"No dia seguinte..."
— Quando tudo terminar, é só ligar pra mim e eu venho pegar você!
— Eu sei voltar pra casa sozinha.
— Então me avise quando chegar para eu saber se está bem!
— Eu estou bem, tem calma! — Lhe dou um beijo e saio do carro indo em direção a porta do hospital.
Entro, entrego os meus documentos e me levam até um corredor com várias portas, ando de sala em sala fazendo tudo o que era tipo de exames e por último vou ter com o psicólogo...
— Olá Ellionora!
— Oi! — Digo sentando no sofá.
— Como se sente hoje?
— Normal, na verdade não vejo sentido de estar aqui então podemos facilitar a nossa vida se me deixar ir mais cedo, ainda terá tempo de ir buscar os seus filhos à escola! — Ele começa a sorrir e eu começo a achar que é ele quem precisa de tratamento.
— E como tem lidado com a ausência do seu amigo?
— Lhe contaram tudo sobre a minha vida ou tenho de terminar a história?
— O seu pai só me contou o necessário...
— O Sr. James não é meu pai!
— E onde estão os seus pais?
— Eu não sei, algures no mundo tentando fazer dinheiro até se enjoarem...
— E isso lhe incomoda?
— ...
— Acha que eles dão mais valor ao dinheiro do que a filha? E que o mundo só vale a pena quando se tem poder?
— ...se sabe todas as respostas porque estou aqui?
— Porque quero entender como se sente para acharmos a solução!
— Eu não sinto nada, o que os meus pais fazem não é problema meu...
— A quanto tempo sente essa indiferença? Como é a vossa relação?
— ...os meus pais nunca foram de demonstrar carinho, eu passei a minha infância com babás e quando eles tinham de viajar por muito tempo eu ia com eles mas mesmo lá eu ficava com estranhos... estranhos de várias partes do mundo me conhecem melhor que os meus próprios pais...
— Essa ausência já lhe causou algum tipo de problema físico ou psicológico?
— Antes eu fazia coisas muito desagradáveis para chamar a atenção deles, eu me envolvi com más influências, muitas delas interesseiras, saía com vários caras mas os meus pais só se preocupavam com a opinião dos outros, eles pagavam para que o mundo pensasse que tínhamos a vida perfeita, eles pagavam para que eu tivesse boas notas só para mantermos as aparências, teve um dia que eu roubei o carro do meu pai para ir pra uma festa com um cara e os amigos deles... a gente bebeu tanto e eu só me lembro de estar na esquadra por ter atropelado alguém, felizmente o Sr. sobreviveu mas depois daquele dia tudo mudou... a minha relação com os meus pais só piorou, fui obrigada a fazer trabalho comunitário até que notei que por mais coisas que eu fizesse eu nunca iria receber o carinho deles então decidi tocar com a minha vida e cá estou eu, vivendo sem me importar com o que eles acham ou sentem por mim... — Ele faz umas anotações e continua me fazendo perguntas sobre o meu passado até a consulta terminar e eu voltar para casa...
"Dia seguinte (sábado )..."
4 dias se passaram e o meu mal estar só piorava, me sentia sem vontade para nada, Sr. James me impediu de ir à escola durante esses dias para ver se eu melhorava e as consultas com o psicólogo continuavam mas nada mudava o facto de sentir um vazio e culpa dentro de mim...
— Posso entrar?
— O que você quer? — Pergunto quando vejo ela entrando lentamente no meu quarto.
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