O Pai Encantado do Meu Bebê romance Capítulo 71

"Ellie, meu irmão tentou suicídio."

"O-o quê?!"

Kaela não disse mais nada. Tudo o que conseguia ouvir era seu choro contínuo.

Desliguei o telefone e fui direto para o hospital. Liguei para Luna e pedi para ela ir ao hospital cuidar das crianças.

Quando chegámos ao hospital, Luna já estava lá.

"Eu ouvi o que aconteceu. Como ele está?" Ela perguntou ao me ver.

"Ainda não sei. Preciso falar com Kaela primeiro. Você pode pegar as crianças e cuidar delas?" Eu implorei.

Luna assentiu. "Não se preocupe. Apenas deixe as crianças comigo e vá ver Ulisses. Ele precisa de você. E, por favor, encontre um jeito de perdoá-lo."

Eu apenas mostrei a ela um sorriso forçado e assenti para ela. "Obrigada."

Então fui direto ao balcão de informações e perguntei pelo quarto de Ulie.

Quando cheguei à sala VIP, vi Kaela e Quen do lado de fora da sala. Kaela chorava enquanto Quen a consolava.

Eu andei até elas. Kaela me viu, correu em minha direção e me abraçou forte.

Eu lhe dei um tapinha nas costas para consolá-la. "Como ele está?" Eu perguntei.

Depois do abraço ela enxugou as lágrimas. "Ele está estável agora, de acordo com o médico."

Kaela agarrou e apertou minha mão. "Por favor, Ellie, ajude-nos. Não sabemos mais o que fazer. Sei que é difícil para você porque perdeu sua família, mas por favor nos ajude com meu irmão. Eu não quero perdê-lo. Posso pedir de joelhos, se é isso que você quer."

Minhas lágrimas caíram. "Você não precisa se ajoelhar para mim. Foi um acidente. E devo pedir desculpas a Ulie e sua família porque eu o culpo e o ofendo sem que ele mereça. Eu estava prestes a me reconciliar com ele, mas cheguei tarde demais."

Kaela balançou a cabeça. "Você não chegou tarde. Meu irmão está estável agora. Você ainda pode se reconciliar com ele. Obrigada, Ellie, por lhe dar mais uma oportumidade. Ele te ama tanto que quis tirar a própria vida para fazer justiça a você."

"Mas essa não é a justiça que eu quero." eu disse a Kaela.

Ela assentiu. "Eu sei."

Quando Kaela e eu nos acomodámos, respirei fundo antes de decidir entrar no quarto de Ulie. Eu vi seus pais chorando ao lado dele.

Engoli em seco. Eu estava nervosa, não tinha certeza se eles ainda me aceitariam para seu filho. Fui eu quem causei aquela dor.

"Tia, tio." Chamei-os.

Ambos olharam em minha direção. Tia Adélia veio até mim e me abraçou.

"Obrigada por ter vindo, Ellie. Meu filho precisa de você agora. Você é a única pessoa que pode convencê-lo a parar de fazer isso consigo mesmo. Todos nós temos medo de que, se ele acordar, possa tentar tirar sua vida novamente." Disse tia Adélia soluçando.

"Sinto muito, tia, fui eu quem pressionou Ulie a fazer isso. Se eu não o odiasse tanto." Não consegui terminar o que vou dizer porque a tia já me cortou.

"Nós entendemos sua raiva. Você perdeu seus pais muito cedo. Você sofreu por muitos anos. Mas sempre acreditamos que um dia você encontraria em seu coração o perdão de meu filho e daria uma oportunidade ao amor." Aconselhou tia Adélia.

Eu sorri para tia Adélia. Não acreditei que estava ouvindo aquilo depois do que aconteceu com Ulie. Olhei para o tio Laertes para ver sua reação. Ele apenas sorriu e acenou para mim.

Fiquei sozinha com Ulie. Ele estava dormindo tranquilamente. Eu olhei para baixo e vi seu pulso coberto com bandagens.

Eu toquei seu cabelo e o acariciei. Lembrei-me das coisas que meus pais me contaram sobre a luta interna de Ulie.

"Querida, ouça-nos. Pare de culpar Ulie pelo acidente. Ele foi a última pessoa quem nunca quis que isso acontecesse. Também sofreu bastante. Você precisa ajudá-lo a se livrar da culpa que carregou por anos." Foi exatamente isso que minha mãe me disse sobre a dor interior de Ulie.

Minha mãe também me disse que sua mente não aguentava a dor que ele estava sentindo naquele momento, era o motivo pelo qual sua mente bloqueou suas memórias sobre mim e esse acidente.

Taçvez tinha sofrido com a morte de meus pais, mas Ulie também sofreu. A culpa não o deixou, mesmo que ele tenha perdido a memória do acidente.

Ele ficava sempre ansioso sempre que parávamos a qualquer semáforo. Eu finalmente soube a razão pela qual ele sempre foi assim.

"Sinto muito, Ulie, por lhe trazer mais dor. Sinto muito por duplicar sua culpa. Vou te compensar quando você acordar. Eu prometo." Eu sussurrei para ele, então eu beijei sua testa.

