“Eu te xinguei? Pelo contrário, eu até te admiro. Diante de tanta gente, você nem pensou em pedir ajuda, ainda teve coragem de reagir sozinha. O que passou pela sua cabeça? Por que não foi simplesmente ingênua e ficou quieta?”
Os dois discutiram sem parar, trocando farpas.
“Não foi uma situação inesperada? Eles agiram tão rápido, como eu teria tempo de pedir socorro? Além disso, só tinha eles por perto, onde eu ia encontrar alguém pra ajudar? E mais, quem poderia imaginar que eu passaria por aquilo? Não foi algo que eu quisesse!”
Adelina rebateu com a testa franzida, sentindo-se enojada só de lembrar da expressão de Estevan.
Ricardo manteve o semblante sério e soltou um riso frio.
“Foi você quem quis bancar a forte, vai culpar quem? Se você tivesse algum problema, não poderia ter me falado? Se queria conhecer fornecedores de ervas, por que não veio até mim? Tinha mesmo que ir atrás do Nicolas, fazendo tudo do jeito mais difícil? O que se passa na sua cabeça?”
Adelina, por instinto, tentou retrucar, mas ao abrir a boca, ficou paralisada.
Alguns segundos depois, inclinou a cabeça, surpresa, com uma expressão de quem vira um fantasma.
“Procurar você? Você ia me apresentar um fornecedor de ervas? Não acredito, desde quando você ficou tão generoso?”
O rosto de Ricardo ficou ainda mais fechado.
Ele rangeu os dentes e disse: “Você acha que eu não tenho nada pra fazer? Foi o avô que ficou preocupado com você e pediu pra eu vir!”
Adelina entendeu na hora, pensando consigo mesma que agora tudo fazia sentido.
Ela torceu os lábios e respondeu: “De qualquer forma, deixa pra lá. Não quero ficar devendo nada pra você.”
Assim que terminou de falar, o rosto de Ricardo escureceu ainda mais, como fundo de panela queimada.
“Não quer ficar me devendo? Mas foi atrás do Nicolas. Vai me dizer que não tem problema dever favores ao Nicolas?”
Adelina respondeu sem hesitar: “Ele é diferente.”
Na visão dela, ela e Nicolas eram tanto amigos quanto parceiros de negócios.
Pedir ajuda ao Nicolas não era um peso para ela.
Com Ricardo, era diferente.
Ela já fazia de tudo para evitar contato demais com ele, e não queria dever-lhe nada.
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