Ponto de Vista da Teresa
Ao caminhar para a aula de Psicologia esta manhã, eu esfrego as mãos para cima e para baixo nos meus braços. Eu pensei que um suéter de mangas compridas seria suficiente para manter o frio longe dos meus ossos, mas assim que eu saí de casa eu sabia que ficaria com frio pelo resto do dia. Infelizmente, não tive tempo suficiente para voltar e me trocar, portanto estou esfregando as mãos para cima e para baixo nos meus braços para me aquecer.
Estava estranhamente frio hoje, e enquanto eu caminhava para a aula do meu terceiro dia de faculdade, notei que todos, exceto eu, estavam vestindo pelo menos um casaco - alguns até usavam toucas e cachecóis. Pelo menos estou vestindo jeans.
Quando cheguei à aula de Psicologia, estava basicamente como um picolé congelado. O ar quente espalhou um cálido formigamento por todo meu corpo à medida que o aquecimento do prédio me invadia. Esfreguei as mãos juntas para recuperar a circulação de sangue nos meus dedos. Entrei na sala de aula dez minutos antes do início, então havia mais pessoas do que no meu primeiro dia na segunda-feira. Ontem eu tive Biologia e Cálculo - que eram tão chatos que quase cochilei neles. Espero que comecemos a aprender conceitos mais interessantes nessas aulas.
Assim que entrei na sala, procurei por um assento vazio onde eu pudesse me sentar sem parecer anti-social, mas ainda assim parecendo fazer parte do grupo. No entanto, quando um rosto familiar começou a acenar em minha direção, não pude evitar um discreto sorriso no rosto. Era o cara que me emprestou a caneta. Caminhei pelos corredores até chegar ao dele. Quando me aproximei, ele bateu no assento ao lado dele, então eu me sentei lá. Ele estava vestindo uma camisa de manga longa e jeans, com uma touca preta na cabeça. "Ei, Cara da Caneta" eu brinquei quando percebi que nem sequer sabia seu nome.
Ele fingiu surpresa e colocou a mão no coração. "Estou tão magoado! Depois que eu acudi você nesta aula, tudo que eu recebo é um oi? Pelo menos eu estava esperando uma compensação monetária, ou um café" ele disse, sorrindo. Dei um soco leve no ombro dele, o que fez com que ele caísse completamente da cadeira e se espalhasse pelo chão. Todos na sala de aula viraram a cabeça e pararam suas conversas para ver o cara que estava causando uma confusão. "Oh meu Deus! E você é violenta. O que eu fiz de errado?" ele gritou brincando comigo - pelo menos, acho que estava brincando. Eu definitivamente não bati nele com força o suficiente para fazer ele cair no chão.
"Caramba, senta! As pessoas estão olhando!" Eu sussurrei para ele, ao que ele se levantou do chão e se inclinou para sussurrar no meu ouvido "Eu paro se você prometer me fazer um favor."
Um favor? O único tipo de favor que caras bonitos querem são favores sexuais, e eu definitivamente NÃO vou fazer isso.
"Não. Eu nem te conheço. Agora pare de causar uma cena." Justo quando ele estava prestes a responder, a professora entrou pela porta lateral e começou a se preparar para a aula. Meus olhos encontram os dele, e um sorriso malicioso se espalha pelo seu rosto. Ele respirou fundo e estava prestes a aumentar o volume de sua voz para me constranger mais uma vez, mas levantei rapidamente e coloquei a minha mão sobre a boca dele, bloqueando qualquer som que pudesse sair.
"Tudo bem! Tudo bem, mas você tem que calar a boca agora!" Eu disse rapidamente enquanto rezava para que ele não continuasse chamando atenção. Eu odeio atenção de multidões - essa era algo que eu costumava evitar a todo custo. O Cara da Caneta sorriu para mim, revelando duas covinhas fofas em suas bochechas. Isso quase me fez esquecer - quase - que eu acabara de concordar em fazer um favor para ele.
"Ótimo. A propósito, qual é o seu nome?" ele me perguntou enquanto estendia a mão para eu apertar. "Teresa. E o seu? Não posso te chamar de Cara da Caneta pelo resto do semestre" eu acrescento, fazendo ele revirar a cabeça de tanto rir. "Verdade. Eu sou o Curtis."
"Meu Deus, eu não ria tanto há muito tempo. Teresa, eu sou gay. Muito, muito gay e em um relacionamento sério com meu namorado." Como eu não pude perceber? Estou tão constrangida! Sou tão egocêntrica a ponto de supor que ele estava tentando dormir comigo? Estou fazendo um voto a mim mesma de ser mais cuidadosa sobre supor o que os caras querem de mim.
Enquanto eu ficava ali como uma confusão sem palavras de uma pessoa, Curtis continuou falando. "Meu namorado estava preocupado que eu não fizesse nenhum amigo na escola e, como ele não frequenta a universidade, ele ficava me importunando sobre deixá-lo me levar às aulas. Para calá-lo, eu o informei que já tinha feito uma amiga e que a convidaria para tomar um café comigo. Ele também está trazendo outro amigo seu." Sorri com a fofura do relacionamento deles. Seu namorado deve ser tão doce.
"Bem, eu ficaria honrada em ser sua amiga fictícia," eu disse, um pouco decepcionada que ele só queria me trazer para provar algo ao seu namorado. "Vadia, tu já és a minha melhor amiga aqui. Não te vais livrar de mim agora. E se eu precisar de uma caneta?" ele sorriu maliciosamente e eu ri dele.
Depois que ele me contou que nos encontraríamos no Java, eu me animei e disse a ele que trabalhava lá e era absolutamente obcecada por café. Aparentemente, ele era tão obcecado quanto eu, e no caminho para o Java, contei-lhe sobre todas as diferentes bebidas que eles ofereciam e algumas diferentes bebidas do menu secreto que eu amava. Só de pensar em café já me aquecia do frio lá fora.
À medida que nos aproximava do Java, meu estômago começou a se contrair e minha respiração acelerou. Meu estômago se sentia estranho... quase como se eu tivesse borboletas voando por aí. Bem, o café definitivamente não ajudará com essa sensação, mas não há como alguém me convencer a não tomar mais cafeína!

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