Dahra
Vinte dias. Vinte dias revesando junto com a família de Emhre e tendo a esperança a cada dia que ele vai acordar e vai ficar tudo bem e vamos seguir nossas vidas. Ele ainda continua lá, um pouco mais magro, abatido e naquela cama . Nádia a irmã dele chegou a alguns dias e com ela trouxe alguns papéis, eu estava em meu quarto quando ela entrou como um furacão e jogou na mesa as pastas, como sempre muito elegante um vestido vermelho colado ao corpo e o cabelo loiro amarrado em um rabo de cavalo e para completar o sapato preto de salto fino.
— Eu trouxe os papéis do casamento.
— Papéis?
— Sim, os papéis da validação do casamento de vocês, ou você achou que era só ir lá se casar com o Elvis que estava tudo certo? - ela riu e eu me senti uma boba - Não imaginei que eu fosse tão ingênua assim.
— Olha eu posso não saber das coisas mais não quero que fique rindo de mim, e se foi só isso que veio falar, pode me deixar sozinha que é minha vez de ficar com Emhre e preciso de um banho.
— Olha só, ela também tem boca e responde quando quer - e me olhou de cima a baixo - Fez um ponto comigo garota, mas vamos ao que interessa, esses são os da validação do casamento - ela aponta para a pasta - Essa cópia é sua, e esses eu preciso que você assine é para dar entrada na adoção da menina que Emhre teima em querer - ela abre a pasta - Assine aqui e faça um visto em cada folha - eu abri e assinei - Você não vai ler?
— Não é para a adoção da Bianca acho que Emhre não vá fazer alguma maldade.
— Nunca - ela segurou meu braço — Nunca assine nada sem ler me entendeu, você pode estar assinando seu atestado de óbito e não sabe, você é da família agora tem que tomar cuidado e estar sempre atenta, entendido - realmente minha cunhada é muito forte, pois chegou a ficar vermelho onde ela segurou.
— Eu entendi sim Nádia.
— Ótimo, termine de assinar os documentos para que eu possa dar entrada na adoção, eu não acho que meu irmão esteja em seu juízo normal mas se ele quer assim eu vou fazer como ele quer já que eu sou somente a advogada que não devo me intrometer na vida perfeita do senhor certinho que não faz nenhuma merda.
— Emhre já assinou? Tive até medo de perguntar, pois ela parecia alterada.
— Já sim, antes do - ela pareceu fugir dali naquele momento - Antes do acidente dele, ele assinou - ela me fitou - Você já terminou - ele olhou folha por folha, juntou as pastas e se foi.
— Tchau pra você também – Eu disse depois que ela bateu a porta.
Me arrumei para ir ficar com ele, tomei banho coloquei roupa limpa, e sapatos confortáveis. Eu estava gostando das roupas que posso usar aqui, não que eu não goste da minha cultura mais poder me sentir uma pessoa normal como as que eu via nas revistas e via nas redes sócias, quando me era permitido. Hoje estou usando jeans e uma blusinha preta com mangas bufantes segundo tio Matt, e hoje eu tenho um tênis, parece tão simples para qualquer mulher ter um tênis, mas para mim é uma novidade.
Desço as escadas da casa de vovó Paula e vou até a cozinha, pego uma maça e saio comendo até a casa da tia Sophie onde Emhre está, A mãe dele está lá dentro e abro a porta devagar e observo a mãe que olha apaixonadamente para o filho. Se um dia Alá permitir que eu seja mãe quero ser como Helena, que luta pelos seus filhos com unhas e dentes e está sempre por perto para ajudar.
- Helena – ela me olha – Eu vim ficar com ele para que você possa descansar.
- Sabe que por mim eu ficaria aqui o dia e a noite até que ele acorde – os olhos dela se encheram de lágrimas – Se Deus permitisse eu estaria no lugar dele – Ela chora e funga – Ele é um pedaço de mim, um pedaço do meu coração que bate fora do meu peito e se vocesse pedaço está doente meu coração está muito mais doente, por que dói, dói tanto vê-lo aqui, ele que sempre foi tão agitado e tão sapeca, nunca imaginei ver meu filho assim.
- Também me dói, Emhre foi erro mais lindo da minha vida – Eu sorrio sem graça – Eu nunca imaginei que me casaria com ele, mas agradeço a Alá que o colocou em minha vida, e peço muito que ele se recupere o mais rápido possível.
- Eu também, as vezes eu penso que vou morrer de tristeza - ela segura minhas mãos – Cuide do meu filho, ele é um pouco turrão mas cuide dele – ela me abraçou – Eu vou tomar um banho e tentar descansar um pouco – foi até ele e deu um beijo em seu rosto e saiu me deixando sozinha ali com ele.
- Agora somos só nos dois meu marido, essa noite tive outro sonho com você – eu beijo o rosto dele enquanto acaricio a sua mão – Eu gostei muito do sonho, Você foi incrível como sempre e eu gostei muito das coisas que você me fez – continuei a contar – Hoje sua irmã foi em meu quarto, me mostrou os papeis do casamento que foi validado e agora eu sou sua esposa de verdade – acaricio seu rosto – E o mais importante é que já assinei o processo de adoção da pequena Bianca, eu queria muito que você fosse comigo para poder me apresentar ela, mas você esta demorando um pouco de mais no seu soninho e então eu resolvi ir até lá e conhecê-la, o que acha?
Claramente não tive resposta, eu gostaria muito que ele acordasse e dissesse que ele ia me apresentá-la, mas infelizmente não foi o que aconteceu. Fiquei ainda por um longo tempo esperando e nada. Como eu queria que nossas vidas fossem como no conto de fadas que tudo da certo, não que eu tenha visto muitos, mas minha irmã sempre conseguia que víssemos pelo menos um pouco até alguém se dar conta de nós duas e voltarmos para nossa vidinha monótona.
Eu pude ter acesso a biblioteca da casa de tia Sophie, e foi ali que conheci a prima de Emhre, a moça de cabelos longos e negros, com lindos olhos verdes, me observou como uma gata no canto da sala, com um copo de whisky na mão sentada em uma poltrona na penumbra da noite.
- Oh você me assustou – dou um gritinho quando a vejo.
- Presumo que você seja a nova esposa de Emhre –ela girou o liquido âmbar que estava no copo – A que era noiva de Esam.
- Sim sou eu.
- Sim claro que é você – ela sorriu com deboche - A única estranha aqui na minha casa é você.
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