falou, animada, mas, ao ver minha cara, murchou um pouco. — O que houve, está passando mal?
— Bom dia, Raquel. Acordei muito mal — murmurei. Fechei a porta e seguimos para a cozinha.
— Mas o que aconteceu com você exatamente?
— Não sei, Raquel. Acordei e vi que o Diogo não estava do meu lado, mas, como ele e o Davi andam de segredinhos, imagino que seja pelo trabalho.
— Tá, continua — ela pediu, indo para o fogão e fazendo um chá enquanto conversávamos.
— Então, continuando, eu me levantei, como sempre faço, aí me deu uma tontura, que pensei que ia desmaiar, e me segurei na cabeceira da cama — dei uma pausa quando vi que a Raquel estava pensativa e abriu o maior sorriso.
— Nella, hoje é a primeira vez que está sentindo isso? — ela me perguntou, curiosa.
— Sim. Aí, você acredita que tive que colocar a cabeça entre as pernas como sempre ouvi dizer que, quando sentimos tontura, devemos colocar? Só que, em vez de melhorar, me deu uma vontade de vomitar, aff — eu gemi só de sentir o gosto na minha boca.
— Ei, Nella, você não acha que pode estar grávida? — Raquel me perguntou.
— Que pergunta é essa, Raquel?
— Amiga, me poupe, você e o seu delegado transam como dois coelhos. É bem possível você estar grávida — ela zombou de mim.
Será? Eu não podia estar grávida.
— Raquel, isso é impossível.
— Impossível se você dois usassem camisinha, e, na minha opinião, vocês nunca usaram, né? — ela perguntou, e eu fiquei vermelha só de confessar isso a ela.
— Acho que você tem razão — suspirei. — Mas como vou ter certeza? — perguntei, ainda não acreditando que tinha um bebê delegado dentro de mim. É claro que estava assustada, afinal eu não planejava ser mãe. E o Diogo? Como ele iria reagir sendo pai logo cedo? Quero dizer, cedo por causa do nosso namoro. Ai, meu Deus, o que eu faço?
— Eeei, vamos parar de se torturar — Raquel me pediu, mas não consegui. Acho que ela percebeu pelo meu rosto que estava em pânico.
— Raquel, como vou contar para o Diogo?
— Calma, vamos à farmácia comprar o teste. Na realidade, eu vou e você fica.
— Tá bom, é melhor eu ficar, porque acho que vou cair se eu sair daqui.
— Nella, respira, minha filha, calma.
— Tá, vou ter calma — respirei fundo.
— Já venho, aproveita e toma este chá de camomila — ela colocou o chá perto de mim, e, assim que senti o cheiro, saí correndo de volta para o banheiro, colocando tudo para fora novamente.
— Eita, Nella, você está bem?
— Acho que sim — respirei fundo e me levantei, indo até a pia do banheiro, e joguei um enxaguante bucal na boca para tirar o gosto ruim.
— Nella, vou lá comprar o teste de gravidez, já volto.
— Tá bom — respondi, já tirando o roupão, e tomei um banho rápido.
Toquei a minha barriga, querendo saber se tinha mesmo um pequenino dentro dela. Terminei de tomar banho, fui até o quarto e coloquei uma roupa mais folgada, sentei em frente à penteadeira e comecei a pentear meus cabelos me olhando no espelho, vendo que me encontrava ainda meio pálida.
— Nellaaaa, cheguei — Raquel gritou.
— Estou no quarto — gritei de volta.
Raquel entrou no quarto com uma sacola e, dentro dela, alguns testes de gravidez.
— Caramba, Raquel, você acabou com todos que tinha lá? — perguntei, querendo rir.
— Com certeza — ela riu. — Agora a senhorita vai no banheiro e faz o teste lá.
— OK, OK, eu estou indo.
Peguei a sacola e tirei todos os kits, abri todos e li o manual de cada um. Fiz xixi nos copinhos e coloquei a tirinhas, e fiquei ali esperando os testes ficarem prontos. No manual, dizia que tinha que ficar esperando cinco minutos.
— Nella, você morreu aí dentro?
— Já vou sair — gritei do banheiro.
Tirei todas as tirinhas, e todas elas disseram a mesma coisa: positivo. Não estava acreditando: grávida, eu estava grávida do Diogo!
— Nella, você está bem? — ela perguntou, preocupada.
— Sim, estou — acho que sim, esperava que sim. Saí do banheiro, e a Raquel, vendo meu rosto, perguntou:
— O que houve, Nella?
— Estou grávida — soltei, sentindo meu corpo começar a tremer.
— Parabéns, amiga, estou feliz por você! Sei que está sendo tudo um choque, mas vai passar.
— Eu sei que vai, mas, poxa, não me imaginava grávida, como eu vou contar para o Diogo?
— Calma, amiga. Bom, você vai ter que contar para ele. Sei que ele te ama demais e vai ficar muito feliz por você estar carregando o delegadinho Júnior dele — Raquel fez graça, e eu ri. Toquei novamente a minha barriga ainda lisa.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O Delegado (Duologia os Delegados vol1)