O marido misterioso romance Capítulo 107

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Por que Malcom tinha dito todas essas coisas para Jordan? De qualquer forma, isso era irrelevante. O único erro que ela cometeu foi se casar com ele. Já havia perdido mais da metade da vida por causa dessa decisão, então por que ainda tinha que suportar tamanha humilhação?

O filho estava na frente dela, fitando-a com frieza enquanto esperava por uma resposta. Lydia deu um sorriso triste. "Por quê? Aquela mulher roubou o meu marido. Ela tirou o Malcom de você e me fez viver uma na solidão apesar de eu ser tão jovem... Que outro motivo teria?"

"A gente tá falando da vida de uma pessoa! Mãe, como você pode ser tão cruel desse jeito?" berrou Jordan.

"Cruel? Como você ousa dizer isso de mim?" A mulher o encarava com os olhos marejados de lágrimas.

"Qualquer outra pessoa pode me chamar disso, mas não você, que é o meu filho! Fui eu que te botei no mundo. Passei por tanta coisa só pra te criar. Você não pode dizer isso de mim!"

"Então, só porque você me criou, tenho que te perdoar por tudo o que você fez, hein?" Rosnou ele em voz baixa. "Se a razão pela qual você me criou foi só pra eu te proteger e te dever a minha lealdade incondicional, então eu preferia que não tivesse me criado! Além disso, você deve saber muito bem por que fez isso em primeiro lugar, né?"

"Você... Você é um ingrato... Sai daqui!" Com dedos trêmulos, Lydia apontou para Jordan. Ele olhou para a mãe, virou-se e saiu sem dizer uma palavra. Vendo o filho ir embora, a mulher parecia abatida.

Uma criada se aproximou e perguntou: "Sra. Reed, você está bem?"

Lydia deu um longo suspiro em silêncio. Ela era um fracasso! Malcom não a amava, e agora até mesmo seu único filho tinha começado a desprezá-la. O coração dela doía. Qual era o sentido de continuar vivendo uma vida tão patética?

Com raiva, Jordan voltou para dentro da mansão. Ele ignorou a governanta que o cumprimentou de forma calorosa, entrou no quarto e trancou a porta. A expressão dele era fria, e ele sentia uma mistura de decepção, tristeza e amargura. Cansado e com um aperto no peito, ele se deitou na cama.

Depois de algum tempo, ouviu passos se aproximando do quarto. Alguém bateu na porta e o chamou: "Sr. Jordan, é hora de comer!"

Jordan ignorou a pessoa e continuou imóvel, deitado na cama. Ela o chamou mais algumas vezes e, como não ouviu uma resposta, foi embora. Depois de um tempo, ele ouviu a gentil voz de Pedro. "Jordan! Abre a porta. Eu quero falar com você!"

Jordan cobriu a cabeça com o travesseiro, para bloquear todos os barulhos. Com o silêncio e a escuridão, ele acabou adormecendo depois de um tempo.

Embora estivesse dormindo, ainda estava consciente. A cabeça e o corpo doíam por causa da grande aflição que o homem sentia, e o coração também estava latejando. A dor era tanta que ele pensou em acabar com a própria vida, ali e agora. Talvez fosse melhor se ele simplesmente morresse nesse momento!

Assim que essa ideia lhe veio à mente, Jordan ouviu um grito estridente na mansão. "Ai, não! A Sra. Reed... tentou se suicidar!"

Ele se levantou de um salto. Isso não foi um sonho. Conseguia ouvir passos apressados do lado de fora, acompanhados pela voz trêmula dos criados em pânico. "Levem ela pro hospital agora mesmo!"

Alguém bateu na porta. "Sr. Jordan! Saia! A Sra. Reed tentou se matar!"

Lydia foi parar no pronto socorro do hospital. Jordan estava em silêncio, encostado na parede fria enquanto segurava a cabeça entre as mãos. Se alguém olhasse de perto para ele, veria que o corpo dele estava tremendo. Pedro se abaixou e colocou com carinho a mão no ombro do neto. "Vai ficar tudo bem. Não se preocupa!"

Como ele poderia não se preocupar? A pessoa deitada na mesa cirúrgica era a mãe dele. Jordan só havia ficado tão desapontado e irritado com ela porque a amava. Tinha passado tanto tempo vivendo envolto em uma bolha de felicidade, que estourou depois de tudo o que ele descobriu.

Mas jamais desejou qualquer mal para a mãe. Não importava o que acontecesse, ele era o filho dela. Criá-lo custou tanto para a mulher. Jordan nunca seria capaz de cortar o laço que tinha com ela.

A luz em cima da sala de cirurgia enfim se apagou, e abriram a porta. O homem se levantou no mesmo instante quando uma enfermeira saiu da sala. "Os sinais vitais dela estão estáveis agora. Não precisa se preocupar."