Quando eu estava prestes a me afastar de seu rosto, vi os olhos de Ulie abertos. Eu me assustei. Eu não sabia o que dizer a ele.

"Ellie?" Ulie sussurrou então ele olha ao seu redor.

"Eu não consegui? Eu não morri?" Ele falou pra si próprio.

Um momento depois, Ulie começou a soluçar. Ele olhou para mim.

"Eu sinto muito. Me desculpe, eu fracassei." Ele continuava repetindo.

"O que você está dizendo?" Eu interrompi.

Ele olhou para mim, cheio de lágrimas nos olhos. "Sinto muito porque não consegui morrer. Sinto muito por estar vivo."

Não gostei do que ouvi dele. Não pude evitar, dei um tapa nele com um pouco de força.

"Você está falando sério agora?! Como ousa tentar se matar!" Eu gritei para ele.

Eu não consegui parar de ficar com raiva dele. "Você pensou nas crianças quando fez isso?!"

Ulie abaixou a cabeça. "Foi a única solução que consegui pensar. Se eu morresse, você teria a custódia exclusiva das crianças sem que elas te odiassem."

Não consegui acreditar no que estava ouvindo dele. Eu o pressionei tanto assim?

"Se você se sente tão culpado, então CASE COMIGO!"

Ulie ainda parecia bem triste. Adivinhava que ele ainda não absorveu minha proposta.

"Claro, eu deveria - espere! O-o quê?" Ulie disse quando finalmente percebeu o que eu disse.

Eu olhei para ele com frieza em meus olhos. "Eu disse que se você se sente tão culpado, então case comigo."

"P-por quê? Achei que você me odiasse."

Suspirei e toquei seu rosto. "Eu odiava. Você sabe o quanto meus pais significavam para mim, certo?"

Ulie assentiu.

Eu sorri para ele. "Quando soube do acidente, a única coisa que me veio à cabeça foi culpar você. Por tantos anos eu procurei algo ou alguém para culpar pela morte de meus pais. Eu não era capaz de processar o luto adequadamente antes."

"E agora que havia encontrado alguém para culpar, finalmente me permiti o luto por eles. Eu culpei você por tudo e até te chamei de assassino. Sinto muito, Ulie. Sinto muito porque dobrei a culpa que você carregou por anos. Agora percebi que o que fiz com você é errado." Eu disse a ele enquanto minhas lágrimas continuavam fluindo.

Ulie segurou minha mão que tocava seu rosto e a acariciou. "Seus sentimentos são válidos. Eu sou o culpado. Fui eu que causei o acidente. Eu fui a razão pela qual você perdeu seus pais. Fui eu quem te causou tanta dor. Eu fui o assassino."

Meu coração estava quebrando com cada palavra que ouvi dele. Eu balancei minha cabeça.

"Você não é um assassino. Foi um acidente. E você nunca quis que ele acontecesse." Eu replicou.

"Mas fui eu que causei o acidente." Ulie continuou insistindo para si mesmo.

Eu olhei para ele. "Eu disse para parar de se culpar. Não foi sua culpa. Era para acontecer porque a hora dos meus pais havia chegado."

Eu finalmente disse. Por muitos anos não pude aceitar o fato de que eles deixaram este mundo cedo demais. Mas agora eu finalmente aceitei. Eu finalmente os deixei.

Olhei para Ulie novamente, o qual ainda estava absorvendo tudo o que eu disse a ele.

"Sonhei com meus pais ontem à noite," eu disse.

Assim como meus pais me disseram, eu deveria contar a Ulie sobre as coisas que eles me contaram.

Ulie não pronunciou nenhuma palavra. Ele apenas olhou para mim e esperou que eu continuasse.

"Estávamos em nossa antiga mansão. Fizemos nosso churrasco no jardim como nos velhos tempos." Não contive o sorriso quando me lembrei desse sonho.

"Foram eles que me fizeram perceber que o que aconteceu foi um acidente e que não devo culpá-lo por isso."

Segurei sua mão e a apertei delicadamente. "Meus pais sabiam da sua dor e sofrimento interior. E eles ficaram preocupados com você."

"Eles não me odiaram?" Ulie perguntou um pouco surpreso.

Eu sorri e balanço a cabeça. "Não. Na verdade, eles estavam muito preocupados com você. Eles queriam que você soubesse que nunca o culparam pelo que aconteceu. Eles sabiam que já era a hora deles."

"Diga a ele que nunca o culpamos pelo que aconteceu. E agradecemos a ele por amar você desde aquela época até agora. Mesmo que ele tenha perdido suas memórias de você, ele ainda foi capaz de encontrá-la e ficar com você." Foi exatamente isso que minha mãe falou para você. Eu disse a ele.

As lágrimas caíram do rosto de Ulie. Ele chorou bastante.

Fui até ele e o consolei. "Obrigado, tia, tio. Obrigado."

Eu olhei para o rosto dele e o toquei. "Pare de se culpar. Deixe de lado a culpa agora e case-se comigo."

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