Minha avó Paula se encontrava na cozinha fazendo o café da manhã depois da noite tensa que tivemos em Brasília.
- Bom dia para a avó mais linda do mundo.
- Bom dia meu amor, estou preparando aquele cafezinho que você gosta - ela apontou para o coador de pano - Sua tia me disse ontem da confusão que você arrumou na tal entrega do prêmio.
- Vó eu não tive culpa a moça que era uma doida e me agarrou no banheiro.
- Meu filho só um conselho, segura seu peru dentro das calças ou vai se dar mal menino.
- Vê se escuta o que sua vovó diz garoto – Nathi diz entrando na cozinha – Esse aqui vai acabar se metendo em confusão logo, logo e não vai conseguir sair dela.
- Se continuar falando assim e me rogando pragas, vai deixar de ser minha prima preferida – ela gargalhou.
- Eu não sou sua preferida você só não tem opção – ela tomou um gole do meu café – Vamos meu preferido o trabalho nos espera.
- Emhre espere – então eu e Nathi, paramos e prestamos atenção em vovó - Sua mãe ligou ontem – ela fez uma pausa - Me disse que teremos que ir para o palácio daqui a alguns dias, o casamento do seu irmão foi marcado.
- Te espero lá fora – então Nathi saiu como um foguete.
- Então ele vai mesmo se casar?
- É o que se esperava não é mesmo meu filho – então vovó fez uma pausa e suspirou – Não podemos fazer nada – sai e encontrei Nathi encostada na caminhonete pensativa.
- Achei que não sair dessa cozinha nunca mais.
- Já estou aqui ao seu dispor senhorita – fiz uma reverencia e ela entrou na caminhonete.
Então eu e Nathi rumamos para um lugar onde eu amava estar. Lógico que não se tratava mesmo de trabalho, mais sim de caridade. A usina tinha um mar de terras para plantação, então mamãe teve a brilhante idéia de usar um pouco dessas terras para fazer o bem, e construiu O LAR DAS ESTRELINHAS. Lá as nossas estrelinhas eram bem cuidadas e tentávamos ao máximo trazer o amor e o carinho a todos, e eu amava muito estar ali, cuidar e dar atenção a cada um deles.
Nathalia foi encontrada no canavial da usina por tio Pedro, ele viu o pequeno embrulho se mexer e desceu do carro para ver do que se tratava, até então ele achava que era cachorrinhos que alguém tinha deixado ali jogado na beira da estrada, mais ao abrir o paninho que a embrulhava se deparou com o pequeno bebê de olhos verdes e pele branquinha. A situação de Nathi não era nada boa, pois formigas andavam sobre ela e algumas já tinham mordido seu pequenino corpinho, então tio Pedro a levou para casa. Tia Sophie se apaixonou pelo bebezinho de cabelos negros e a adotou, e Nathi sempre foi nosso milagre.
Muitas crianças são abandonadas pelos seus genitores na mesma situação, e ai que o Lar Das Estrelinhas entra, com todo amor e carinho que todos nós podemos oferecer. A principio, o orfanato foi criado para receber crianças carentes da região, mamãe e tia Sophie usaram o dinheiro da nossa família e da própria usina para construir e cuidar das crianças o asilo, os velinhos abandonados pela família também começaram a chegar, e é incrível como a cada dia que passava um idoso era abandonado, deixado como um móvel velho que já não serve mais e foi substituído. Então o Lar Das Estrelinhas também se tornou uma casa de acolhimento para os idosos.
As crianças que chegam ainda bebês são acolhidas, as que estão em idade escolar estudam na própria instituição e os adolescentes fazem cursos e se qualificam, e a maioria deles que cursam faculdade e voltam para o Lar e se tornam funcionários, temos médicos, advogados, enfermeiros, professores que ficam ali para cuidar da família, porque somos uma família. E eu amo estar junto com essa família, mesmo quando não estou no Brasil fico sempre em contato com eles em vídeos chamadas, principalmente da minha querida Bianca, ela chegou aqui ainda bebê quando eu tinha apenas quinze anos hoje, foi o bebê mais lindo que eu já vi na vida, e hoje ela com seus dez anos continua a linda e encantadora menina. Eu penso muito em adotá-la definitivamente, e quando eu fizer meus trinta anos à pequena Bianca virá morar comigo em algum lugar do mundo.
Nossa visita começou pelo berçário e infelizmente novos bebezinhos chegaram, acho que todas as crianças deveriam ser criadas em seus lares com amor de pai e mãe, só que muitas vezes a realidade é outra, mais somos sortudos por tê-los e poder vê-los crescer e se tornarem adultos diferentes de seus genitores. Fomos á escola e criamos um grande tumulto entre as crianças que correram para nos abraçar, a minha pequena Bianca se aproxima e como sempre tímida sorri e eu abro os meus braços para que ela venha até mim, e ela corre e o abraço que ganho é maravilhoso. Sei que não deveria me apegar a ela, mais ela é meu ponto fraco aqui no Lar.
- Tio Emhre, que saudades de você.
- Eu também minha pequena, muitas saudades.
- Não sabia que estava aqui – ela aperta mais o abraço.
- Eu vim receber um premio e ver você e as crianças.
- Um prêmio, que legal – ela saiu do abraço e me olha curiosa – O que você fez de bom para receber um prêmio? Aqui no lar no fim do ano as crianças que se comportaram bem também ganham um prêmio. Você se comportou bem também, tio Emhre?
- Tio Emhre nunca se comporta bem minha querida, quem ganhou o prêmio foi a Usina e ele foi só o cara que subiu lá pra pegar o troféu – diz Nathi.
- Nossa Nathi não precisa ofender né.
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