O trajeto de meia hora foi reduzido por Henrique para apenas quinze minutos.
Ao chegarem ao hospital, o registro e o atendimento de emergência aconteceram em ritmo acelerado.
Adelina sentia tanta dor no braço que ficou entorpecida, quase sem reação.
Somente quando o médico começou a tratar o ferimento, ela percebeu a gravidade da situação, franzindo a testa de dor.
"Será necessário aplicar a vacina antirrábica, vai doer um pouco, peço que tenha paciência", tranquilizou o médico.
Ela olhou rapidamente para a seringa na bandeja cirúrgica e assentiu com a cabeça.
Depois de receber a injeção e ter o ferimento devidamente protegido, o médico recomendou: "A mordida foi profunda. Existe o risco de inflamação e febre alta. Recomendo que fique internada para observação por dois dias. Se não houver problemas, receberá alta em seguida."
Adelina pensou em recusar, acreditando que poderia se recuperar em casa.
No entanto, Ricardo pegou a ficha de internação e aceitou a recomendação em seu lugar. "Está certo."
Ele imediatamente entregou o documento a Henrique, que providenciou o melhor quarto vip disponível.
Quando terminaram todos os trâmites, já era bem tarde da noite.
As três crianças não choravam mais, mas estavam visivelmente abatidas e cabisbaixas.
Elas se reuniram ao redor da cama de Adelina, com os olhos vermelhos de tanto chorar.
"Mamãe, desculpa, a culpa foi nossa. Não deveríamos ter sugerido adotar um cachorro."
"A gente achou que, adestrando bem o filhote, não teria problema. Nunca imaginamos que Flor pudesse morder alguém, ela sempre foi tão obediente..."
Os dois meninos se sentiam extremamente culpados. Enquanto falavam, os olhos voltaram a se encher de lágrimas.
O rosto de Mariana estava marcado por lágrimas. Ela olhava para o curativo no braço de Adelina, com o lábio tremendo, claramente muito triste.
"A culpa foi minha. Eu não devia... não devia ter tentado acariciar a Flor... Senão a senhora não teria se machucado..."
Adelina não suportava ver o sofrimento deles. Encostada na cabeceira da cama, afagou delicadamente a cabeça de cada um.
"Foi apenas um acidente. Não foi culpa de vocês. Não precisam se sentir culpados. Além disso, a mamãe concordou em ter o cachorrinho, ninguém queria que algo assim acontecesse, certo? Não se preocupem, o ferimento não foi tão grave. Em dois dias estarei bem de novo."
"Nós também vamos soprar, assim a dor vai embora mais rápido."
O coração de Adelina se encheu de ternura. "Meus amores, vocês são incríveis. Com vocês aqui, já não sinto mais dor."
Depois de acalmar as crianças, ela finalmente perguntou sobre o que vinha lhe preocupando.
"Aliás, Flor sempre foi tão dócil. Por que ficou tão agressiva hoje à noite? Parecia fora de si. Aconteceu alguma coisa antes de eu chegar?"
Quando comprou Flor, foi tanto pela aparência quanto pelo temperamento amigável.
Durante todos esses dias, ela se sentiu muito segura com o animal.
Afinal, a cadelinha nem mesmo defendia a própria comida.
Como, de repente, ficou tão feroz ao ponto de atacar alguém?
Os dois meninos ficaram ainda mais desanimados ao lembrarem de Flor.
"Não aconteceu nada. Levamos ela para passear como sempre, mas, de repente, ficou muito agitada, latindo sem parar. Tentamos acalmá-la, mas parecia que não nos reconhecia mais e ficava cada vez mais irritada."

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