O Padrinho(Triologia Ella Monteiro) romance Capítulo 58

Ter ela de volta nos meus braços é um alívio imenso... As pessoas a nossa volta até bateram palmas.

-Obrigado Mel, você não vai se arrepender de me dar essa chance.

-Vamos para casa amor.

-Vamos !

-Vou pegar minhas coisas...

-Eu pego, aonde estão ? Ela me mostrou um banco mais afastado, eu fui lá peguei as malas e coloquei no carro.

No caminho de volta para casa, ela colocou uma blusa entre os bancos e deitou no meu colo em silêncio.

Eu fiquei fazendo carinho no cabelo dela com uma mão e dirigindo com a outra.

Que louco é o amor ! Pensei.... Tantas vezes estive do lado de lá, onde várias mulheres já imploraram pra eu ficar, mas eu nunca fiquei e não podia imaginar o quanto doeu nelas.

Só agora sentindo na pele o desespero de perdê-la, é que pude me ver do outro lado...do lado dos que amam.

Para minha sorte ela me ama também, porque senão eu estaria fadado a sentir o peso de ser deixado, como eu fiz por diversas vezes com várias mulheres.

Me pergunto como pode um homem com a minha idade, com a minha história, com a minha vivência, vim a essa altura da vida aprender com uma menina de 18 anos o que é o amor ?

Não sei...só o que consigo saber é que eu não saberia viver sem ela.

"Menina como pude te amar agora ? Te carreguei no colo menina, cantei pra ti dormir, te carreguei no colo menina, cantei pra ti dormir...."

Comecei a cantar baixinho pra ela, que segurou minha mão e deu um beijinho.

Já em casa, tudo que eu precisava era de um banho, uma vez que estava ainda com a roupa de ontem.

Debaixo do chuveiro, revivi a lembrança do tempo que fiquei aqui sem ela, depois que ela saiu...foi devastador pra mim, o silêncio do apartamento fazia ecoar meu choro.

Eu não me lembrava quando tinha sido a última vez que chorei assim...acho que foi quando eu perdi a única mulher que eu amei na vida, além da Mel, a minha mãe !

Eu tinha 18 anos quando um câncer maldito levou a minha mãe... A mulher mais forte e incrível que já vi, éramos só eu e ela no mundo, uma vez que meu pai nos deixou e formou outra família.

Ela, uma mulher de 1,55m de altura, parecia um gigante quando era pra me proteger... Filha de italianos, ela tinha uma força para enfrentar a vida que dava inveja nos outros.

Vendia pães e bolos que ela mesma fazia... Mãos de anjo, pequenas e magrinhas, mas tinham o dom de fazer massa como ninguém, por isso ela também cozinhava para um restaurante de massas italianas.

Uma vez que toda a família dela estava em outro país, e ela havia sido deixada pelo marido, aprendeu na marra a viver sozinha e cuidar do único filho da melhor maneira que pôde.

Mas aquele câncer desgraçado tirou ela de mim, e com ela tinha morrido também a minha capacidade de amar.

Ela tinha o sorriso mais lindo do mundo, mas era brava por demais, quando eu fazia algo errado não escapava do chinelo dela....agradeço muito a ela por ter feito de mim um homem honesto.

Mais tarde vim a ter contato novamente com o meu pai, conheci meus dois irmãos e os três sobrinhos que tenho, mas nunca consegui deixar pra trás a mágoa pela minha mãe ter sofrido tanto.

Por isso meu contato com a minha família é pouco, quase nada.

Como eu aprendi com a minha mãe, fiz minha vida sozinho, tudo que eu tenho é resultado de muito trabalho e dedicação aos estudos.

Eu fui bolsista nos primeiros dois anos de faculdade, eu tinha acabado de perdê-la, e queria que de onde ela tivesse, pudesse ter orgulho de mim.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: O Padrinho(Triologia Ella Monteiro)