OS FILHOS DO SHEIK (completo) romance Capítulo 54

Deputado João Gilberto

- Olá meu amigo, como vai? – ligo para meu amigo dono do hotel.

- Meu nobre Deputado, como vai?

- Muito bem, estou hospedado no seu hotel.

- É uma honra recebê-lo, e eu já sei do novo romance com a princesinha intocável do açúcar – ele ri – Meus parabéns.

- Pois é consegui domar a fera, e foi por isso que te liguei – eu suspiro – Aconteceu algo muito chato com ela aqui no hotel, uma das camareiras confundiu a Nathalia, achou que ela era acompanhante.

- Nossa cara peço mil desculpas, vou demiti-la agora mesmo, assim que desligar já peço para ver quem foi e já vou demitir por justa causa.

- Sabia que podia contar com você meu amigo, foi uma situação constrangedora e eu não gostei como minha mulher foi tratada, espero que tome providências.

- Claro, claro – ele suspirou – Cara eu que peço desculpas mas esses funcionários são muitos ruins cada dia pior contratar pessoas competentes.

- Eu sei como é, mas meu amigo eu agradeço, vou ter que desligar porque tenho que voar para Brasília agora de manhã.

- Vai lá amigo Deputado e ajude a todos nós humildes empresários que precisamos de um incentivo.

- Até mais e sempre ajudando vocês.

Pronto agora sim aquela empregada vai ser demitida, não sei como Nathalia ainda fica de conversa com os empregados que a ofendem, ela esta dormindo linda na cama, queria muito que ela fosse comigo para Brasília, ia ser ótimo para mim desfilar com ela lá, de família influente como ela é e com uma vasta extensão de terras que eles possuem e sem contar as riquezas do tio Sheik dela, seria ótimo para minha carreira e estou quase no ministério da segurança, sei que meu namoro com ela vai ser o empurrão que eu preciso.

Fátima – A empregada do Hotel

Aquela moça Nathalia é tão boa, me ajudou quando eu estava mais precisando, tenho três filhos uma moça de dezessete que se chama Lindiane, um de quatorze o Ruan e uma garotinha de nove a Luana, e ainda ajudo a cuidar da filha da minha comadre, a Justine, a mãe que acabou falecendo no começo do ano e mora mais lá em casa do que com o pai dela, ela é minha afilhada, tem oito anos e é como filha também, e pelo jeito vai acabar ficando lá em casa porque o pai acabou de arrumar uma namorada nova que não gosta da menina. E assim , vou cuidando da garotada lá de casa.

Minha filha Lindiane ás vezes faz algumas faxinas lá na comunidade mesmo para ajudar com os custos da casa, nos moramos no Morro dos Tigres aqui no Rio de Janeiro. Eu e meu finado marido moravamos no interior de São Paulo, e ele recebeu uma proposta de emprego muito boa aqui no Rio e viemos para cá, tentar a vida, e fomos felizes até que um dia ele teve um infarto fulminante e morreu no serviço. O dinheiro deu para comprar essa casinha aqui no morro e nos sustentar por um tempo, as coisas apertaram e eu tive que ir trabalhar e consegui trabalho no hotel. E estou trabalhando lá á seis anos, mas de uns tempos para cá minha filha esta fazendo um curso de modelo, ela puxou a minha irmã Luzia é muito bonita e tem os olhos verdes como o da tia.

Luzia é minha irmã mais velha, que sumiu no mundo e ninguém mais soube dela, a moça do hotel a Nathalia é muito parecida com ela, tanto na fisionomia quanto na profissão, os olhos e os cabelos delas são idênticos, fiquei impressionada e até chorei de saudade dela quando vi a Nathalia. Minha irmã se encantou por um fazendeiro que apareceu na nossa cidade, mas o infeliz era casado e a levou embora de nós. Ele era bem mais velho que ela, e a pobre acreditou em tudo que ele prometeu. E nunca mais vimos minha irmã, só uma vez que ela me ligou á muitos anos atrás e estava morando no Paraná em uma fazenda do tal homem, Antonio da Fonseca, a última noticia dele na internet é que morreu há vinte sete anos, não deixou filhos, e era viúvo e a sua fortuna foi para um primo, já que não tinha herdeiros e nem família. Tentei contato com o tal primo, mas nunca fui respondida.

