Os Gêmeos Desconhecidos: As Escolhas De Uma Mãe romance Capítulo 1603

"Astrid, posso te levar para vê-la?" Orlando olhou para o rosto pálido de Astrid, sem ter coragem de vê-la continuar daquele jeito.

Em vez de vê-la tão abatida, Orlando preferiu levar Astrid para junto de Rafaela.

Ver Rafaela seria melhor do que Astrid guardar todo aquele sofrimento para si.

Após um longo silêncio de vários segundos, Astrid levantou a cabeça.

"Está bem."

"Então vá se arrumar primeiro. Vou pedir para deixarem o carro pronto lá embaixo, e logo iremos."

......

Naquele momento, Rafaela estava em um hospital particular em Cidade J, organizado por Cleiton, rodeada pelos melhores especialistas em câncer de estômago. Cleiton havia providenciado para Rafaela os recursos médicos mais avançados disponíveis.

Rafaela, porém, estava deitada na cama, em sono profundo.

Ela passava poucas horas do dia acordada, e mesmo nestes momentos, mal conseguia manter os olhos abertos. Cleiton estava do lado de fora, ouvindo as palavras do médico ao seu lado.

Embora o médico tivesse usado o tom mais gentil possível, para Cleiton, soava doloroso.

Tomado pela emoção, Cleiton agarrou a gola do médico com força. "Como assim só restam alguns dias? Você não é o maior especialista nessa área? Como pode não haver mais esperança? Salve-a, salve-a, cure-a!"

"Sr. Brito, por favor, tente se acalmar. A doença de sua esposa está realmente muito avançada. Usamos todos os recursos possíveis, mas nada surtiu efeito para ela. Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance..." O médico lamentou, abaixando a cabeça.

Cleiton não conseguia acreditar.

"Não, você está mentindo, está mentindo para mim... Não pode ser, Rafaela não vai morrer, você está mentindo!"

Cleiton gritou, mas, de relance, percebeu uma silhueta parada não muito longe.

Num instante, a dor nos olhos de Cleiton se transformou em confusão, inquietação, desamparo.

Diante da porta fechada do quarto, Astrid apoiou a mão na maçaneta, sentindo o frio intenso do metal, tão gelado quanto seu coração naquele momento.

Após muito esforço para se recompor, Astrid finalmente abriu a porta.

O forte cheiro de antisséptico impregnava o quarto. Rafaela dormia profundamente, acompanhada por duas enfermeiras, que ao verem Astrid, discretamente saíram do quarto.

Cleiton e Orlando permaneceram do lado de fora.

A porta se fechou com um "clique", e dentro do quarto, restaram apenas Astrid, Rafaela e o som dos aparelhos médicos.

O barulho da porta não foi suficiente para acordar Rafaela, que continuou de olhos fechados. Astrid avançou, cada passo custando-lhe um grande esforço, até parar ao lado da mãe. Viu claramente o rosto de Rafaela, marcado pelo sofrimento, magro a ponto de ser irreconhecível.

Ao lado da cama, diversos equipamentos monitoravam Rafaela. No dorso da mão, as veias azuladas estavam à mostra, e o acesso para soro permanecia.

Astrid mordeu o lábio com tanta força que sentiu o gosto de sangue. Inconscientemente, estendeu a mão, querendo tocar Rafaela, mas não teve coragem: a mão ficou suspensa no ar, trêmula.