O Vício de Amor romance Capítulo 158

Era a troca de mensagens entre Aline e Natália.

E também as fotos que Aline enviou para Natália.

A primeira mensagem foi enviada na data do desfile LEO, leu-se:

“Quer saber quem era o homem naquela noite, seis anos atrás?”

As mãos de Jorge tremiam. Será que foi por causa dessa mensagem que ela foi sozinha ao primeiro andar chorando, naquele momento?

A segunda mensagem foi à noite.

Na hora em que ele foi buscar Natália. Ele se lembrou que ela recebeu uma mensagem no carro e reagiu de forma anormal. Ela até mentiu para ele, dizendo que era uma mensagem de Renata.

Ele rolou a tela para baixo.

“Você pegou o dinheiro, vendeu seu corpo, ficou grávida por acidente e nem mesmo quer saber quem é o pai de seu filho?”

“Quem é você, por que está fazendo isso e como sabe sobre isso?”

“Relevante.”

“Quando quiser me ver é só mandar uma mensagem. Fiquei sabendo que inaugurou sua loja hoje, parabéns.”

“Os seus filhos são bonitos, se parecem com você e com o pai.”

Tendo lido as mensagens, Jorge entendeu por que Natália foi embora de repente, usando um pretexto qualquer.

Ele percebeu que ela caiu, mesmo sabendo que era provavelmente uma armadilha.

Aquela pessoa a conhecia muito bem e sabia que ela se importava muito com seus dois filhos.

Assim, ao ver aquela pessoa mencionar os dois filhos, Natália ficou em pânico.

Suas mãos não paravam de tremer.

Vanderlei não ousou dizer nada e se deslocou para longe para fazer uma ligação:

- Envie mais pessoas e amplie a área de busca. Encontrem aquela van o mais rápido possível.

- Entendi.

Respondeu o outro lado. Vanderlei desligou e virou para verificar Jorge.

O céu estava clareando e as luzes de néon pararam de piscar. As ruas longas eram cobertas de escuridão. Ele andou a passos leves.

- Que tal você voltar primeiro? Já mandei mais pessoas para a busca. A sua família ficará preocupada com você se não voltar à noite.

Não era adequado dizer diretamente para ele voltar, por não ter encontrado a pessoa a noite inteira. Vanderlei disse, usando de um eufemismo:

- As duas crianças estão em casa. Vão chorar por não ver a mãe a noite toda.

Ao pensar em Mariana e Matheus, Jorge se debruçou. Ele sentiu falta de ar e o peito pesado, sem nenhum espaço para respirar.

Vanderlei ficou preocupado:

- Jorge...

Jorge levantou a mão, para ele parar de falar. Sem levantar a cabeça, ele disse, em voz baixa:

- Conto com você.

- Sem problemas! Somos amigos! Farei o meu melhor para encontrá-la o mais rápido possível.

Jorge desligou a tela do celular e o colocou no bolso. Virou e entrou no carro.

Matheus era uma criança atenciosa e sensível. Natália não voltou a noite toda, ele ficaria preocupado. Por isso, ele precisava voltar e acalmar as duas crianças primeiro.

Nesta hora, a rua ainda estava tranquila. As padarias nos dois lados da rua acabavam de abrir.

O orvalho matinal era fino e o tempo estava fresco.

Ao chegar em casa, ele deu meia-volta no carro, rumo a um hotel. Ele tomou banho e colocou roupas limpas para ficar com uma boa aparência, antes de voltar para casa.

Ele estacionou o carro na mansão e verificou a hora, eram cinco e meia da manhã.

Agora, todos ainda deviam estar dormindo. Ele entrou no pátio a passos leves e empurrou o portão alto e pesado.

O interior estava quieto e pouco iluminado quando ele entrou. Estava prestes a abrir a porta do quarto, para verificar as duas crianças, quando ele notou uma pequena figura deitada no sofá.

Ele chegou perto e viu que era Matheus, sem nada a cobrir o corpo pequeno, aconchegado no sofá.

Ele se debruçou e tentou pegá-lo no colo. Mas mal tocou em Matheus, este acordou.

- Onde está a mamãe? - A primeira coisa que Matheus perguntou ao acordar era sobre Natália.

Os seus olhos ainda não estavam abertos e sua voz era suave e rouca.

O pomo-de-adão de Jorge se moveu para cima e para baixo, tal como seu coração no momento:

- Ela tem um projeto. O cliente está com muita urgência e ela está trabalhando na loja. Eu fiquei com ela a noite toda e agora ela está dormindo na loja. Ela me mandou voltar e ver vocês.

Jorge acenou que sim, com a cabeça. Retirou a sua mão e saiu do quarto. Fernanda estava sentada no sofá da sala de estar.

- Nati não voltou hoje à noite. Ela estava com você? - perguntou Fernanda.

- Sim. - Para não fazer Fernanda desconfiar, ele mostrou um ar bastante calmo.

Como se nada tivesse acontecido.

- Fiquei surpresa. - Mesmo agora, Fernanda continuava não entendendo por que Jorge era o pai de Matheus e Mariana.

- Naquela época, eu e meu filho sofremos um acidente de carro muito severo. A gente não tinha dinheiro, foi Nati que conseguiu o dinheiro para salvar minha vida. Meu filho não foi socorrido a tempo e morreu… Foi mais tarde que percebi como ela conseguiu aquele dinheiro. Ela disse que já tinha investigado. E naquela noite, era um homem local. Não quero que haja nenhum mal-entendido. Então, você quer confirmar de novo...

- Não é preciso. - Ele interrompeu Fernanda, com um tom bem firme. - Não é preciso confirmar de novo. Eles são meus filhos.

Agora é que ele percebeu por que Natália pediu dinheiro na época. Afinal...

Com a cabeça abaixada, ele disse:

- Peço desculpas por deixar ela cuidar das duas crianças sozinha, por tanto tempo.

Com as lágrimas nos olhos, Fernanda disse:

- Eu também tentei persuadi-la, dizendo que para uma mulher grávida sem se casar, era muito...

Fernanda ficou hesitante em escolher a palavra certa:

- Eu até a forceia abandonar a gestação, mas ela não me ouvia. Eu não conseguia agir contra a vontade dela e tive que permitir. Não sou uma mãe qualificada. Fiz a minha filha sofrer comigo...

Ela tapou os lábios e os seus ombros se moviam com os espasmos de choro.

- O que você pretende fazer?

Ela não sabia qual seria a atitude de Jorge em relação a sua filha.

Se ele gostava dela ou tinha outras ideias.

Apesar de serem dele as duas crianças, ela ainda queria que a sua filha fosse feliz. Queria que o homem com quem a filha ficasse a amasse e que fosse a pessoa que ela amasse também.

Assim é que eles seriam felizes.

Se eles dois ficassem juntos só por causa das crianças, não acabariam necessariamente felizes.

- Nati cuidava dos filhos quando eles cresciam. E eles já estão acostumados a viver com ela...

- O que você está querendo dizer? - Jorge levantou sua cabeça.