O Labirinto de Amor romance Capítulo 196

Assim que levaram Simão, Guilherme olhou para mim com frieza. Era nítida a raiva em seu rosto. Pelo visto, a culpa era minha.

- O que eu podia fazer? Ele bebeu demais- falei, sem muita convicção.

Ele torceu os lábios e apertou os olhos negros: - E daí?

Fiquei surpresa: "E daí?" Como assim, "E daí?"

Parei para pensar, e então disse:

- Não tenho nada com ele. Ele fez isso porque bebeu demais. Aliás, encontrei Liz agora no restaurante. Ela está de dar dó. É coisa sua?

Ele enrugou a testa, e sua voz trazia um claro tom de aborrecimento:

- Kaira, você está desviando o assunto!

Eu... Bem, eu estava mesmo.

Olhando para ele de olhos bem abertos, apertei os lábios, sem pretender dizer mais nada.

Ele ficou ainda mais irritado em me ver assim:

- Você não vai se explicar?

- Eu expliquei, mas você não ouviu!

- Pois você...

Ao vê-lo prestes a cuspir sangue de raiva, por um instante eu até o achei um pouco fofo.

Continuei: - Que tal assim: você acabou de bater em Simão, não foi? Que tal bater em mim também, para descarregar ainda melhor a raiva? - foi o melhor que consegui pensar.

Ele não sabia se ria ou se chorava, e apenas respondeu, seco:

- Ainda quero matar você!

Olhando para mim com frieza, ele se virou e saiu.

Aquela era uma grande avenida, e desde o início o movimento já era grande. A pancadaria já devia ter ganhado a internet há muito tempo, e a expectativa era de que aparecessem novos problemas.

Fui dando passinhos atrás dele, que entrou no carro, ainda na maior frieza. Estiquei a mão para abrir a porta do passageiro, mas não consegui. O carro era alto, e eu precisei ficar na ponta dos pés para vê-lo:

- O que está fazendo, Guilherme?

- Indo embora.

E, com essas palavras frias, lá se foram homem e veículo.

Fiquei parada, aturdida. Demorei a me recompor. Mandou bem!

Não era difícil pegar táxi no centro da cidade, mas eu bati a mão várias vezes e estavam todos cheios. Depois de um tempo, um Cadillac preto parou na minha frente. O vidro desceu, revelando o rosto sempre sério do Sr. Caio.

- Madame, o Sr. Guilherme me pediu que a levasse.

Torci os lábios. Acho que era a primeira vez que ele me chamava de madame. Até então, sempre me chamava de Srta. Sanches, e eu achei aquilo estranho. Entretanto, irritada, ainda me dei ao trabalho de retrucar:

- Por que ele simplesmente não me deixou congelar no meio da rua?

O Sr. Caio apenas respondeu:

- Madame, a temperatura à noite aqui na Cidade do Rio noturna só chega até uns 7 a 8°C. Não dá para congelar até a morte, no máximo vai pegar um resfriado.

Filho da mãe!

- Dá para morrer se pegar um resfriado?

Nunca vi um homem tão direto em minha vida. Ele balançou a cabeça, e após uma pausa:

- A probabilidade de morrer por causa de um resfriado não é muito alta, a não ser que a pessoa já esteja com outras infecções.

Que piada!

Calada, abri a porta e entrei no carro:

- Eu agradeço. Pode me levar de volta.

Ele assentiu com a cabeça, o rosto inabalado.

Quando o carro já estava chegando à Villa, não resisti e perguntei:

- Sr. Caio, você tem namorada?

- Não tenho namorada, madame.

Eu balancei a cabeça e disse:

- Bem, se tivesse, uma hora dessas ela estaria furiosa.

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