O Despertar da Rainha Militar Divorciada romance Capítulo 198

O rosto de Marley ficou pálido como um fantasma. Ela avançou às pressas e agarrou com força a manga do paletó de Julius. “Julius, você não pode me tratar assim! Eu sacrifiquei um olho por você—como pode simplesmente cortar laços como se nada disso importasse?”

Julius a encarou com um olhar gélido. “Seu olho nunca foi sacrificado por mim. Naquela noite, você só ficou encurralada, tarde demais para fugir. Se tivesse tido qualquer chance de escapar, teria aproveitado. Por causa desse ferimento, te compensei todos esses anos—isso não foi suficiente?”

O corpo de Marley tremia. Ela queria retrucar, mas com tantos parentes ao redor, como poderia discutir?

“Mas... meus sentimentos por você...” Seus lábios tremiam enquanto forçava as palavras a saírem.

Antes que pudesse terminar, a voz dele cortou como uma lâmina. “Marley, nunca senti um pingo de afeto por você. Tudo que te dei foi apenas compensação pelo seu olho ferido. Agora, essa dívida está quitada.”

Dito isso, ele soltou os dedos dela e se afastou ao lado de Quinn.

Marley cambaleou e quase caiu no chão de mármore.

Ao redor, todos olhavam—especialmente os primos Bridger, que antes a olhavam com inveja. Agora, seus olhares transbordavam pena, escárnio ou desprezo.

Desde que Julius destruiu um de seus olhos, seu status na família Bridger disparou, e todos se apressaram em bajulá-la.

Da noite para o dia, ela havia subido do inferno ao céu.

E agora—será que estava realmente despencando do céu de volta para aquele mesmo inferno?

“Marley, por que está parada aí? Vá atrás dele! Se você implorar direito ao Sr. Whitethorn, ele certamente voltará atrás no que disse!” Melvin sussurrou, aflito.

“Já não basta essa humilhação?” Murren bateu a bengala no chão, o estalo ecoando pelo saguão.

Ele então se voltou para Lana. “Soube do incidente com Sidonie. A família Bridger fez tudo o que podia. Agora, sua tarefa não é culpar Quinn—é conseguir o perdão da família da garota que morreu queimada.”

O rosto de Lana escureceu; Melvin não ousou dizer nada.

Marley permaneceu imóvel, pálida, mal ouvindo a repreensão de Murren.

Seus punhos estavam tão cerrados que as unhas cravavam nas palmas.

Essa distorção só podia ser sombra de sua infância.

“Não fique feliz—não há motivo para isso.” O tom de Quinn era suave, mas firme. “Sentimentos verdadeiros não devem girar em torno de utilidade. Eu gosto de você, seja útil para mim ou não, porque gostar de alguém não se mede por ‘útil’ ou ‘inútil’.”

Os dedos de Julius se apertaram quase imperceptivelmente no volante.

“Mas desde pequeno, todos me disseram que eu precisava ser útil para merecer existir,” ele murmurou.

Por ter sido inútil, não conseguiu impedir que sua mãe tirasse a própria vida; depois, seu pai passou a odiá-lo.

Mais tarde, justamente por ser útil, seu avô o acolheu e o preparou para herdar o vasto império Whitethorn.

Seu mundo sempre foi dividido em dois lados—útil e inútil. Agora ela dizia que, mesmo se fosse inútil, ainda assim gostaria dele.

“Você tem razão—ser útil é bom, mas o amor não deve depender disso,” Quinn disse suavemente. “Ficar feliz só porque está sendo usado é errado. Se o afeto que você recebe se baseia na utilidade, então no dia em que não for mais útil, não será descartado? Quanto tempo um amor assim pode durar?”