Para Sempre romance Capítulo 39

Lá fora, começou a chover de novo. Velozes, os pingos de chuva tamborilavam na superfície do riacho, criando pequenas ondulações. Pine City se parecia com Oak City, uma vez que em ambas as cidades nevava e chovia. O clima era sempre soturno.

Nigel repetiu sem pensar: "Aria... então você está dizendo que ama o Leo?"

"Sim, eu amo o Leo, e é por isso que estou tão cansada de você ficar me seguindo agora."

"Cale a boca, Aria", rebateu ele.

Perguntei ironicamente: "O quê? Não posso falar do Leo? Não posso falar que eu amo ele? Nos três últimos anos, a família Grayson cresceu por causa da ajuda da família Twilight. Com quem você pensa que está mexendo? Você só conseguiu tudo isso porque é uma cópia do seu irmão, e, ainda assim, ignorou e dispensou o amor que nem era seu pra começo de conversa. Que direito você tem de pedir pra se casar de novo?"

Agora, eu só queria me livrar daquele problema, só conseguia ser impulsiva.

Que se f*da esse casamento! Ele achou mesmo que eu não me machucaria ao ser maltratada?

Enquanto eu vivesse, seria impossível Nigel voltar a ficar comigo, impossível!

Minhas palavras devem ter sido rudes demais. Nigel cambaleou e sentou na beirada da cama. Ele esfregou as bochechas e perguntou com a voz rouca: "Mesmo que eu não me lembre dessas coisas, você nega a minha existência..."

Ele parou de repente e disse com tristeza: "Aria, você sabe mesmo como me machucar. Você se sente realmente satisfeita partindo meu coração desse jeito pra se vingar?"

O que ele disse me deu a impressão de que ele ainda se lembrava.

Eu não conseguia suportar vê-lo daquele jeito. Fechei os olhos e disse: "Eu não estou tentando me vingar".

Eu estava apenas dizendo a verdade.

Aquilo era bem menos da metade da dor que ele tinha me causado.

"O meu irmão, o Leo", disse Nigel de repente, com indiferença, "ele parece ser gentil com todo mundo, mas na verdade trata as pessoas com frieza. Ele é orgulhoso e distante demais. Ninguém consegue ser tratado de igual pra igual por ele, nem a filha adotiva da minha mãe, a Louisa. Aquela menina adora ele e seguia ele pra todo canto, mas o que ele fez? Mandou ela de volta pra casa só porque não amava ela. Se a Louisa dissesse alguma coisa e o Leo não gostasse, ele devolvia ela pra família Grayson e se recusava a falar com ela por anos".

"A Louisa gosta dele?", perguntei, surpresa.

Anteontem, ela viu Leo me abraçando...

Como ela deve ter ficado triste!

Tudo porque viu o homem que amava, que era indiferente, tomando a iniciativa de abraçar outras mulheres.

Mesmo que ele dissesse que ela era digna de pena, ainda era melhor do que não amá-la.

Nigel olhou para baixo, sua voz repleta de cansaço: "Todo mundo sabe que a Louisa gosta dele, até a minha mãe. Mas não importa o apoio das outras pessoas, elas não conseguem amolecer aquele coração de pedra. Você acha que o carinho que ele te deu há nove anos foi porque ele te amava?"

Fiquei atordoada e ouvi sua crueldade: "Ele só estava com pena de você".

Depois de uma pausa, ele desdenhou: "Não devia nem ser pena".

Desabei na cama, sentindo-me um pouco agitada.

Ao me ver daquele jeito, Nigel arqueou a sobrancelha e perguntou: "O que foi? Ficou triste?"

Fechei os olhos, querendo tirá-lo dali. Pedi: "Por favor, Nigel, vá embora. Você não precisa se preocupar com o passado, porque não existe passado nenhum entre a gente. E, mesmo se existir, foi só porque eu te confundi com o Leo".

Nigel ficou calado.

Houve um longo silêncio no quarto. De repente, perdi a paciência e gritei: "Você vai sair ou não? Você quer mesmo que eu dê um jeito nisso da pior forma possível? Ou você só quer me obrigar a sair daqui?"

Nigel parecia ser muito teimoso e continuou onde estava.

Eu o ressentia tanto que não conseguia perdoá-lo.

Mesmo tendo esquecido nosso passado, mesmo sendo inocente, eu ainda não tinha paciência alguma com ele.

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