O Labirinto de Amor romance Capítulo 1162

Em um instante, o carro foi dominado por um silêncio mortal.

A voz de Soraia Mata estava obviamente fingindo calma, mas não se sabia se foi para tranquilizar Caio ou enganar os bandidos em casa.

- Não tenha medo - Caio apertou o celular abruptamente. Foi visto o firme rosto dele no espelho retrovisor. - Volto já.

Encerrando a ligação, Caio pisou no acelerador de imediato e focalizou totalmente nos números do sinal vermelho. Ele só se lembrou de que eu ainda estava no banco de trás após um momento e disse inexpressivo:

- Desculpe, senhora, eu só posso levar você até aqui. Por gentileza, desça do carro.

Já que tinha ouvido isso, eu não tinha razão de assistir à cena com um olhar passivo:

- Tudo foi causado pela gente. Eu acompanho você.

Caio franziu fortemente as sobrancelhas:

- Perdão, senhora. Não quero chatear você, mas acho que o assunto ficará mais fácil se você não comparecer.

Um sentimento de não ser acreditada me envolveu. Eu fiquei calada em um momento e não sabia o que dizer para manifestar a boa fé.

Neste impasse de dois segundos, Caio já tomou a decisão para mim. Ele desceu do carro, abriu a porta ao meu lado e disse em tom resoluto:

- Por favor, senhora.

Eu não queria ficar alheia do assunto. Entreolhando-me com ele sem movimento nenhum, eu me recusei de descer do carro.

Neste momento, com o sinal verde já aceso, os carros na fila não pararam de buzinar para que a gente cedesse o espaço. A cidade movimentada se tornou mais bagunçada.

Durante esse impasse demorado, finalmente apareceu uma ansiedade no rosto de Caio, que era quase idêntico do de Guilherme:

- Senhora, você se esqueceu das três tapas? Se você ainda se importa com a nossa amizade, por favor, ganhe mais tempo para minha esposa e meus filhos, tá bom?

Tinha razão. Em alguma medida, sem eu, Lúcia nem mesmo teria chance de insultar Caio a tal nível.

Os olhos e o nariz de Caio se avermelharam em diferentes tonalidades por causa de emoções agitadas. Olhando para o rosto dele, de repente veio à minha cabeça a cena em que Nathan foi espancado.

Neste instante, percebi claramente que eu não tinha como suportar qualquer prejuízo mais profundo que eu pudesse causar para os outros. Peguei os pertences e desci do carro quase de imediato. Caio até apanhou um susto pelo meu movimento tão súbito.

Ele ficou congelado por um segundo e logo acenou com a cabeça seriamente:

- Obrigado.

Depois, ele bateu a porta e acionou o carro rápido. Em breve, desapareceu nas correntes dos veículos.

Caio passou bem mais tempo com Guilherme do que eu. Guilherme não iria deixar algo ruim acontecer a ele sem fazer nada.

Por amor de Deus.

Eu parei à beira da rua, rezando silenciosamente pela família de Caio.

Fiquei distraída e a minha cabeça foi preenchida pelas imagens diferentes de Guilherme nesses dias, que eram insensíveis, presunçosas, de sangue frio, entre outras... Realmente não eram tipos de que eu gostavam, mas eu não tinha como detestar, sem saber o porquê.

Sendo casal por tantos anos, será que eu e Guilherme teríamos alguma telepatia?

Caso sim, seriam explicáveis todas as emoções atribuídas ao egoísmo e capricho.

No caminho de volta no táxi, o sentimento inseguro se tornou cada vez mais intenso. Pelo que fez o grupo de Odilon, o ponto final seria longe. Até Caio foi envolvido e retaliado, e as pessoas mais próximas ao meu lado e de Guilherme?

Pensando nisso, eu fiquei acordada em um instante e liguei para Agatha e Vicente. Só quando confirmei que eles estavam seguros é que eu tomei um alívio.

Ao anoitecer, eu não podia deixar de me preocupar com a situação de Caio e me forcei a dar uma ligadinha para ele.

Inesperadamente, a ligação foi atendida de imediato, só que a voz de Caio soou um pouco estranha:

- Senhora, tem algo a falar?

Eu podia sentir uma atmosfera opressiva e perguntei em voz baixa:

- Soraia e as crianças estão bem?

- Tudo ótimo - Caio respondeu sem pensar. Talvez por medo de mais incômodo por minha parte, ele arranjou um pretexto para fugir apressadamente. - As crianças estão me chamando. Tchau tchau.

- Caio... - Antes que eu terminasse as palavras, a ligação foi encerrada.

Olhando a tela que regressou à interface inicial, eu zombei de si própria. Em comparação com a gangue de Odilon, eu que era o desastre, que todo mundo queria evitar.

Tinha razão. Nesse período, quanto mais longe se afastava de mim, mais seguro que estaria.

Deixando o celular, descobri que Horácio e Anita tinham voltado para casa enquanto eu não sabia. Os dois pequenos pararam ao lado da sala de estar de mãos dadas e olharam para mim de longe, sem falar nada.

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