ALFA KARIM
Meus homens e eu vasculhávamos a floresta em busca de Laika. Eu não tinha descanso — e, embora Power insinuasse que o Bando Titã ou Khalid pudessem tê-la levado para lá —, eu não queria sequer considerar essa possibilidade. Sabia que voltar ao Bando Titã significaria salvá-los da tirania de Khalid e eu não queria mais me preocupar com eles. Mas, se minha mulher estivesse lá, então eu iria.
Justo quando eu estava prestes a desistir da busca, vi o xale dela caído na grama. Sabia que era dela porque eu mesmo o havia dado como presente. Olhei ao redor da área, e alguns dos homens que estavam comigo pararam atrás de mim, sacando suas espadas.
— Laika?! — Chamei, mas minha voz ecoou pela floresta, sem resposta alguma.
Estava tentando me comunicar com ela pela conexão mental durante toda a tarde, mas não ouvia nada. Começava a ficar agitado e furioso — mas, acima de tudo, eu estava com medo. Medo por Laika e medo do que ela poderia fazer. Da última vez que perdeu o controle de seus poderes, quase morreu — e eu não queria reviver aquilo. Não sabia se a ensinei bem o bastante sobre como controlar seus dons, mas confiava que agora ela era uma espadachim habilidosa. Porém, se Khalid estava com ela, então havia magia envolvida e isso podia levá-la a liberar seus poderes.
Fiz sinal para que meus homens seguissem por direções diferentes e a procurassem. Em segundos, toda a floresta ecoava o nome dela. Ela devia ter desmaiado em algum canto por ali. Eu queria acreditar nisso mais do que tudo — então mantive a esperança viva e continuei a busca. Pouco depois, encontrei também sua espada — foi quando tive certeza de que ela havia sido levada. Meus homens voltaram ao ponto de encontro, mas sem sinal dela.
— Vamos voltar ao Bando Titã pela manhã. Khalid está com ela. — Disse aos homens.
— Como podemos ter certeza de que ele a pegou? — Jago perguntou.
Lancei o xale dela para ele.
— O cheiro dele está por toda parte. Ele fez isso de propósito. Queria que eu soubesse que ela está com ele e o único lugar onde consigo imaginá-lo é no Bando Titã.
— Alfa Karim, desculpe a interrupção, mas há alguns homens querendo falar com você. — Disse um dos guerreiros.
— Não quero ver ninguém. Vão preparar suas espadas e machados de batalha. Temos uma luta feroz nos esperando pela manhã.
Os guerreiros começaram a recuar para o espaço que ocupávamos. Fui atrás deles — e, quando cheguei ao acampamento, vi três Alfas dos bandos aos quais havíamos mostrado benevolência. Olhei para eles, confuso, perguntando a mim mesmo o que faziam ali no meio da noite. Havia tanta coisa em minha mente que nem me lembrava dos nomes dos seus bandos.
— Alfa Karim. — Os três se curvaram.
— O que os trouxe aqui? — Perguntei.
— Somos seus aliados e viemos cumprir com nossa obrigação.
Balancei a cabeça.
— Agradeço a preocupação, mas esta não é uma guerra do Bando Titã. Esta é a minha guerra.
Já bastava o fato de todos os guerreiros do Bando Titã terem abandonado seu povo por minha causa. Não queria envolver mais homens nisso.
— Voltem para seus respectivos bandos, Alfas.
Eles trocaram olhares.
— Sabíamos que o senhor diria isso, Alfa Karim, mas já tomamos nossa decisão. Treinei oitocentos soldados a pé e trezentos cavaleiros. Alfa Zayne aqui treinou duzentos soldados a pé e quinhentos cavaleiros. Alfa Kala treinou quatrocentos soldados a pé e cem cavaleiros. O senhor tem mais de mil guerreiros. Não podemos simplesmente ficar sentados e vê-lo lutar sozinho. Foi o senhor quem nos deu ajuda. Não seu bando. — Disse um dos Alfas.


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