OS FILHOS DO SHEIK (completo) romance Capítulo 23

Dahra

A casa era diferente das que eu já tinha visto, é diferente da minha, não só pela arquitetura, mas pelo cheiro de pão que vinha da cozinha, pão assado na hora e aquela família que mesmo não sendo minha me acolheu tão bem, mesmo sem me conhecer parece que faço parte dela a anos.

Eles me levam para quarto de hóspedes, na casa da vovó Paula, ela me diz sorrindo que é o quarto preferido do Emhre, mais o que ele mais gosta mesmo é a tal casa na árvore e que ela me mostrará amanhã depois que eu descansar da viagem. O quarto aparentemente simples com uma cama de casal com uma colcha branca e dois travesseiros que parecem ser muito fofos, uma cômoda madeira maciça com porta retratos de três crianças provavelmente é meu noivo com seus irmãos, as cortinas brancas que balançavam enquanto o vento soprava pela janela aberta, e a poltrona florida com um descanso de pés da mesma cor e o tapete bege embaixo dela, trazia a paz que eu tanto esperei a vida toda, se um dia eu tiver a minha casa eu espero que ela transmita isso. Eu sorrio ao pensar que talvez eu nunca terei uma casa somente minha, que terei que dividi-la com a próxima esposa de Emhre ou que serei uma mulher divorciada que não poderá mais entrar em seu país para não ser apedrejada, somente porque seu marido não a achou boa o suficiente e decidiu devolve-la a família e se tornar uma empregada que não pode sair de casa. Preciso de um banho e descansar e pensar no futuro depois. E dormi no sono profundo dos justos.

Durante a noite eu sinto uma angustia no peito, parecia que algo dentro de mim não estava em seu lugar, era como se algo de ruim fosse acontecer a qualquer momento, a cama macia acabou se tornando um emaranhado de espinhos embaixo de mim, o travesseiro macio se comparava a uma pedra e o meu coração batia descompassado, serio e sombrio. Mas quando o medo atingiu cada centímetro da minha da minha alma, eu sabia que algo estava acontecendo de ruim, eu não sabia dizer o que era e nem com quem era mais eu senti.

Sai porta a fora eu precisava de ar, precisava respirar sentir o ar encher meus pulmões e respirar. A respiração já ofegante, eu coloco as mãos no peito e sinto o ar fugir dos meus pulmões. Tento puxar o ar que não vem e aprece que vou desfalecer ali no meio do jardim da vó Paula.

- Você esta se sentindo bem? – a mulher loira sai de trás de alguns arbustos.

- Eu não estou bem – eu tento respirar mais não consigo.

- Calma você esta tendo uma crise de ansiedade, quero que olhe para mim – ela segurou os meus ombros – Já teve isso alguma outra vez – eu nego com a cabeça – Eu quero que respire – eu faço que ela pede e respiro – Agora inspire – e eu inspiro e assim repetimos por diversas vezes.

- Obrigada Helena, eu pensei que estivesse morrendo.

- Eu já tive varias vezes crise de ansiedade, e as vezes eu sinto que meu coração quer conversar comigo e me contar as coisas – ela ri, parece que não acredita no que fala – Quando Emhre caiu de bicicleta e machucou o pé e ficou um mês sem poder andar eu senti a mesma coisa, Quando Esam tinha 4 anos e pulou na piscina para poder pegar a bola que havia caído lá eu também fiquei assim e quando Nadia teve sua primeira desilusão amorosa e quis pular do muro do palácio também me senti assim, é como um radar.

- Mas como você consegue sentir essas coisas?

- Eu sou mãe e mãe sente, sabe que até mesmo com Rajj parece um premonição que algo ruim vai acontecer nos sentamos na escada da casa – E estranho dizer mais quando amamos alguém sentimos o mau perto delas.

- Espero que não aconteça nada de mal a ninguém.

- Nem eu minha querida, nem eu – Helena é uma mulher direta – Vamos entrar e tomar um xícara de chá quente para nos esquentar.

Depois do chá eu dormi como uma pedra, e nem sei por quanto tempo, Só escuto a confusão de pessoas chorando e tio Matt ao telefone falando com a voz alterada, então vou em direção as vozes que ecoam pelo corredor da casa de vovó Paula e encontro todos chorando e como se algo de muito ruim estivesse acontecendo enquanto eu dormia.

- Meu filho, como foi acontecer isso? – Helena chorava – Eu deveria ter ficado lá.

- Esam, como ele está – tio Matt conversa ao celular – Estou indo para ai, vou preparar as coisas – Como não vou com, Emhre é meu sobrinho – ele escuta – Eu sei, mas sua mãe quer ir ver como ele está.

- O que esta acontecendo?

- Emhre levou um tiro – Helena chora – E está em coma.

E para mim o mundo para também como pra todos ali dentro daquela casa, e eu caio sentada numa cadeira como peso morto, pensar no meu agora marido, e que ele pode estar morto me trás o desespero. Um sentimento que nunca senti na vida o desespero de perder alguém mesmo que por tão pouco tempo, não consigo raciocinar, não consigo pensar. Me levanto e sigo em direção a porta, quero chorar, quero muito chorar.

- Dahra – tio Matt me chama quando estou parada na escada da entrada da casa.

-Ele vai morrer? – eu pergunto.

- O estado é grave, mais estamos esperançosos – ele vem e me abraça – Ele entrou em coma e perdeu muito sangue, mais Esam já fez a doação, eles tem o mesmo tipo sanguíneo – ele aperta mais o abraço – Minha criança, vamos entrar e ficar com os outros nesse momento todos precisamos de apoio.

- Eu vou ir ver meu filho Rajj, não adianta falar que não – ela agora parece brava – Estou saindo daqui agora – uma pausa – Não vou ficar aqui enquanto meu filho ta em coma no hospital.

- Eu vou com você Helena, ele é meu marido – e assim nós duas vamos arrumar as malas.

Pouco tempo depois já estou na sala, esperando pela mãe de meu marido e ela vem andando e batendo o salto no piso de madeira. Surge a mulher loira com os olhos vermelhos me olhando, ela funga uma vez, duas vezes, três vezes.

- Rajj me ligou – a voz do tio Matt entra na sala – Eles estão saindo da Rússia agora e trazendo Emhre para o Brasil, para cá.

- Meu Deus meu filho morreu – Helena diz e eu desmaio – O que vai ser de mim Matt, eu pedi tanto a Rajj para não levá-los, e pedia eles que não fossem, mais querem salvar o mundo, querem ser os super heróis da história, eu sei que eles querem ajudar as pessoas, mas a que preço? Essas pessoas com quem eles lidam são perigosas e meus filhos.

- Como assim, pessoas perigosas? – parece que eu sou a única que não sei de nada.

- A máfia querida – tio Matt me responde.

- Que máfia?

- Todas – Helena responde – Do mundo todo.

- Onde eu fui me meter, por Alá – e os sentimentos brigam dentro de mim.

- Quer saber onde se meteu? – eu ainda estou chorando, mas balanço a cabeça afirmando.

- Você vai contar a ela Matt? – Helena pergunta.

- Ela agora é da família tem que saber para não nos meter em mais confusão.

Ele então me contou sobre A Cúpula.

E eu fiquei apavorada.

Foram muitas emoções hoje, amanhã será um novo dia.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: OS FILHOS DO SHEIK (completo)