Ele ficou aliviado e, junto com Pedro e com a enfermeira, conduziu Lydia para uma enfermaria. No momento, a mulher estava desacordada. Jordan olhou para o rosto pálido da mãe, e a aflição continuou a crescer no coração dele.

Fazia três dias que Irene tinha saído de San Fetillo. Durante esse tempo, Edric ligou para ela diversas vezes usando números diferentes, mas a mulher não atendeu nenhuma vez.

Pouco depois que ela viajou para o exterior, Jordan fez o mesmo. Por mais que os dois não estivessem no mesmo vôo, Edric não acreditava que não iriam entrar em contato um com o outro. Ele queria muito que fosse possível ir para o exterior e trazer de volta aquela mulher sem coração.

Entretanto, Edric não tinha nenhum poder fora do país. Considerando que ambos Jordan e Nathan estavam lá, ele não tinha o que fazer contra Irene.

Chateado, pediu a John que investigasse Lily e Deborah. O círculo social da noiva era bem pequeno; ela não tinha amigos além de Freya. Deborah também levava uma vida muito simples. Além de alguns amigos ricos, não havia nada de incomum sobre as duas.

Edric ficou muito surpreso com as descobertas. Nos últimos dias, ele esteve pensando em quem iria querer Irene fora de San Fetillo. Com exceção de Margaret, só conseguia pensar em Lily e Deborah. Agora que as três haviam sido descartadas, quem mais poderia ter tentado atingi-la? Será que foi mesmo Joanne?

Edric nunca imaginou que Deborah estivesse manipulando tudo nos bastidores. Quem executou todo o plano foi o filho de Loraine, o motorista da família Cook.

Ademais, Edric não imaginaria que a empregada que trabalhava na casa dele havia dez anos, Loraine, estaria conspirando com Deborah.

Vendo que o chefe estava pensativo, John permaneceu em silêncio ao lado dele, aguardando receber as próximas ordens. Após muito tempo, Edric disse: "Me ajuda a procurar especialistas em infertilidade. Começa com o mais famoso!"

John ficou pasmo. Quando Irene não conseguia engravidar no passado, o chefe nunca procurou um especialista em infertilidade. Por que estava procurando por um agora?

Jordan estava fumando no final do corredor. A ponta do cigarro brilhava intensamente, iluminando o rosto triste do homem. De repente, ele ouviu alguém se aproximando por trás. Então, sentiu uma mão tocando seu ombro. "Jordan, preciso te contar uma coisa", disse Pedro.

Jordan assentiu e foi para o escritório com o avô. "Eu sei o que aconteceu ontem. Na verdade, se você queria saber sobre o que aconteceu naquela época, não precisava ter ido perguntar pra Lydia. Era só ter vindo falar comigo."

O homem mais novo permaneceu em silêncio enquanto encarava Pedro.

"A disputa emocional entre os seus pais e a Myra foi na realidade uma tragédia causada por duas famílias ricas e poderosas. Ambas as suas avós eram amigas, e elas concordaram desde muito cedo que queriam que os filhos delas se casassem um com o outro. Quando a sua avó viu como sua mãe era uma pessoa boa e gentil, ela ficou ainda mais determinada. Infelizmente, não esperava que o Malcom fosse se apaixonar pela Myra no colegial."

Pedro ficou em silêncio por um momento e continuou: "O que aconteceu naquele ano foi difícil de entender. Cada um via as coisas de um jeito diferente. Pra gente, a sua mãe era uma nora virtuosa. Respeitava todos nós, o Malcom, e tratava bem a própria família. Ouso dizer que o único da família inteira que não gostava dela era o Malcom".

Jordan não conseguiu evitar dar um sorriso de escárnio. "Ela sabia que o Malcom amava outra pessoa, mas continuou apegada a ele. O que tava esperando que fosse acontecer?"

"Relacionamentos não são tão preto e branco. Olha pras pessoas ao seu redor, os mais velhos e os seus amigos. Quantos deles se apaixonam e ficam juntos porque se amam de verdade?"

Jordan ficou em silêncio. Pedro prosseguiu, dizendo: "Depois que o seu pai se casou com a sua mãe, tudo foi por água abaixo. Mesmo assim, a Lydia fez de tudo para proteger a família, sem nunca reclamar. Pra uma família rica, era uma bênção ter encontrado uma nora como essa. Então, do ponto de vista deles, Myra não passava de uma mulher rebelde. Malcom era casado, mas ela começou a procurá-lo. Por fim, escreveu uma carta em que pedia pra ele se encontrar com ela. Como o seu pai sempre foi caidinho pela mulher, fez justamente isso. Logo em seguida, a Myra disse uma coisa que fez o Malcom nunca mais querer voltar".

