O Labirinto de Amor romance Capítulo 193

Como ela pôde mudar dessa forma?

Após uma pausa, peguei o celular e fui logo discando 190. A ligação foi completada e eu fui direta:

- Olá, eu gostaria de denunciar um caso de violência doméstica. A situação está bem complicada.

Desliguei após informar o endereço. Nuno estava com a cara fechada e irritada: - O que está inventando? Acha que não tenho coragem de acertar a mão em você?

Aquela não era a reação de uma pessoa normal. Olhei para Liz e notei que, após um breve momento de choque, ela se acalmou novamente, como se tivesse se acostumado com Nuno. Caminhei até ela e estendi a mão:

- Quanto tempo. Quer que eu a leve ao hospital?

Ela se voltou para Nuno com os olhos trêmulos, balançou a cabeça timidamente, olhou para mim e sorriu: - Não precisa. Estou bem, obrigada.

Nuno riu com a mão no bolso. Não tinha o menor receio de ser denunciado; muito pelo contrário, parecia transbordar confiança.

A polícia não demorou muito a chegar, se inteirou da situação e o levou embora. Como era preciso apresentar provas, pedi a Simão Yepes que pegasse o vídeo das câmeras de segurança com o proprietário do restaurante.

Liz também foi levada para depor. Eu, que fiz a ligação, fiquei sem poder sair por um tempo também.

Gravei também meu depoimento e saí da delegacia. Já era um pouco tarde, e eu não teria tempo para descansar.

Nuno ficou detido por lesão corporal dolosa. Saindo da delegacia, Liz ficou em silêncio; nem ela abria a boca, e nem eu sabia como abordá-la. Mas eu não podia deixar as coisas ficarem por isso mesmo. Fui até ela:

- Eu posso não estar sabendo o que aconteceu nos últimos seis meses, mas conte comigo. Aqui está o meu telefone. Vou fazer o possível para ajudar.

Já são dois anos trabalhando juntas, afinal. Eu não me sentiria bem em simplesmente ignorar o problema.

Atordoada, ela me encarou com aqueles olhos sofridos pela vida, em lágrimas:

- Diretora Sanches, me desculpe.

- Está tudo bem. Agora acabou. Qualquer problema, me ligue - eu disse, após um suspiro.

Como eu havia mudado o telefone desde os últimos seis meses, deixei com ela o novo número. Então chamei um táxi para levá-la. Simão olhou para mim e apertou os lábios:

- Acredito que ela vá procurar você em breve.

- Ela não era assim antes! - retruquei. O casamento fez isso com ela.

Já estava meio tarde. Quando Simão e eu chegamos embaixo do prédio da Honra, o presidente Pedro Mendes já estava nos esperando. Ao ver-nos, ele sorriu e cumprimentou:

- Vocês dois andam trabalhando bastante. Vocês almoçaram?

Simão assentiu com a cabeça. Os dois trocaram amenidades e meias palavras no caminho até a sala de reuniões.

Depois que toda a alta direção chegou, Simão olhou para mim:

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