Hansen examinou o quarto nupcial ainda com a decoração extravagante com olhar sombrio.
Ele foi casado com Jenna por quatro anos, mas ela só morou na Mansão Richards um ano. Fugiu para a América pelos demais anos.
Ela ficou naquele quarto durante todo o ano que passou na mansão, mas ele nunca mais entrou ali depois da noite de núpcias.
Lembrou-se da noite em que se casaram. Ele entrou no quarto, bêbado, e devastou o corpo dela, sem pudor, por vingança e ódio. A memória daquela noite estava gravada em sua mente.
Aquela noite de amor se enraizou em seu subconsciente. Se não fosse o caso, ele não teria pedido a Jenna para passar outra noite com ele quando ela reapareceu depois de três anos.
Era como se alguém acariciasse com sedução o seu desejo, fazendo seu sangue ferver. Ele desabou sobre a roupa de cama macia importada da Itália, e segurou a cabeça enquanto sua mente girava com pensamentos.
Quando olhou para cima novamente, viu que seu rosto bonito parecia corado no grande espelho do camarim. Frustrado, ele desabotoou a camisa, mas arregalou os olhos quando se deu conta. Seu peito estava coberto de vermelho carmesim. Ele tocou o líquido pegajoso com a mão e viu que era sangue.
Ele tirou a roupa e ficou diante do espelho. Seu torso musculoso e de pele clara coberto de listras vermelhas de sangue. Um rosto pálido e frágil apareceu em sua mente, com sangue escorrendo dos dedos delicados. Era como se garras afiadas se enfiassem em seu coração. Era de quando ela estava lutando para sair debaixo dele, no carro, algumas horas atrás.
Ele pretendia levá-la ao hospital e fazer um curativo no ferimento em sua palma, mas foi dominado pela súbita explosão de raiva e desejo!
Ele se levantou e saiu correndo.
O poderoso Hummer roncou e rosnou, esmagando o coração de Hansen sob suas rodas.
Ele ligou o carro e arrancou. Visitou vários hospitais, mas não conseguiu encontrar Jenna.
Vagou pelas ruas em seu Hummer reformado, chamando a atenção de várias pessoas.
Droga! Como está a mão dela? Ela já está em casa?
Com o coração pesado, dirigiu sem rumo pelas ruas e becos. Esperava ver aquela moça bonita e delicada, mas o pensamento o fez dar um sorriso amarelo. Ele não entendia o que estava fazendo.
Um rio profundo e tranquilo corria pela Cidade A. Em um canto escuro e escondido, uma brisa passava por salgueiros e trazia frescor.
Jenna sentou-se, triste, com os braços ao redor dos joelhos, os olhos como cinzas mortas.
Várias garrafas de cerveja ao lado de seus pés.
Só naquele canto tranquilo ela poderia tirar seu disfarce, mostrar seu verdadeiro eu e lamber suas feridas.
Algumas horas atrás, ela foi ao hospital sozinha. Passou pelos procedimentos de limpar as feridas, medicar e ser colocada no soro.
Havia cacos de vidro por toda parte, alguns quebrados e esfregados quando Hansen agarrou sua mão. Cavaram na carne, e a dor excruciante a corroeu.
O médico levou três horas para limpá-la. Ela cerrou os dentes e nao emitiu som algum.
Depois de terminar o soro, ela olhou para a mão enfaixada, mas estava com medo de ir para casa. Não queria que a mãe se preocupasse.
Sua mãe era bem mais forte do que ela imaginava. Quando soube da tragédia de seu pai, não chorou nem amaldiçoou o mundo. Dormiu com a urna dele por sete dias e noites, então nunca mais falou nele.
Jenna levou uma dúzia de latas de cerveja para a margem do rio.
Era tarde da noite, ninguém estava por ali, exceto alguns casais.
Ela ficou na mesma posição por muito tempo, até que todo o seu corpo ficou dormente.
Quando ainda estava na Cidade A, anos atrás, ela também ia até aquele rio familiar quando estava passando por um momento difícil.
Abriu uma lata de cerveja e ergueu a cabeça para beber.
Ela sempre ficou sóbria, mas não hoje!
Não conseguia aliviar sua mágoa e miséria! A palma de sua mão estava queimando. Ela precisava afogar as mágoas e entorpecer seus sentidos para parar de sentir dor.
Bebeu uma garrafa inteira de cerveja de uma vez. Não era muito forte, mas como Jenna era certinha, ficou corada e começou a se sentir tonta em pouco tempo.
Riu, balançou o braço e jogou a lata de cerveja em direção ao rio.
Estava relaxada e se sentia muito melhor!

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