Pedro abaixou a cabeça e concluiu: "Naquela época, você ainda era muito pequeno. A Lydia não suportava ver você perder o pai tão cedo, então ela aguentou a humilhação e foi se encontrar ele pessoalmente. Mas o Malcom se recusou a voltar. Por isso, ela não teve escolha a não ser se encontrar com Myra. Só que, justo no dia em que combinaram de se encontrar, a Myra morreu em um acidente de carro".

"Por que a Myra não se envolveu em nenhum acidente antes? Por que isso teve que acontecer no momento em que ela tava indo se encontrar com a minha mãe?" Perguntou Jordan. "Você tá mesmo me dizendo que não acha isso nem um pouco suspeito?"

"Posso garantir que a sua mãe não teve nada a ver com o acidente. Pra falar a verdade, na minha opinião, nunca pensei que a Lydia tivesse feito algo errado. Ela é a esposa legítima do seu pai, sempre teve o direito de defender o casamento dela. Diria até que o único erro dela foi ter tido o azar de conhecer a nossa família." Pedro deu um longo suspiro.

"A morte da Myra no acidente de carro não foi intencional e não teve nada a ver com a Lydia. Mas o Malcom culpou ela por isso, e a sua mãe se arrepende do que aconteceu e se culpa desde então. Ela sempre sentiu que, se não tivesse convidado a Myra pra sair, a mulher não teria morrido daquele jeito. Foi aí que a Lydia começou a virar uma pessoa religiosa."

"Se ela não é a verdadeira culpada, por que recorreu à religião?" questionou Jordan.

"Meu neto, não seja tão teimoso. Tenta entender por que você tá sendo tão duro com a sua mãe. Vai me dizer não tá fazendo tudo isso pela Irene? Se a Myra fosse uma pessoa qualquer, você seria tão cruel assim com a Lydia? Você tá empurrando os seus próprios problemas pra ela, só pra poder culpar alguém. Jordan, você não sabe que tipo de pessoa a sua mãe é? Pensa bem nisso. As coisas foram fáceis pra Lydia durante todos esses anos?" Retorquiu Pedro.

"Eu..."

"Você é um adulto. Tem as próprias ideias, pode julgar as coisas por si só e tem as próprias responsabilidades e fardos pra carregar. Não quero te forçar a pensar como eu, mas espero que pelo menos trate bem a sua família!" Tendo dito isso, o velho deu meia-volta e saiu.

Jordan voltou sozinho à enfermaria e parou na frente da porta. Pela janela, viu Lydia chorando encostada na cabeceira cama. Joanne estava sentada ao lado dela, segurando a mão da mulher e sussurrando no ouvido dela.

Por todos esses anos, ele nunca tinha visto a mãe chorar. Mesmo após ouvir os comentários sarcásticos dos irmãos de Malcom e os boatos que as pessoas contavam por aí, Lydia sempre foi forte.

A mulher tinha um coração de ouro. Sempre fez doações para instituições de caridade. Por mais que fosse rica, visitava asilos pessoalmente só para fazer trabalho voluntário. Ela não conseguia nem levantar a voz para os criados da casa. Era inimaginável que uma pessoa como ela pudesse tirar a vida de alguém.

Era bem provável que a morte de Myra tivesse sido só um acidente. A raiva de Jordan o havia impedido de ver as coisas como realmente eram!

Pedro tinha razão. Se a pessoa no acidente de carro não fosse a mãe de Irene, ele teria culpado a mãe por isso?

Era só que estava indignado! Como Irene não podia ficar com ele, Jordan tinha muito ressentimento e estava emocionalmente frustrado, então acabou descontando isso na pessoa mais próxima a ele.

No entanto, por causa dele, Lydia tentou se suicidar. Se os criados não a tivessem encontrado a tempo... Ele nem se atrevia a imaginar o que poderia ter acontecido!

As palavras de Pedro ecoaram nos ouvidos dele. "Você é um adulto. Tem as próprias ideias, pode julgar as coisas por si só e tem as próprias responsabilidades e fardos pra carregar. Não quero te forçar a pensar como eu, mas espero que pelo menos trate bem a sua família!"

Pensativo, Jordan olhou para a mãe dentro da enfermaria e se perguntou repetidamente: "Você já tem mais de vinte anos. O que fez pela sua mãe?"

Ele não conseguia pensar em nada. Nas memórias dele, era sempre Lydia que fazia todos os sacrifícios pelo filho. Ele nunca tinha feito nada por ela!

Então se lembrou dos olhos suplicantes da mulher naquela noite, quando ela disse: "A Joanne é uma boa garota, e gosto muito dela. Espero que você também comece a gostar dela, e vocês dois fiquem juntos!"

Jordan deu um sorriso amargo. Nesse momento, enfim entendeu como o pai se sentia no passado. Afinal, quem não se sentiria assim se não pudesse ficar com quem amava?

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