Lindiane tem o sonho de morar fora do Brasil, e as vezes faz umas coisas que não aprovo, essa tal agência que ela tem curso, prometeu levá-la mas por uma quantia e a minha filha pegou o dinheiro das nossas economias sem me dizer e pagou a tal passagem, e ela já esta quase completando os dezoito anos e me prometeu que quando estiver lá me manda o dinheiro de volta, eu sou contra isso tudo, mas a menina esta com a cabeça feita que vai pra lá. E quando ela for maior de idade, não vou poder segurar ela aqui.

Quando a moça me deu o dinheiro no hotel eu estava chorando pela burrice da Lindiane de ter pego todo dinheiro das minhas economias, e meu grande problema que eu fiz um empréstimo para ajudar no tratamento da minha comadre, mas eu estou pagando sozinha depois que o marido está com a nova namorada ela não deixa ele ajudar, o combinado era ele me dar um valor e eu o restante para pagar o agiota. Mas graças a Nathalia eu vou conseguir pagar esse mês, pois estava desesperada. O homem empresta o dinheiro, mas se não pagamos a situação fica feia.

Mais um dia de trabalho começa, mas sou chamada pelo meu supervisor na sua sala, coisa que raramente acontece, eu já trabalho lá no hotel anos, e já sou a camareira da suíte presidencial, o que pra mim é muito bom, pois ganhos mais e ás vezes algumas gorjetas, ou algum presente que o hospede deixa pra gente. Vale lembrar que as vezes o presente não é bom. Entro na sala do homem, e lá esta ele todo alinhado como sempre, me olha serio e pede para que eu me sente.

- Fátima, sei que esta com a gente a muito tempo – eu o olho desconfiada – Mas o dono do hotel pediu para que te desligasse do seu cargo.

- Mas eu não entendo, o dono ele nem me conhece – eu não entendo nada – O que eu fiz de errado, sabe que não posso perder o emprego.

- Eu sinto muito, mas um hospede reclamou de você, que você chamou a namorada dele de garota de programa e ele ficou furioso e pediu para que te demitisse.

- Mas eu não chamei, eu juro, eu não iria ofender uma hospede.

- Eu sei Fátima, mas não posso fazer nada são ordens lá de cima, sinto muito – ele me olha com pena – Nós vamos fazer o seu acerto, tudo direitinho, ele queria que te mandasse por justa causa, mas eu sei que você vai precisar até encontrar outro emprego.

- Não tem o que fazer não é mesmo? – ele nega com a cabeça – Então tudo bem. Obrigada. Adeus – ele vem e me abraça e sussurra um adeus.

Pego minhas coisas me despeço dos colegas de trabalho, tantos anos aqui fiz muitas amizades de pessoas que guardarei no meu coração, e saio de lá com um vazio. E estranho quando saímos de um emprego parece que a rotina do dia a dia nos faz criar um vinculo tão grande com tudo ali, minha única reação é atravessar a rua e me sentar na areia da praia e ficar ali olhando o mar e pensando no que vou fazer da minha vida, as lágrimas rolam do meu rosto, e a pergunta que ronda minha cabeça. O que eu vou fazer da minha vida? Sei que na minha idade é difícil arrumar emprego. Mas eu não posso perder a minha fé, não posso.

Depois de um tempo ali, o sol forte que bate na minha cabeça, eu pego o ônibus e vou para minha casa. Acho que fiquei na esperança que me chamassem novamente, mas o fluxo do hotel continua, como se eu nem tivesse existido ali um dia, é a triste realidade. Ninguém é insubstituível. Hoje estamos aqui e amanhã não podemos mais estar.

- Já sofri muito na vida, passei por tanta coisa, perdi pessoas que eu amava, outras apenas me abandonaram. Mas eu continuo aqui e estarei firme, sempre por vocês. Mesmo que sozinha, eu estarei lutando. Por mim, por meus filhos. Não deixarei de lutar. Não vou. E não vai ser agora que eu vou cair, minha filha, não vou – estou em casa com a cabeça no colo da Lindiane, enquanto Ruan, Luana e Justine estão sentados no outro sofá me olhando com lágrimas nos olhos, enquanto estão aprendendo a ser forte e aprendendo que passamos por dificuldades na vida, mas não podemos perder a fé – Eu tenho Fé que tudo vai mudar, filha, eu tenho fé.

- Eu também mãe, eu também – Lindiane me diz com lágrimas nos olhos.

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