- Veio ver a Briela?
Glauco parecia mais calmo que Lúcio.
Ele disse, em um tom natural:
- Briela acabou de dormir, é bom não incomodá-la já que ainda não melhorou. Vamos conversar lá fora.
Glauco foi educado demais para Lúcio não poder recusar.
Saiu com Glauco sem nem mesmo ter a chance de olhar para Gabriela.
O clima entre o tio e o sobrinho, caminhando pelo corredor do hospital, era bastante estranho.
- Eu estava voltando para o Grupo Rocha com Sandro, mas não imaginava que viesse Gabriela agora há pouco, desmaiada e com uma febre alta, então a trouxe ao hospital. Sandro voltou primeiro porque ele não estava se sentindo bem, então eu esperei por vocês.
Glauco explicou, sem vacilar, antes mesmo que Lúcio perguntasse.
O que Lúcio poderia dizer?
Não poderia demonstrar suas dúvidas agora, mesmo que as tivesse.
- Te deu trabalho, tio. - Parecia pedir desculpas, disse -, já que estou aqui, pode ir descansar, tio.
- Tudo bem.
Glauco concordou e saiu.
Sem dizer mais nada, enquanto Lúcio o olhava, de cara fechada, indo embora pelo corredor.
Gabriela dormia sem saber o que estava acontecendo.
Lúcio acompanhou Gabriela a noite inteira.
Gabriela acordou às cinco da manhã com a boca seca. Ela se levantou da cama e sentou na beirada para tentar servir um copo de água. Se virou ao ouvir Lúcio, com seu rosto cansado e sonolento. Ela congelou:
- Quer um pouco de água?
Lúcio parecia preocupado.
Mas Gabriela havia aprendido a não se abalar com isso, concordou em paz.
- Sim, estou com sede.
- Eu vou pegar para você. - Lúcio levantou, serviu um copo de água e o entregou a ela.
- Obrigada.
Gabriela bebeu toda a água do copo enquanto olhava para baixo.
Ela parecia calma, mas ainda muito confusa. Ficou surpresa ao ver Lúcio no início, mas se acalmou após beber a água.
Quando Lúcio chegou aqui? Como ele sabia que ela estava no hospital? Será que se encontrou com Glauco quando ele chegou?
Tantas preocupações.
- Você está com fome? Eu vou pegar o café da manhã.
Parecia que, para Lúcio, era como se nada tivesse acontecido.
- Tudo bem.
Gabriela agradeceu e, queria ligar para Glauco assim que Lúcio saísse.
- Pode descansar um pouco mais, ainda está cedo.
Lúcio disse, então saiu para comprar mingau. Gabriela esperou um pouco para ter certeza de que não havia nenhum barulho lá fora e então pegou o celular e enviou uma mensagem para Glauco.
Perguntou tudo o que tinha em mente.
Só depois de enviar, lembrou que ainda era de manhã, talvez ele ainda não estivesse acordado.
O celular vibrou, era uma ligação de Glauco.
Ela não queria atender, mas achava que, caso não atendesse, não teria como tirar suas dúvidas. Então resolveu atender.
- Podia só ter respondido, precisa de ligar?
- Você melhorou?
Glauco não parecia entender o descontentamento de Gabriela. Dava para perceber, pela sua voz rouca e sexy, que ele havia acabado de acordar.
- Estou me sentindo muito bem. Então, responda a minha pergunta.
Ao ouvir um chiado na ligação, percebeu que Glauco estava se levantando e se vestindo, logo se lembrou de seu abdome firme e definido.
Ficou corada, mordeu os lábios e sacudiu a cabeça.
Pare, pare, pare!
Um turbilhão de pensamentos perdidos.
Ela ouviu Glauco acendendo um cigarro e não resistiu, disse:
- Não tem medo de fumar um logo de manhã e viver um pouco menos?
- Briela está preocupada comigo?
- Ha, quem está preocupado com você?
Gabriela era teimosa demais, era claro que não dava a mínima para Glauco.
- Lúcio veio na noite passada.
Ao ouvir isso, Gabriela aguardou com grande expectativa a segunda parte da frase.
- Nós nos esbarramos.
- Como assim?
Gabriela tinha somente uma coisa em mente: estava ferrada.
Lúcio já estava paranóico, acreditava mesmo que ela tivesse um amante por aí. Não tinha como dizer o que se passava na cabeça dele após o que ocorreu na última noite.
- Você está preocupada?
- Claro.
Gabriela rangeu os dentes ao dizer. Glauco riu bastante ao imaginar ela com ódio disso.
- Tá rindo o quê? Não quero que ninguém saiba o nosso relacionamento, de forma alguma.
- Qual é o nosso relacionamento?
- É claro que somos amigos na cama... Mas não me enrola, me fala o que disse na noite passada.
Gabriela tentou voltar ao assunto quando percebeu que quase foi enrolada por ele novamente.
Glauco riu, ainda mais feliz.
Gabriela o odiava ainda mais.
Glauco resolveu repetir a conversa que teve com Lúcio na última noite, agora que já havia provocado o suficiente.
- É verdade isso?
- Não tem como eu fazer nada se você não confiar em mim.
- Ah.
Gabriela desligou na cara dele, usou e o jogou fora.
Glauco apreciava através da enorme janela de Bairro de Rico, com as mãos nos bolsos. Com um sorriso maléfico e encantador, parecia estar tramando alguma coisa.
As coisas singraram muito bem.
Gabriela, que estava muito mais relaxada, comeu o mingau que Lúcio tinha comprado, com paz de espírito.
Ele não disse nada e ela não queria iniciar uma conversa.
O doutor veio ver como ela estava, fez exames e afirmou que a febre havia passado e que logo estaria recuperada, só precisaria descansar bem pelos próximos dias. Teve alta após a explicação do médico.
Gabriela ficou aliviada depois de ouvir isso, ela queria ir para casa e tomar um banho de verdade. O cheiro do desinfetante no hospital era tão ruim que ela não conseguiria ficar nem mais um dia.
- Fique mais um dia. - Lúcio olhou para Gabriela e franziu a sobrancelha.
- Não precisa, eu só vou deixar o hospital e ir descansar.
Gabriela respondeu sendo bem fria, Lúcio parecia frustrado e incapaz de ajudar, estava irritado e desequilibrado por indiferente dela.
Ela ainda estava tão insensível, mesmo que ele tivesse aguentado a humilhação de agradar Gabriela.
Para Lúcio, o comportamento dela era, de fato, insensível.
Talvez, quando se apaixonaram, o machismo de Lúcio ainda estivesse contido. Mas, depois de ver aquelas fotos, sua mentalidade mudou drasticamente.
Não importava o que fizesse com Gabriela, ela teria merecido. Era a consequência de ter traído ele.
Ela deveria estar grata por ele ter estado sendo mais amável com ela nesses últimos dias. Era o claro comportamento de uma pecadora.
- Eu não vou discutir isso com você.
Lúcio logo fez uma cara de desprezo para Gabriela.
Heh, não se poderia mais fingir?
Gabriela riu, com um semblante indiferente:
- Tenho a liberdade de sair do hospital quando eu quiser.
- Eu disse para ficar aqui no hospital!
- Sinto muito, mas eu não sou uma de seus empregados para obedecer suas ordens sem questionar. - Gabriela o encarou.
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Os comentários dos leitores sobre o romance: O tio do marido vem me seduzindo
Cadê o final da historia?...